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    Mauro Nadvorny

    Mauro Nadvorny, é Perito em Veracidade e administrador do grupo Resistência Democrática Judaica". Seu site: www.mauronadvorny.com.br

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    Holocausto

    Ao final da guerra, 6 milhões de judeus haviam sido mortos, entre eles, 1,5 milhão de crianças

    (Foto: Yad Vashen Archives/Via Reuters)

    Muitos antissemitas acusam os judeus de tentarem monopolizar o Holocausto, como se outros não tivessem perecido na segunda grande guerra mundial. Quem faz esta afirmação não tem a menor ideia do que está falando. Por isso, hoje vou tentar colocar um pouco de ordem nesta história.

    Sim, é verdade que os nazistas mataram também ciganos, comunistas, LGBTs, deficientes e membros de outras minorias. Também é verdade que o número total de mortos é algo entre 70 e 80 milhões. Neste número estão incluídos mais de 20 milhões de soviéticos. Estes números incluem soldados, civis e outros em decorrência da guerra. Em todos os países envolvidos no conflito existem vítimas. 

    Aqui a primeira lição: a guerra envolveu países, Israel não era um país. Os mortos eram soldados e/ou cidadãos de países que combateram os alemães, ou se aliaram a eles. Foram 2000 brasileiros que perderam a vida. Sim, o Brasil entrou na guerra.

    Os nazistas criaram vários tipos de campos: de prisioneiros, de concentração e de extermínio. Os campos de prisioneiros, como o próprio nome diz, abrigavam combatentes capturados em batalhas, ou que se renderam. Os campos de concentração abrigavam civis para trabalhos forçados. Já os campos de concentração serviam para exterminar pessoas.

    Os nazistas resolveram que os judeus do mundo inteiro teriam o que denominaram de “Solução Final”. Criaram uma indústria para exterminá-los da face da terra. Tudo foi planejado para funcionar metodicamente de maneira a matar o maior número possível de homens, mulheres e crianças no menor tempo possível. Havia o transporte, chegada, preparação, entrada nas câmaras de gás, recolhimento dos corpos e sua incineração. Isto é o que acontecia nos Campos de Extermínio. Trabalho industrial.

    Ao final da guerra, 6 milhões de judeus haviam sido mortos, entre eles, 1,5 milhão de crianças. Parte da minha família entre eles. Se salvaram antes da guerra, minha avó materna com seu marido e um de seus irmãos. Depois da guerra encontram um sobrinho e ninguém mais.

    Nunca antes na história da humanidade houve algo assim. Nunca um regime criou uma máquina de matar voltada a extinguir da face da terra uma população dispersa pelo mundo. Os judeus não tinham seu país, eram parte das populações de diversos países e onde se encontravam foram perseguidos para abate pelos nazistas.

    Para este acontecimento, único e indescritível não existia uma palavra que o pudesse descrever. Assim foi denominado de Holocausto. Ela significa tudo o que aconteceu, ela não pode ser utilizada para nenhum outro acontecimento pela simples razão de que nada se iguala a ele. Não dizemos Holocausto Judeu, a simples menção da palavra significa a tragédia judaica na segunda guerra.

    Os alemães se achavam uma raça superior, mas não pretendiam exterminar outros povos além dos judeus. Não havia uma máquina trabalhando para aniquilar membros de outras minorias. Ao invadirem um país, os alemães perseguiam os judeus e não membros de outras minorias.

    Outra grande mentira disparada pelos antissemitas é de que o Holocausto foi a razão da criação do Estado de Israel. Ora o movimento sionista surgiu no século XIX, antes ainda da primeira grande guerra mundial. O Holocausto ajudou na luta pela criação e independência do Estado de Israel, sim contribuiu também, mas não foi o acontecimento derradeiro.

    É por tudo isto que nós não apreciamos quando se tenta banalizar o Holocausto. Praticamente não existe família judaica no mundo que não tenha perdido parentes mortos pelos nazistas. Não aceitamos que o termo seja comparado a outros acontecimentos, pelas razões expostas acima. Holocausto nunca mais.

    Existe uma prática abominável de antissemitas tentarem equiparar o termo com a tragédia de outros povos, como a do povo palestino com a qual me solidarizo completamente. Alguns comparam sionismo a nazismo e gritam sobre o Holocausto Palestino. No fundo é o ódio aos judeus, o mesmo ódio que levou um idiota ao poder e depois a uma guerra com todas as consequências conhecidas.

    Nestes últimos dias houve um surto de manifestações antissemitas por influencers e políticos. Em comum a defesa de uma pessoa ser nazista. Todos tentaram remediar o que disseram. Alguns negando que sejam nazistas ou antissemitas, outros alegando seu apoio incondicional ao Estado de Israel. Para um deles a culpa foi do álcool. Em comum o fato de que suas manifestações foram amplamente combatidas por entidades judaicas e não judaicas. A sociedade já consegue discernir o que existe por trás de tais afirmações.

    O Holocausto nos trouxe muitas lições, a maior delas é de que sabemos reconhecer o preconceito de longe e não compactuamos com ele. Somos solidários com os negros e todas as minorias perseguidas.

    Não existe meio nazista. Quem acredita que dar voz a eles é liberdade de expressão é um sem noção do que seja democracia e do que diz a constituição brasileira, como a de centenas de outros países. Todas condenam a apologia ao nazismo por representar um regime que não aceita a democracia nem a liberdade de expressão. Dar voz a um idiota, sempre acaba mal.  

    Por isso, vale a pena chamar atenção para as próximas eleições no Brasil. Já vimos o que acontece quando elegemos um idiota tupiniquim. Felizmente os tempos são outros, no entanto, as consequências para o país serão difíceis de serem reparadas. Que ele seja varrido de volta para o esgoto de onde nunca deveria ter saído.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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