Heleno, que tal ser processado por Lula?
E é de bom tom que o general Augusto Heleno, Sérgio Moro, Deltan Dallagnol, Luiz Fux e o presidente Bolsonaro, guardem lotes de serenidade e temperança para as próximas semanas. Elas prometem. Esmurrar mesa? Gritar impropérios? Só no ato final. Porque há que se preservar os dedos. E preservar as cordas vocais
O ministro do Gabinete de Segurança Institucional general Augusto Heleno deu patética mostra de seu desequilíbrio emocional. E foi além: espumou de ódio, reagiu com fúria insana, esmurrou a mesa, rodou a baiana, esbugalhou os olhos, entortou a boca, subiu nas tamancas, caprichou o timbre vocal, deu piti qual adolescente enfezado com o pai, mostrou destempero no pior estilo Olavo Carvalho, sinal de que o astrólogo da Virginia faz escola junto ali no entorno do presidente Bolsonaro.
E sabem qual o motivo do fatídico rompante do Heleno? A declaração do ex-presidente Lula, em entrevista à TVT, de que teria "alguma coisa muito estranha" na facada recebida por Bolsonaro durante a campanha em 2018. Como se somente o Lula tivesse tais suspeitas! E se o general reagir de forma figadal — grosseira e leviana — como reagiu hoje cedo, sempre que alguém verbalizar dúvidas quanto a tal facada não tarda a ser vitimado por um infarto do miocárdio ou qualquer outra grave enfermidade.
Penso que dezenas de milhares de pessoas no Brasil e até em muitos outros países vêem o episódio da facada como vil engodo, torpe empulhação. Outro contingente cai mais longe e trata a facada como não mais que o desenrolar de trama diabolicamente urdida para vitimizar Jair Bolsonaro, e de quebra, lhe dar justificativa razoável à sua ausência em debates televisivos juntamente com Fernando Haddad e outros postulantes menos cotados ao Palácio do Planalto. Se fosse aos debates seria tratorado como pigmeu intelectual que é. E nesses primeiros meses de seu mandato já deu sobejas provas das imensas limitações intelectuais que lhe tolhe a acuidade mental e emperra seu raciocínio.
Esse articulista mesmo pensa igualzinho ao ex-presidente quanto à ocorrência ou não da facada. Que ninguém viu sangue, isso é bem verdade. E mesmo o alvoroço do momento nos pareceu muito bem controlado como vemos vídeos e imagens daquela estranhíssima noite dão conta na pasmacenta cidade mineira.
Por pensar como o líder petista nem por isso admitiria ser destratado pelo general Heleno com as expressões virulentas e caluniosas com que atacou o maior líder popular que este país já teve no último meio século — "desonesto", "canalha". Torço para que o ex-presidente o processe, leve-o à Justiça para que prove essas acusações e ainda pleiteie uma indenização de exatos R$ 22 milhões a título de indenização por tentar lhe macular sua honra. É o mínimo que Lula pode fazer. E abundam provas dos sortilégios e vitupérios vomitados pelo chefe do GSI — videos e fotos, áudios e testemunhas oculares também. O tipo de causa fácil de ganhar.
"Um presidente desonesto tinha que tomar uma prisão perpétua", bradou Heleno, com dedo em riste", gritou; "Isso é uma canalhice típica desse sujeito. Não mereceu jamais ser presidente da República. Eu tenho vergonha de um sujeito desses ter sido presidente da República".
Quem é Augusto Heleno para destratar assim um ex-presidente da República da magnitude moral de Lula da Silva? Eleito e reeleito duas vezes, terminou o segundo mandato com a maior aprovação popular jamais auferida por um presidente brasileiro, e mais, elegeu e reelegeu o sucessor e, diga-se, só não voltou para cumprir mais quatro anos como Presidente do Brasil devido ao conluio e a conspiração urdida pelo então juiz paranaense Sergio Moro que o condenou sem provas e que por fazer o trabalho sujo que fraudou as eleições de 2018, feriu a democracia brasileira, foi agraciado como cargo de ministro da Justiça e promessa de no futuro integrar o nosso Supremo Tribunal Federal. É disso que trata o ódio do general a Lula: a farsa do Moro com o procurador Deltan Dallagnol foi exposta à luz do dia. Farsa que fede e infecta o tecido da nacionalidade, o exercício da magistratura. E corrompe nosso estado democrático de direito.
Quem é o general Augusto Heleno? Aquele senhor dado a esmurrar a mesa do café da manhã na presença de um presidente da República? Aquele militar que não transmite segurança nem emocional nem institucional?
E é de bom tom que o general Augusto Heleno, Sérgio Moro, Deltan Dallagnol, Luiz Fux e o presidente Bolsonaro, guardem lotes de serenidade e temperança para as próximas semanas. Elas prometem. Esmurrar mesa? Gritar impropérios? Só no ato final. Porque há que se preservar os dedos. E preservar as cordas vocais.
Afinal, Watergate, Pentagon Papers, Wikileaks, Snowden... A história também é feita de vazamentos que deram origem a grandes investigações jornalísticas e revelações necessárias à sociedade. Em nenhum desses casos, a preocupação sobre como se chegou a esses dados se sobrepôs aos dados em si.
E não haverá Rede Globo que os salve. A bolha, general, foi furada. E tudo agora repercute segundo a teoria dos vasos comunicantes:
The New York Times, Le Monde, The Intercept, El País, Brasil 247, The Economist, L'Express, The Guardian, Der Spiegel, Washington Post, Tijolaço, Times of India, Pravda, Los Angeles Times, Carta Maior, Frankfurter Algemeine, Liberatión, DCM, Corriere de la Sera, O Público.
E quem apresenta os vazamentos tem comprovada expertise no fazer jornalístico, sabe a amplitude dos temas, coordena o timing, conhece as personagens, entende de contextualização, cativa a atenção, cria o suspense. Mas acima de tudo Glenn Greenwald oferece aulas de bom jornalismo a cada lote de mensagens que libera ao ansioso público.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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