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    Denise Assis

    Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".

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    Há projeto e dinheiro por trás do influencer mais votado de SP

    "Bem-posicionados empresários apostam nesses jovens como donos de galo de rinha", escreve Denise Assis

    Nikolas Ferreira e Lucas Pavanato (Foto: Reprodução/Instagram/@lucaspavanato)

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    “Vereador mais votado em SP se espelha em Nikolas e quer CPI das ONGs”, diz a manchete do portal Metrópoles, seguida da linha fina (chamada de página): “Ao Metrópoles, Lucas Pavanato (PL) disse que ‘a direita veio para ficar’ e que quer ‘pôr o dedo na ferida’ de movimentos sociais”.

    Pavanato recebeu 161.386 votos e tem 1,3 milhões de seguidores no Instagram. Mas não se enganem. Por trás dos “jovens talentos”, promissores quadros da ultradireita, há mais do que bem-sucedidos “influencers”, que nas eleições conseguem um caminhão de votos, como se fenômenos fossem.

    A mídia estampa as suas fotos, com estardalhaço, como se do nada fosse possível formar “quadros” fascistas bem articulados que conseguem chegar lá, onde podem influir e mudar, de fato, o rumo das coisas: a Câmara Municipal, a Assembleia Legislativa, o Congresso.

    Há projeto por trás disso. E dinheiro também. O rosto imberbe, o corte de cabelo “da moda” e o discurso carregado de pautas de costumes, defesa da “família” e da “liberdade de expressão” (seja lá o que isto signifique para eles) mobilizam endinheirados que, em busca da manutenção dos seus privilégios e de ver chegar ao poder um novo “Jair” – ou o velho mesmo, a partir de um projeto anticonstitucional de “anistia” –, mais turbinado (acharam pouco tanto negacionismo, terror, grosserias e isolamento internacional), investem pesado nesses “dentes de leite” da política, aspirantes ao fascismo.

    Como anda tudo junto e misturado, conforme tenho repetido, o “empurrão” para o palco iluminado da política vem de empresários que planejam e sonham com um país à direita, mas preferem ficar nas sombras, deixando sob os holofotes os seus “mascotes”. Uma pesquisa breve nos leva aos patrocinadores que bancaram as candidaturas através de razoáveis – levando-se em conta que são debutantes – doações. Vejam a lista dos padrinhos de Pavanato:

    - Direção Nacional - Partido Liberal

    R$ 1.000.000,00

    92.79%

    08.517.423/0001-95

    Quantidade: 1

    - HELIO SEIBEL – Grupo Ligna

    R$ 20.000,00

    1.86%

    533.792.848-15

    Quantidade: 1

    - OTTO RUDOLF BECKER VON SOTHEN – dono da Tigre S.A

    R$ 20.000,00

    1.86%

    708.432.957-91

    Quantidade: 1

    - TIAGO GUITIAN DOS REIS

    R$ 10.000,00

    0.93%

    346.603.368-32

    Quantidade: 1

    - JEAN FELLIPH SEREN FRANCO

    R$ 9.000,00

    0.84%

    228.402.018-60

    Quantidade: 2

    - ANDREIA SANTOS DE SOUZA

    R$ 5.000,00

    0.46%

    291.020.318-25

    Quantidade: 1

    - CLETO WEBLER

    R$ 5.000,00

    0.46%

    881.193.279-34

    Quantidade: 1

    - VINICIUS PEREIRA ANDRADE

    R$ 4.000,00

    0.37%

    472.747.848-03

    Quantidade: 1

    - PEDRO HENRIQUE RIBEIRO DA PAZ

    R$ 1.400,00

    0.13%

    519.408.708-01

    Quantidade: 1

    - LUCAS PAVANATO DE OLIVEIRA

    R$ 1.258,34

    0.12%

    441.277.178-40

    Quantidade: 2

    - SYRLEZE PROCOPIO DA SILVA

    R$ 1.000,00

    Esses bem-posicionados empresários apostam nesses jovens como donos de galo de rinha. Colocam-nos na arena e observam à distância, sem sujar as mãos.

    Lucas Pavanato, em entrevista ao Metrópoles, afirmou “dividir princípios” com Nikolas e tê-lo como um “amigo”. Mas marca diferenças entre ambos: diz que tem personalidade “distinta” do parlamentar e rejeita a alcunha de “Nikolas de São Paulo”, sem negar a proximidade entre eles. “É uma referência para mim, e quero um dia chegar perto do que ele fez em Minas Gerais”, disse ao Metrópoles.

    Justifica o alto índice de votos pela forte presença do conservadorismo em São Paulo. “Então, por se identificarem com seus princípios conservadores, a população paulistana deu o recado de que a cidade está virando mais para a direita, hoje ela é uma cidade mais conservadora, e para pessoas que não gostam do nosso posicionamento político, não gostam do nosso jeito de fazer política, elas vão ter que aceitar, porque a direita veio e veio para ficar”. Isso é o que veremos no final do segundo turno, quando Guilherme Boulos, do PSOL, decide a prefeitura com Ricardo Nunes, do MDB.

    Em sua entrevista ao Metrópoles, Pavanato disse que, em seu primeiro dia na Câmara, abrirá uma ofensiva contra a atuação de ONGs e movimentos sociais por moradia, mais identificados com a esquerda. “Meu projeto, que coloco como mais importante, seria a CPI das ONGs para investigar para onde está indo esse dinheiro e por que tanta grana não resolve o problema”.

    “Além disso, colocaria a CPI das Invasões para investigar movimentos que apoiam o candidato Guilherme Boulos (PSOL) e exploram pessoas. Muitas vezes, cobram aluguel ilegal dessas pessoas dentro de prédios que nem lhes pertencem, e ninguém nunca teve coragem de colocar o dedo nessa ferida. Eu vou fazer minha parte para que isso aconteça”, afirmou o vereador eleito.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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