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    Eric Nepomuceno

    Eric Nepomuceno é jornalista e escritor

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    Jair Messias e o destino de Jair Messias

    "Num quadro em que além do desmoronamento de tudo, o radicalismo enlouquecido dos seguidores de Jair Messias é uma ameaça cada vez maior", escreve Eric Nepomuceno, do Jornalistas pela Democracia. "Por mais que sejam minoria, são suficientes para causar tumultos extremamente violentos"

    Bolsonaro em Culto alusivo ao 1º Encontro Fraternal de Líderes Evangélicos, em Goiás (Foto: Alan Santos/PR)

    Por Eric Nepomuceno, do Jornalistas pela Democracia

    Em seu golpismo desenfreado, Jair Messias explicou neste sábado, diante de uma nutrida plateia de evangélicos, que tem três alternativas de futuro: ser preso, ser morto ou a vitória.

    E no melhor do seu estilo, esclareceu: não tem quem possa prendê-lo, sua vida depende do que Deus decida, e a vitória depende “de vocês, o povo”.

    Tornou a dizer que não pretende promover nenhuma ruptura, mas que “tem limite para tudo”.

    Sem nomear ninguém, denunciou os abusos de “dois senhores”, em clara alusão aos ministros do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, que aliás preside o Tribunal Superior Eleitoral. E com isso deixou claro, pela milésima vez, que nem sonha em baixar a tensão entre Poder Executivo e Poder Judiciário. Ao mesmo tempo, incentiva as mobilizações de rua contra seus integrantes, e de passo também contra o Congresso, especialmente o Senado.

    Aliás, é bom lembrar que além de ter sofrido importantes derrotas no Congresso – apesar de ter alugado o tal Centrão e da cumplicidade imunda do presidente da Câmara – Jair Messias é investigado em dois processos no Supremo Tribunal Federal.

    Reiterando seu compromisso com “o povo”, aproveitou para de novo convocar os evangélicos, parte substancial de sua base de apoio mais fanatizada, para as manifestações do 7 de setembro. Claro que tornou a criticar as vacinas e a defender medicamentos que além de serem comprovadamente ineficazes provocam danos colaterais graves, mantendo elevado seu pavilhão de cretinice de ilimitada. Foi aplaudido com euforia. Conforme se aproxima o 7 de setembro, cresce a tensão. As intenções de Jair Messias e de seus seguidores mais radicais se resumem a promover atos violentos, por mais que ele negue. Na sua cachola psicopata, seu verdadeiro destino se resume à vitória, mas não necessariamente nas urnas: no golpe. E quando nos lembramos de que, além dos evangélicos, ele conta com o apoio da maior parte das Polícias Militares e dos militares de baixa patente, e que eles também estarão nas ruas no 7 de setembro, a preocupação cresce.

    Num quadro em que além do desmoronamento de tudo – absolutamente tudo – levado a cabo pelo mais abjeto governo da história da República ainda temos uma economia desmilinguindo e uma inflação crescendo, o radicalismo enlouquecido dos seguidores de Jair Messias é uma ameaça cada vez maior. Por mais que sejam minoria – as pesquisas indicam que 64% dos entrevistados consideram seu governo ruim ou péssimo – são suficientes para causar tumultos extremamente violentos. 

    Para tornar o cenário ainda mais sombrio, temos uma Polícia Militar que, em sua maioria, muito mais que força de segurança pública surge como ameaça num quadro de tensão cada vez mais robusta.

    Como será o 7 de setembro “do povo”, entendendo-se por “povo” a seita delirante de seguidores de Jair Messias?

    O que não entendo e ninguém explica é por que diabos quem tem condições de controlar a besta-fera ou diretamente extirpá-la do poder se mantêm apáticos, poltrões contemplativos do caos.

    Na gaveta do espancador de mulher que ocupa a presidência da Câmara cochilam mais de 120 pedidos de impeachment. Sobram provas de que Jair Messias cometeu pelo menos vinte crimes de responsabilidade. E daí? Pois e daí, nada.

    A história registrará os nomes dos cúmplices e dos encobridores do desastre mais que anunciado.

    Mas será demasiado tarde: o presente será passado e o futuro, o contrário radical do que poderia ter sido.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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