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    Augusto Vasconcelos

    Advogado, professor universitário, Especialista em Direito do Estado (UFBA), Mestre em Políticas Sociais (UCSAL). Vereador de Salvador (Licenciado), Secretário do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte da Bahia

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    Isenção do IR para quem ganha até 5 mil é vitória dos trabalhadores

    "O governo Lula tem buscado superar os obstáculos de uma correlação de forças desfavorável para as forças populares dentro da Câmara e do Senado"

    Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante reunião para Anúncio do Envio do Projeto de Lei de Ampliação da Isenção do Imposto de Renda ao Congresso Nacional. Palácio do Planalto, Brasília - DF (Foto: Ricardo Stuckert / PR)

    O envio ao Congresso Nacional do Projeto de Lei que isenta do Imposto de renda quem ganha até 5 mil reais é uma vitória da classe trabalhadora através da organização do movimento sindical. Lembro que na elaboração do plano de governo durante as eleições presidenciais de 2022, as Centrais sindicais tiveram a persistência de pautar a questão que foi encampada pelo Presidente Lula. 

    A medida, caso aprovada no Parlamento, irá beneficiar também quem ganha até 7 mil reais, em razão da progressividade de alíquotas.

    Mais de 10 milhões de contribuintes serão beneficiados em um esforço que colocará mais dinheiro na economia, aumentando o consumo e potencial geração de empregos. Para fechar essa conta, um número ínfimo de 140 mil pessoas, que ganham acima de R$600 mil por ano, vão pagar um mínimo de tributo sobre rendas isentas, começando com 1% e chegando a 10% para quem ganhar acima de R$1,2 milhões por ano. 

    Vale dizer que nenhum assalariado, mesmo os que ganham salários altos, irá pagar qualquer valor a mais, pois já sofre descontos em folha no percentual de 27,5%. 

    A batalha por Justiça tributária sempre esbarrou em poderosos interesses das elites econômicas. O Brasil tem um dos sistemas mais injustos do mundo, pois grande parte ainda da tributação recai sobre o consumo, o que impacta com mais peso sobre os que ganham menos, enquanto grandes fortunas seguem sem pagar. 

    Já estive em Brasília diversas vezes, ao lado de diversos sindicatos, para defender a diminuição da tributação sobre os mais pobres e corrigir graves injustiças em nosso sistema, que fazem com que os muito ricos paguem bem menos tributos proporcionalmente. É louvável a atitude do governo federal que já aprovou a simplificação de tributos e agora mira no enfrentamento de mais um gargalo. 

    Outro projeto de lei que tramita na Câmara e conta com apoio dos sindicatos é o que trata da isenção do Imposto de Renda sobre a Participação nos Lucros e Resultados dos empregados. Não faz sentido que os acionistas das empresas tenham isenção no recebimento de dividendos, enquanto os trabalhadores pagam IR sobre a PLR. 

    Defendemos ainda que a própria tabela das faixas a serem tributadas pelo IR seja atualizada de acordo com a inflação acumulada nos últimos anos, tendo em vista que durante alguns anos, em governos anteriores, ela ficou congelada, corroendo ainda mais a renda das famílias.

    O governo Lula tem buscado superar os obstáculos de uma correlação de forças desfavorável para as forças populares dentro da Câmara e do Senado. Ainda há muito para avançarmos e acompanharmos a tramitação do Projeto, mas certamente foi dado um passo importante.  

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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