Infelizmente, mundo salvou Brasil de novo
"O estímulo a 'voos' mais altos era tão certo quanto a alvorada de cada dia", escreve Eduardo Guimarães sobre o terrorismo em Brasília
Por Eduardo Guimarães
Até o início da noite do último domingo, a polícia do DF e o Exército oscilavam entre apoiar os atos terroristas dos bolsonaristas e se omitirem pateticamente diante deles. Com as Sedes dos três Poderes da República destruídas e ocupadas, em tese o golpe de Estado já fora dado e vigia novo regime no Brasil.
Na cinzenta tarde dominical de 9 de janeiro de 2023, horas se passaram antes que as polícias internas do Executivo, do Legislativo e do Judiciário reagissem e começassem a impor alguma dificuldade aos golpistas, que aguardavam ainda mais reforços.
Tentativa da Polícia de esvaziar o acampamento golpista na Capital da República esbarrou na proteção do Exército aos criminosos. Em São Paulo e em outros Estados, hordas nazibolsonaristas estabeleciam bloqueios de avenidas e rodovias.
A confiança dos meliantes era tão descomunal que eles mesmos postavam as provas contra si nas redes sociais. Longas lives dos bandidos noticiavam o clima de alegria no festim diabólico. Aliás, esse material servirá de prova contra eles. As autoridades estão dando um passeio ao buscarem provas contra os autores desses crimes infames.
As coisas só começaram a mudar quando, mais uma vez, Estados Unidos à frente, a Comunidade Internacional, sobretudo as grandes potências, começaram a repudiar os criminosos e a acusarem Bolsonaro e seus militares pessoalmente.
Vamos cair na real: sem o apoio internacional, sobretudo dos Estados Unidos, o golpe teria vingado. A esta hora, os presos seríamos nós. E Lula talvez nem sobrevivesse. O nível de ódio e selvageria iria desencadear julgamentos e execuções sumárias.
A esta hora, Bolsonaro estaria chegando ao Brasil para assumir a Presidência. Ele que, segundo denúncias de deputados do seu próprio partido, viajou para a Florida já sabendo do que aconteceria por aqui. Aliás, uma seguidora relatou que ele afiançou aos seus zumbis que "o melhor estava vir".
Sim, o mundo nos salvou de um destino terrível. De novo. E isso é muito ruim. Ou não é ruim este país depender da Comunidade Internacional para fazer valer seu Arcabouço Legal, sua Constituição?
E a razão para a nossa democracia estar tão frágil é a de que nós mesmos semeamos a nossa própria desgraça.
Em primeiro lugar, a leniência com os abusos dos bandidos bolsonaristas. Após o que fizeram durante a eleição, com uso do Erário para Bolsonaro comprar votos e o assédio eleitoral dos patrões contra empregados sob os olhos imobilistas das autoridades, o estímulo a "voos" mais altos era tão certo quanto a alvorada de cada dia.
E os estimulados não decepcionaram. Começaram a crescer em selvageria e desprezo pelas leis e pelo Estado Democrático de Direito. Deram até uma palhinha, em 12 de dezembro, do que fariam no 6 de janeiro tupiniquim, que foi no dia 8. Espera-se que tenhamos aprendido a lição. Uma hora, não virão nos salvar.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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