Indonésia no BRICS é um grande avanço

Por Marcelo Zero - O recente anúncio de que a Indonésia deverá ser incorporada ao BRICS como membro pleno representa em grande avanço para esse agrupamento geopolítico, agora sob presidência do Brasil.

A Indonésia, arquipélago formado por mais de 17 mil ilhas, é o maior país do Sudeste com asiático, com cerca 1,9 milhão de quilômetros quadrados e o décimo-quarto do mundo em extensão. A Indonésia é também o quarto país mais populoso do planeta, com 279 milhões de seres humanos.

Em termos de paridade de poder de compra, (PPP), a Indonésia já é a sétima economia do mundo. E a principal economia da ASEAN. Trata-se de uma economia dinâmica, que cresceu 5,1%, em 2024, e deverá crescer 5,2%, em 2025.

Ademais, a Indonésia é descrita como um país de nova industrialização. Hoje a indústria de transformação da Indonésia reponde por quase 19% do seu PIB, ao passo da agricultura, que responde por apenas 12%.

No campo ambiental e das mudanças climáticas, Brasil e Indonésia abrigam, respectivamente, a primeira e a terceira maior floresta tropical do mundo, o que contribui para o potencial da cooperação em temas como combate ao desmatamento, aos incêndios florestais e proteção da biodiversidade.

Já na área de biocombustíveis, haveria espaço para aproveitar a experiência exitosa do Brasil com o etanol e desenvolver potencial do óleo de palma na Indonésia para a produção de biodiesel.

Entretanto, o grande “asset “da Indonésia está em sua posição geográfica. Trata-se de um país que comunica o Oceano Pacífico com o Oceano Índico e comunica também o Sudeste da Ásia com a Oceania. Portanto, é um país central para o comércio mundial.

O mapa a continuação demonstra a complexidade e diversidade das rotas interoceânicas que passam pela Indonésia.

Estão ali o Estreito de Malaka e o Estrito de Lombok, por onde passam 60% do comércio marítimo internacional.

A Indonésia sempre se destacou, internacionalmente.

Após a histórica Conferência de Bandung, em 1955, o então presidente Sukarno (1945-67) assumiu posição de liderança entre os governantes dos países do chamado “Terceiro Mundo”, muitos deles em processo de descolonização.

Posteriormente, no regime de Suharto (1967-98), denominado de “Nova Ordem”, intensificaram-se as relações bilaterais com as economias desenvolvidas, em especial com os Estados Unidos.

Com os avanços obtidos pelo país no campo econômico, a Indonésia passou, desde a segunda metade dos anos 80, a buscar papel internacional ainda mais proeminente. presidiu o Movimento Não-Alinhado de 1992 a 1995 e assumiu papel de liderança no desenvolvimento do Fórum de Cooperação Econômica da Ásia-Pacífico (APEC), tendo sediado Cúpula do mecanismo em 1994 e em 2013.

A Indonésia, país multidiverso possui boas relações com seus vizinhos e com grandes países de fora de seu entorno. Além do Brasil, o país tem parcerias estratégicas ou globais com África do Sul, Austrália, China, Coreia do Sul, EUA, Índia, Japão, Rússia, Turquia e Vietnã.

Lembramos, por último, que cooperação em defesa com o Brasil é área de particular potencial, tendo os dois países firmado acordo em 2017. O tema ganhou impulso na última década com aquisições de produtos de defesa brasileiros, no contexto do programa de modernização das Forças Armadas da Indonésia. Foram adquiridos sistemas Astros II MK-6, em 2012 e 2016, bem como de 16 aeronaves Super Tucano A-29, em 2016.