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    Helena, o PT e a Secom: bastidores

    E a declaração de André Vargas revela a "cortesia" com que o governo trata seus ex-colaboradores

    A presidente Dilma Rousseff deu início à reforma ministerial. Pretende consolidar o apoio partidário ao projeto da reeleição. Assim, por enquanto, mexeu apenas em postos do PT.

    Mas com o habitual rastro de histórias complicadas que as mexidas dentro do partido costumam produzir.

    A mais recente foi a demissão da jornalista Helena Chagas da Secom, Secretaria de Comunicação Social.

    Essa troca não estava prevista para este momento, mas a ministra Helena Chagas foi surpreendida pelo vazamento da notícia da sua demissão em função discutida "escala técnica" em Portugal do Aerolula, na rota Davos-Havana.

    Irritada, Helena Chagas entregou a carta de demissão na quinta-feira à tarde.

    Vamos aos pormenores do episódio. Ele é tremendamente elucidativo como funcionam as coisas no sub-mundo das "comunicações" internas dentro do partido

    Na quinta-feira, Helena Chagas, surpresa, leu na "Folha de S.Paulo" a notícia de sua demissão. Ligou para a senhora presidente, que chamou Helena ao seu gabinete e negou que tenha autorizado o vazamento da decisão. Pediu que a ministra não confirmasse a saída e ficasse no cargo até a formalização da mudança.

    A ministra, naturalmente irritada com o vazamento, e já sabendo que ela estava na cota das cabeças que seriam cortadas, obedeceu e continuou cumprindo a agenda.

    Entre um compromisso e outro, comentou com assessores que foi deselegante o vazamento da mudança na Secom. A avaliação de setores do Planalto é que o episódio de Portugal não foi decisivo para a substituição. Outro grupo, no entanto, considerou-o a gota d'água.

    As polêmicas em torno da viagem a Portugal se deram não só pelo gasto com hotéis de luxo para mais de 40 pessoas ficarem em Lisboa por menos de 24 horas, mas também pela postura da Presidência de manter em sigilo a agenda da senhora presidente em Portugal, só tornando-a pública no dia seguinte, domingo, depois que foi revelada pelo jornal O Estado de S. Paulo.

    Em novembro do ano passado, em meio a críticas do PT à sua atuação, Helena já colocara o cargo à disposição. Ela esperava deixar o governo na reforma ministerial, mas Dilma não lhe confirmou essa decisão.

    Em uma das reuniões do presidente do PT, Rui Falcão, com a bancada e integrantes do Diretório Nacional, para discutir saídas para a crise depois das manifestações de junho, houve um debate sobre pontos fracos na equipe ministerial, com críticas à comunicação do governo e da senhora presidente.

    A reclamação era em relação à pequena margem de financiamento dos chamados "blogs sujos", que fazem o enfrentamento com a mídia tradicional e atacam a oposição.

    — A comunicação do governo é uma porcaria! O governo não tem a estratégia de comunicação nas redes sociais. O Lula mantinha uma canalização de recursos para alguns blogs, (os "sujos" ?) mas a Dilma cortou tudo — reclamou naquela reunião o vice-presidente da Câmara, André Vargas, do PT do Paraná.

    Na época, Vargas desmentiu as críticas, mas nesta quinta-feira, diante da notícia da saída de Helena Chagas, disse ao O Globo:

    — Não gosto dela. A Helena foi pro pau! Beleza.

    P.S. - Nada temos contra a provável substituição de Helena Chagas pelo jornalista Thomas Traumann. Sempre o respeitei como um dos mais sérios e competentes profissionais do ramo. Espero não estar errado nessa avaliação.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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