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    Aloizio Mercadante

    Presidente do BNDES

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    Golpismo ou esperança

    "É evidente que Bolsonaro aposta no golpe porque sente e sabe que será derrotado em uma disputa democrática", escreve o ex-ministro

    Bolsonaro e Lula (Foto: Isac Nóbrega/PR | REUTERS/Washington Alves)

    Por Aloizio Mercadante 

    A campanha de Bolsonaro aposta abertamente em duas táticas para o pleito de outubro. Uma, que incorpora o Centrão e alguns atores políticos menos radicalizados, é tentar disputar as eleições com a pesada herança de um governo sem entrega. A outra, que aglutina o clã familiar e a base mais fanática e autoritária do bolsonarismo, é a de preparar o terreno para o “projeto Capitólio” e tentar um golpe.

    Entretanto, toda vez que  Bolsonaro decide, entre uma e outra motociata, ele prioriza o golpe e abandona a estratégia eleitoral. Um exemplo disso foi a indicação do vice, uma vez que havia uma proposta para que a chapa bolsonarista fosse composta por uma mulher do agronegócio e do núcleo político do governo, mas ele optou mais uma vez por um general.

    É evidente que Bolsonaro aposta no golpe porque sente e sabe que será derrotado em uma disputa democrática. O antibolsonarismo está cada vez mais forte e consolidado em razão do negacionismo, da inflação, da recessão, do ataque permanente aos direitos humanos e às minorias, do discurso do ódio que resultou no assassinato do nosso companheiro Marcelo Arruda, do assédio a mulheres pelo ex-presidente da Caixa, dos graves indícios de corrupção no MEC e na Codevasf, no orçamento secreto, enfim, por um governo que não tem nenhuma realização relevante para apresentar ao povo brasileiro.

    Bolsonaro precisa, pelo menos, chegar ao segundo turno para desenhar a aventura golpista. Isso porque, no primeiro turno, nós temos, além da eleição presidencial, a dos 27 governadores, dos senadores, dos deputados federais e dos deputados estaduais, o que torna muito difícil qualquer tipo de turbulência ou questionamento. A narrativa golpista fantasiosa e grotesca de Bolsonaro precisa tentar levar as eleições ao segundo turno e a partir daí, diante de uma derrota evidente, tentar avançar com a tentativa de golpe. 

    Acontece que o Sete de Setembro do ano passado, quando Bolsonaro ameaçou romper com o pacto democrático e pregou abertamente a seus fanáticos a invasão do Supremo Tribunal Federal, foi um retumbante fracasso. Na ocasião, o ex-capitão sentiu a pressão das instituições e foi obrigado a recuar.

    No mesmo sentido, a tentativa recente de construir uma narrativa golpista para embaixadores, no Palácio da Alvorada, foi grotesca e uma tragédia política. Além de todas as carreiras de Estado e de diversas entidades da sociedade civil terem se manifestado contra essa nova patuscada bolsonarista, a repercussão internacional foi devastadora, a ponto dos Estados Unidos, do Reino Unido e de outras diplomacias europeias se manifestarem abertamente a favor da lisura do processo eleitoral brasileiro, aprofundando o imenso isolamento de Bolsonaro no concerto das nações. 

    Ao mesmo tempo, todas as ações de governo estão indo na direção de deixar um cenário de terra arrasada para o próximo governo, uma completa falta de compromisso com o futuro do país e uma irresponsabilidade fiscal absoluta. Esse mesmo governo que tinha pedalado os precatórios com a justificativa de que não tinha dinheiro para pagar, de repente faz uma série de projetos eleitoreiros, violando totalmente as regras da disputa eleitoral, despejando dinheiro de forma ilegal a dois meses das eleições. 

    Para manter essa estratégia, Bolsonaro entregou o orçamento para o Centrão por meio do esquema secreto, sendo R$ 42 bilhões de investimento e R$ 37 bilhões de emendas parlamentares. Além disso, não há nenhum projeto estruturante, alguns ministérios estratégicos, como o da Educação, vivem um colapso institucional, e a Saúde vive um descalabro, com desperdício de dinheiro com a finalidade única eleitoral. 

    Em paralelo, enquanto Bolsonaro segue dividido entre essas duas táticas, perdido diante de uma inexorável derrota que se aproxima, a candidatura Lula-Alckmin é a única que segue percorrendo o país, mergulhando no Brasil profundo, ouvindo a sociedade, realizando grandes atos de massa e escutando, mobilizando e conscientizando o povo. É a única candidatura também que segue ampliando o leque de alianças e apoios, a exemplo de um setor importante do MDB que pode chegar a 13 estados e que iniciou um processo de disputa interna para apoiar o Lula.

    O mesmo acontece no PP e no PSD em que houve um racha do setor do agro moderno e comprometido com a responsabilidade social e ambiental, além do recente encontro com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e com líderes do PSDB. Diversos atores do espectro político já se manifestaram em direção a Lula, sem falar na frente de esquerda que dirige todo esse processo. Da mesma forma, a cantora Anitta e um amplo e poderoso movimento da cultura estão em favor de Lula. 

    Por isso, de um lado nós temos a campanha de Bolsonaro esquizofrênica e desesperada. Uma campanha dividida que prioriza construir uma narrativa golpista para uma eleição que eles sabem que vão perder.

    Do outro, temos a força da campanha de Lula que já está nas ruas, estruturada com palanques consistentes em todos os estados do país. Uma campanha de esperança, liderada por Lula, que nunca saiu do coração do povo, o melhor lugar para se fazer uma disputa política. Uma campanha que emociona, mobiliza e organiza e que avança para eleger um metalúrgico presidente pela terceira vez na história do Brasil, dando início ao processo de reconstrução do Brasil. 

     

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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