Golpe após golpe. Uma breve história
A história do Brasil pode ser lida através de seus golpes
A história do Brasil pode ser lida através de seus golpes. Poderíamos estar andando pelado por matas verdejantes, mares cheios de vida e sem poluição e frutas a perder de vista. Talvez tivéssemos falando uma das 1.200 línguas indígenas como guajajara, sateré-mawé, xavante, yanomami, terena, macuxi, kaingang, ticuna e guarani. Tudo começa com a invasão portuguesa, que roubam nossas pedras preciosas, árvores nativas, mulheres e transformam o país prisão, como feito na Austrália pela Inglaterra. Há quem diga que os Fenícios estiveram aqui, mas pouco vilipendiaram as terras.
Com a Coroa portuguesa em terras brasileiras até os dias de hoje, tivemos seis constituições. 1891, 1934, 1937, 1946, 1967 e 1988. Esta última sofre para continuar relevante perante as ameaças da extrema direita religiosa. As pautas que reconhecem direitos civis através dos tempos tem sido melhorada, porém, divergem ideologicamente de conservadores que preferem que se mantenham apenas por capricho do que realmente para que servem realmente. Afinal, o Estado reconhece o casamento homoafetivo para fins legais, ou seja, dar direitos a divisão de bens. Para fins religiosos, cabe a instrução de cada igreja. Veja que existe diferença.
A vontade do golpe do dia 08/01, era de fechar o congresso, dissolver o STF e colocar os tanques nas ruas. Mas o Brasil já teve o congresso fechado por seis vezes. 1891, 1930 até 34, 1937 até 46, 1966, 1968 até 69, 1977 e 2016. Todas impetradas de forma arbitrária para garantir o golpe. Lembrando que o último, contra a presidenta Dilma Rousseff, tivemos o apoio de todas as instituições para derrubar e empossar aquele que era mais simpático ao mercado: Temer. Quem não lembra da famosa frase de Romero Jucá que falava que era um acordo, botar o Michel, num grande acordo nacional, com o Supremo, com tudo.
Tivemos 13 presidentes que não concluíram o mandato, entre eles, Deodoro da Fonseca, Afonso Pena, Júlio Prestes, Getúlio Vargas, Jânio Quadros, João Goulart, Tancredo Neves, Fernando Collor e Dilma Rousseff. O primeiro presidente da recém-criada república renunciou por falta de apoio político, e Afonso Pena em protesto contra a dissolução do Congresso Nacional pelo próprio marechal Deodoro. Rodrigues Alves, em seu segundo mandato, faleceu por gripe Espanhola e Tancredo Neves, símbolo da nova república mal assumiu por ter falecido antes da posse. Já Júlio Prestes e João Goulart ganharam, mas não assumiram. Coisa que Bolsonaro queria fazer. Fernando Collor, depois de muita corrupção, foi dado impeachment. E o golpe contra Dilma, com todo poder contra seu mandato. Lembramos que Sérgio Moro ajuda esse grupo a impedir que Lula se candidatasse, através de uma ação que foi toda anulada e permitiram a ascensão de Bolsonaro e vendendo tudo que podia.
A dimensão de 13 presidentes que não concluíram o mandato, não se compara a 31 presidentes que tomaram posse sem serem eleitos diretamente. Essa dimensão é o drama real da manutenção a força de regimes burgueses que não conseguem uma unanimidade popular, por representarem atraso, manutenção do coronelismo, agenda liberal e verdadeira submissão ao colonialista. Aos moldes de resistência armada e revoltas contra essas fraudes eleitorais, tivemos também 31 movimentos de guerrilha entre 1889 e 1976. Hoje, o país sofreu durante quatro anos, mas através das instituições, hoje mais fortes, o país não foi totalmente dilapidado.
Bolsonaro conseguiu acabar com a cultura, com a saúde pública, patrimônio público, mas não conseguiu acabar com a memória da população. A última instancia de destruição da extrema direita é a nossa história, e isso salva vidas.
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