Globo e Bolsonaro: tudo a ver!
A presença do "ultra-ultra-direita" Jair Bolsonaro na bancada do Jornal Nacional é um líbelo, uma louvação ao infortúnio desta contemporaneidade política e integralmente saída de nossa secular tradição golpista
A presença do "ultra-ultra-direita" Jair Bolsonaro na bancada do Jornal Nacional de ontem, 3a. feira, 28 de agosto de 2018, é um líbelo, uma louvação ao infortúnio desta contemporaneidade política e integralmente saída de nossa secular tradição golpista; esse ser totêmico, gigantesco, denso de transcendentalidade e imaginação e que, conforme se atesta com relativa facilidade, com vida e movimentos próprios. De longe, a principal instituição da cultura política nacional.
Ele, ali... Tão bem situado! Um milico velho, ultrapassado, com discurso crônico e absolutamente tardio. É como se estivéssemos nos píncaros da Guerra Fria. Pois bem, e o sujeito vocifera, berra, se exalta; ainda assim, as ideias não fluem e é preciso a 'grita', a imposição dos termos, o ardil do discurso e da narrativa ininterrupta, cansativa e boçal. Bolsonaro sequer respira...
Desta feita, a razoabilidade, como tinha de ser, se perde; a compreensão é notadamente prejudicada e o entendimento político é ferido de morte. O candidato não leva isso em conta. A cada questão feita pelos jornalistas uma nova e dura ameaça, um atentado, uma importunação descabida.
Seu rosto conta; seus traços faciais tensos e rijos o denuncia notavelmente; o olhar fixo e disciplinador revela seu mal-estar e o tempo... O maldito tempo do relógio, simplesmente, não passa.
O desmantelo é visível Nem mesmo a experiência do 'âncora', o sempre sóbrio e seguro, Willian Bonner, é capaz de garantir condução essencialmente didática e jornalística para esse inusitado encontro.
O pior da sabatina, o bem pior de tudo o que se procedera ontem e estranhamente, não foram as questões, as indagações que foram dirigidas ao Capitão Bolsonaro e que, como bem se viu, não foram respondidas. O bem pior fora a mulher e que lá se encontrava; não casualmente, a mesmíssima "mulher e que deve ganhar menos do que o homem"; que "não merece ser estuprada por isso e por aquilo", que "depois de uma fraquejada, simplesmente, nasce".
O pior de ontem, tinha nome, se chamava Renata, aliás, "Re/Nata" é a que "nasce duas vezes". E a jornalista, de algum modo, renasceu. Viveu-se ontem uma dessas ironias e que o sempre conflituoso mundo da política não cansa de nos armar; por algum instante nos sentimos contemplados na severidade e nas investidas de Renata Vasconcelos contra os despautérios de Bolsonaro.
Logo ela que sempre vocaliza tão bem os interesses dos "donos do poder"; as narrativas dos brancos da "casa grande"; as posições dos que atualizam a miséria brasileira. Isso mesmo... Dali veio um baita "chega pra lá" na marcha fascista representada por Jair Bolsonaro.
Pois bem... Coisas da política. Por isso é preciso tomar tanto cuidado; saber se posicionar, entender cenários, relações e interesses para, em seguida, tomar parte e proveito em favor da causa maior: o combate duro e intermitente ao fascismo e às suas multi-formas.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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