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    Roberto Moraes

    Engenheiro e professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ)

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    IA da Google no futebol: humano como base, mas com avanço da dominação tecnológica

    "Não deve demorar para que os clubes passem a destinar mais dinheiro para aquisição de softwares do que em bons jogadores", diz Roberto Moraes

    (Foto: Freepik)

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    Quem pensou que a tecnologia no futebol ficaria restrita ao VAR e às estatísticas de desempenhos isoladas dos jogadores, apostou na Best errada (sic). O Google, já passou a utilizar uma potente, volumosa e extraordinária base de dados de várias jogadores, partidas e campeonatos que trabalhadas com tecnologia IA podem definir táticas para times de futebol.

    O TacTicAI do Google sugere táticas, em especial, em jogadas de bolas paradas. Os seguidos casos de usos ampliados da economia de dados em variados setores, demonstra como é difícil mensurar seu tamanho ou extensão que são cada vez mais utilizados em extensa e enorme cadeia. Jogadores se transformarão em extensões das máquinas? Não. Até porque todos nós já somos ciborgues (ou cyborg – organismo que mistura partes orgânicos e cibernéticas ou digitais) quando não nos desgrudamos (olhos, mentes e dedos) de nossos celulares.

    Não deve demorar, para que os clubes de maiores investimentos, passem a destinar mais dinheiro para aquisição de softwares e aplicativos desses dados, do que, exatamente, em bons jogadores. O humano continuará a ser e sempre a base dos dados capturados para serem depois algoritmizados. O humano prevalece e por isso esse jogo (futebol) vem atraindo tanto dinheiro.

    Assim, os recursos disponíveis para clubes de grandes fundos investidores ficarão ainda mais fortes, embora o imponderável possa ainda prevalecer. Nos outros esportes coletivos como basquete e vôlei, as chances de um clube pequeno (hoje chamado de menor investimento) ganhar de uma equipe poderosa e com muito recursos é quase nula. No futebol, ainda não.

    Observe na matéria do jornalista Rafael Garcia, em O Globo (20/03/2024, p.28) que as primeiras táticas sugeridas pelo aplicativo TacTic do Google são para ações e jogadas mais fáceis de serem programadas, com estratégias que podem ser treinadas para bolas paradas como faltas, escanteios, etc. e contra times específicos já mapeados. A tendência é que os grandes clubes de futebol, ou aqueles de maiores investimentos, fiquem ainda mais fortes. O que também tende a ampliar a financeirização no futebol, já grande entre SAF e FC S.A.

    Porém, mais que o esporte futebol em si, a notícia deve despertar nossa observação para o tamanho da economia digital e para a sua atuação transversal, com fortes impactos sobre praticamente todos os demais setores econômicos e da vida em sociedade. O que ajuda a explicar o gigantismo das Big Techs, os maiores oligopólios da história da humanidade.

    Oito a nove (8/9) das dez empresas de maior valor de mercado mundo são do setor de tecnologia, de onde faço a leitura sobre a “dominação tecnológica imbricada à hegemonia financeira”, ambos baseados na racionalidade neoliberal que redundam na interpretação sobre a estrutura desse fenômeno, que venho denominado, com outros pesquisadores, como o “tripé do capitalismo contemporâneo”.

    PS.: Texto com colaboração de comentários a partir de postagem sobre o tema no perfil nas redes sociais (FB; Instagram e Twitter).

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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