TV 247 logo
    André Gattaz avatar

    André Gattaz

    Jornalista, historiador e editor. Doutor em História Social pela USP. É autor de "A Guerra da Palestina" (Usina do Livro, 2003) e editor da Editora Pontocom

    15 artigos

    HOME > blog

    Israel acelera o genocídio palestino

    Retomada dos bombardeios israelenses deixam centenas de mortos na Faixa de Gaza, comprometendo negociações de paz

    Novo bombardeio contra Gaza provoca mortes e destruição (Foto: Reuters)

    Hoje acordamos com a triste notícia de que Israel retomou os bombardeios à Faixa de Gaza, de maneira a acelerar o processo de limpeza étnica da região para abrir espaço à colonização judaica. Os ataques, ocorridos durante a madrugada em todas as cidades da Faixa de Gaza, tiveram uma intensidade ainda maior do que vinha ocorrendo antes da trégua de dois meses, deixando mais de 400 palestinos mortos e mais de 600 feridos – o número deve ser ainda maior, posto que há muitos mortos soterrados sob os escombros dos edifícios. Entre os mortos há o registro de pelo menos 150 crianças, incluindo muitos bebês, como mostram as chocantes imagens disponíveis em canais do Telegram comprometidos com a resistência palestina (a nossa mídia prefere imagens menos chocantes, como fotografias dos prédios destruídos ou vídeos mostrando homens adultos mortos ou feridos).

    A nova fase de bombardeios vem após um período de trégua, em que os militantes palestinos entregaram cerca de 33 reféns israelenses e cinco tailandeses em troca da libertação de centenas de reféns palestinos em poder das forças israelenses. Atualmente, ainda há 58 reféns israelenses na Faixa de Gaza (muitos dos quais mortos nos bombardeios israelenses), ao passo que há aproximadamente 17.500 reféns palestinos em poder das forças de ocupação (a imprensa denomina-os “prisioneiros”, mas não se deixe enganar: são reféns sequestrados por Israel). As negociações para a extensão da trégua e novas trocas de reféns estavam ocorrendo normalmente, mas sentindo-se empoderado pelas palavras do novo presidente estadunidense, que prometeu o “inferno” ao povo palestino, o primeiro-ministro genocida de Israel decidiu apressar a limpeza étnica da região e retomou os bombardeios à população civil palestina.

    O movimento foi amplamente criticado por lideranças do sul global e dos países muçulmanos, assim como pelas organizações humanitárias internacionais, mas apenas contidamente criticado por membros da União Europeia. Forte oposição também vem ocorrendo por parte dos familiares dos israelenses ainda mantidos cativos, que veem com pânico o governo de ultradireita adotar a “Diretiva Hanibal”, que prevê a morte dos prisioneiros israelenses junto com seus captores, conforme noticiou o Brasil 247 em 8/2/2025. Já nos Estados Unidos, a porta-voz do presidente reconheceu que o governo foi consultado por Israel, deixando clara a cumplicidade estadunidense no genocídio (caso não bastasse a evidência do contínuo apoio financeiro, militar e moral dos Estados Unidos à ocupação judaica da Palestina).

    O massacre noturno soma-se a outras ações, menos evidentes, mas não menos danosas aos palestinos. Desde o dia 2 de março o Estado genocida bloqueou o acesso dos caminhões de ajuda humanitária, fazendo com que nenhuma comida entre na Faixa de Gaza, e cortou a energia para uma central que fornece água potável aos palestinos, agravando a crise humanitária e deixando claras as intenções genocidas do Estado judaico, que desde outubro de 2023 assassinou mais de 55.000 palestinos (embora, segundo estudo publicado na revista Lancet, o número deva ser 40% maior, devido ao fato de que milhares de corpos soterrados não foram jamais encontrados). Assim, Israel caminha a passos largos na tentativa de desocupar não apenas a Faixa de Gaza, mas também a Cisjordânia, onde ações menos evidentes na mídia são continuamente conduzidas de maneira a expulsar os palestinos de sua terra. E provoca, paralelamente, o crescimento do antissemitismo no mundo e a transformação do Estado judaico num pária internacional, de quem os países e cidadãos com consciência humanitária querem se afastar.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

    ❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com redacao@brasil247.com.br.

    ✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.

    iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

    Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

    Relacionados