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Túlio Ribeiro

Economista, pós-graduado em História Contemporânea, mestre em História social e doutorando em Desenvolvimento Estratégico pela UBV de Caracas. Autor do livro A Política de Estado sobre os recursos do petróleo, o caso venezuelano (2016). Autor participante do livro A Integração da América latina: A História, Economia e Direito (2013)

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Israel e a política de assassinar cientistas muçulmanos

A estratégia de Israel aclara um modo de operar que não apenas encarcera o presente do povo palestino, mas tentar impedir o futuro dos muçulmanos ao vedar a possibilidade de desenvolver novas tecnologias

A estratégia de Israel aclara um modo de operar que não apenas encarcera o presente do povo palestino, mas tentar impedir o futuro dos muçulmanos ao vedar a possibilidade de desenvolver novas tecnologias (Foto: Túlio Ribeiro)

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A estratégia do Estado de Israel aclara um modo de operar que não apenas encarcera o presente do povo palestino, mas tentar impedir o futuro dos muçulmanos ao vedar a possibilidade de desenvolver novas tecnologias.

Neste sábado a política de assassinar cientistas que possam aprofundar o conhecimento dos muçulmanos teve um novo capítulo. O cientista e professor universitário, especialista em condutores elétricos, Fadi Mohammad al-Batash de 35 anos e nascido em gaza , foi morto quando se dirigia a mesquita em Kuala Lumpur na Malásia. Foram 14 tiros disparados por dois motociclistas que esperavam na porta de sua casa . A família e a Yihad Islâmica prontamente denunciaram:"Culpamos a Mossad( Serviço de inteligência de Israel) pelo assassinato do engenheiro eletricista Fadi Mohammad."

Recorrente na história , o objetivo de aniquilar o inimigo é desde muito cedo utilizado como mote por Israel. Ainda em 1981 bombardeou o reator nuclear iraniano, um projeto ainda em fase inicial, apenas para evitar que os muçulmanos detivessem o conhecimento sobre esta energia. Em 2010 o teórico iraniano especialista em campo quântico e partícula elementares, Masud Alimohamad, foi morto em frente da sua casa. Neste mesmo ano o engenheiro nuclear compatriota Mayid Shahriaki foi assassinado numa explosão no seu automóvel. O ano seguinte Israel executou Dariush Rezaneyad na frente da sua esposa e filha. Em 2012 , utilizando uma bomba atirada por um motociclista contra seu veículo, o Mossad tirou a vida do engenheiro químico Mostafa Ahmadi Roshan. Em 2016 foi a vez do engenheiro tunisiano Mohamad al-Zawari com 20 tiros por desenvolver drones e submarinos.

A oficialização dos fatos chegou em 2015 , quando o ministro para assuntos militares , Moshe Yaalon setenciou:" É muito claro que de uma forma ou de outra, o programa iraniano tem de ser freado."

A máxima é que se Israel não tem a tranquilidade dos inocentes, possui a certeza da impunidade pela licença estadunidense para matar. Os assassinatos convivem com uma guerra não oficial, que o cientista político turco Mustafa Ozcan analisa da seguinte forma:

"Quando os muçulmanos possuem ferramentas para avançar tecnologicamente , os israelenses lhes veem com um perigo. Não querem que os muçulmanos façam grandes progressos neste campo."

Corrobora com a verdade o escritor e jornalista israelense Ronen Bergman, que escreveu o livro " A guerra oculta. Israel e os assassinatos secretos do Mossad". Nesta pesquisa com mais de mil entrevistas , incluindo ex-chefes da instituição e ex-primeiros-ministros como Ehud Barak e Ehud Olmet além do genocida Bejamin Netanyahu, aponta que vem de 1962 a prática. Neste ano Israel sequestrou um cientista alemão, que interrogou e torturou até a morte. Bergman deu voz aos assassinatos:

"Em geral estamos falando de pelo menos três mil pessoas , não apenas aquelas que eram o objetivo de eliminação, mas muitos inocentes que durante a missão da inteligência israelense estavam em lugar e momento inadequado."

Em qualquer ângulo da fotografia se revela que a História não pode ser negada. O povo judeu que sofreu o holocausto , atualmente possui um governo que executa o genocídio palestino. Não se deve manter os olhos do passado, quando urge mudar o horror do presente. No que tange o uso desproporcional da força, é claro que Israel não visa a defesa. Deseja manter escravos os palestinos através da fome e cerceamento dos direitos humanos, em outra ordem de ideia, confiscar qualquer possibilidade de futuro aos muçulmanos, impedindo o conhecimento tecnológico. Fadi Mohammad foi mais um cientista assassinado no gueto que Israel, com autorização estadunidense, transfere da Faixa de Gaza para qualquer lugar do mundo.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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