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    José Aníbal

    Senador suplente (PSDB-SP), ex-deputado federal e ex-presidente nacional do PSDB

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    Gestos de grandeza de um Parlamento cheio de mazelas

    Os brasileiros querem confiar, acompanham cotidianamente o que se passa em Brasília, desejam que as notícias comecem a indicar um caminho virtuoso, propiciador de oportunidades e esperanças depois de anos de recessão, má gestão e corrupção endêmica. Não suportam mais as disputas políticas eivadas de oportunismos e interesses pessoais

    Os benefícios do Bolsa Família terão aumento médio de 12,5%, após dois anos de congelamento. É um número expressivo, mas inferior à inflação medida de maio de 2014 até aqui. Considerando o impacto maior da inflação sobre o preço dos alimentos, principal gasto dos que recebem o benefício, ainda será necessário um novo reajuste acima da inflação no ano que vem. Vamos conseguir? É cedo para avaliar. Mas certamente, se acontecer, será um indicativo de que estaremos no caminho certo: ajustar sem sacrificar os mais pobres. Enfatizo este desafio, de custo baixo e de resultados significativos para milhões de famílias de brasileiros, também pelo impacto positivo na atividade econômica.

    Comparativamente às desonerações bilionárias – irresponsavelmente promovidas por Dilma e sem qualquer resultado significativo quanto à competitividade – e renúncias fiscais, aos aumentos de salários no setor público, como nesta semana aos servidores do Judiciário, ao bilionário socorro aos estados, a atualização dos benefícios do Bolsa Família é quase pingo d’água.

    Vale destacar que cada real adicionado ao programa impacta a atividade econômica duas vezes mais que os aumentos para as categorias melhor remuneradas. Afinal, todo o benefício vai direto para o consumo.

    O Congresso tem votado projetos importantes. O Novo Simples Nacional, vinculando simplificações e desonerações à criação de empregos neste decisivo nicho da economia, deverá estimular a atividade econômica. Entretanto, estamos chegando ao momento mais desafiador para o novo governo e as forças políticas que lhe dão sustentação: a votação da PEC que estabelece teto para os gastos do governo e a Reforma da Previdência. São mudanças que não podem passar o ano, sob o risco de comprometer todo esforço para recuperação da atividade econômica, do investimento e do emprego.

    O governo Temer tem sido incansável no diálogo e no atendimento aos partidos e parlamentares quanto à participação em algumas áreas da gestão pública. Noutras, já deixou claro que a blindagem é absolutamente necessária para que se alcancem os resultados almejados. Ao mesmo tempo, o governo vai criando uma rede de sustentação para as urgentes e inadiáveis votações. O que se espera é que o Parlamento não perca o foco insistindo em procedimentos que, muitas vezes, produzem resultados negativos, quando não nefastos, travando o que lhe cabe fazer para sairmos da crise.

    Temos que estar muito atentos ao que esperam de nós os brasileiros que foram as ruas clamar por mudanças. Se elas não acontecerem, esta combustão espontânea certamente voltará com resultados imprevisíveis.

    Os brasileiros querem confiar, acompanham cotidianamente o que se passa em Brasília, desejam que as notícias comecem a indicar um caminho virtuoso, propiciador de oportunidades e esperanças depois de anos de recessão, má gestão e corrupção endêmica. Não suportam mais as disputas políticas eivadas de oportunismos e interesses pessoais. Querem, enfim, gestos de grandeza de um Parlamento cheio de mazelas, mas capaz de crescer e sintonizar com a sociedade em momentos cruciais. Este é um desses momentos.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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