Guerra santa?
Este cristianismo de influência americana está com o sinal trocado. A vítima é a Palestina
Lamentavelmente, os bolsonaristas não se conformam com a derrota , a inelegibilidade e as falcatruas de seu líder, devidamente acolitados por pastores e crentes fundamentalistas. E há os aproveitadores querendo abocanhar os votos de Bolsonaro e de sua política para a próxima eleição. Não há nada de santo ou justo nessa manifestação do dia 25 de fevereiro.
Tratou-se de um ato político destinado ao público interno do círculo bolsonarista, e uma tentativa de Bolsonaro fazer o que não fez na Polícia Federal, onde ficou calado, durante a meia hora que lá passou. Ou seja, falar de sua participação nos atos golpistas de 8 de janeiro. Querendo ou não, assumiu o seu conhecimento da minuta golpista, amplamente documentada pela imprensa e pela Polícia Federal. Declarações que serão adensadas aos processos contra ele.
O ato pode ter tido repercussão política entre os fiéis da igreja bolsonariana, sobretudo mostrado nas redes sociais. Mas do ponto de vista criminal e jurídico só pode complicar mais a vida do ex-presidente. Os crentes dessa igreja sempre foram a favor do Estado de Israel e de sua política sionista. Nada os fará mudar de opinião. São também anti-lulista e continuarão a votar contra o PT.
O beneficiado com este ato é o pretenso sucessor de Bolsonaro, Tarcísio de Freitas, que vai tentar disputar a presidência com Lula em 2026. Ele quer o apoio de Bolsonaro e os votos de seus fiéis seguidores. Resta saber se o chefe da horda vai apoiá-lo, pois ele tem asas para voar sozinho. O ato do dia 25 teve tudo parecido com as manifestações evangélicas cada vez mais frequentes, mas que de religioso não tem nada. Mas como manifestação de força, sim.
Temas como o aborto, casamento gay, a defesa de Israel vão invadir a a agenda política de 2026 e poluir o debate político, confundindo a cabeça dos eleitores. Não está claro para muitos que há uma tentativa de atacar a República com tão somente intromissão religiosa, com temas que pertencem ao direito civil ou de família. Mas não à política republicana como tal. O Estado brasileiro é laico e deve continuar assim, sob pena da perseguição de minorias ou grupos sociais específicos.
As relações diplomáticas nada têm a ver com as igrejas, como aliás o protestantismo é diferente do judaísmo. A não ser que haja uma modalidade de cristianismo sem Cristo. Só com Abraão, Moisés, David e Salomão. Por fim, Jesus Cristo não era judeu, era palestino.
Este cristianismo de influência americana está com o sinal trocado. A vítima é a Palestina. O algoz é o estado de Israel, que não representa o judaísmo e sim um projeto de expansão militar e territorial sobre as terras dos palestinos, como mostram os planos de Israel para a Faixa de Gaza, depois da Guerra.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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