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    Elenira Vilela

    Professora do Instituto Federal de Santa Catarina, líder sindical e do Partido dos Trabalhadores em Santa Catarina

    15 artigos

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    Jovens negros mostraram ao país que Bolsonaro é o novo Borba Gato

    "E o momento não podia ser mais adequado, afinal agora há os neobandeirantes perseguindo e assassinando indígenas e negros aos milhares e eles precisam ser descritos e entendidos como o que são: genocidas torturadores"

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    Por Elenira Vilela

    A questão toda é o movimento real. O Brasil é um país que não se confronta com seus fantasmas, que não revê sua história.

    O país que exterminou física ou culturalmente centenas de povos e culturas ancestrais e não tem museus, estátuas, poucos livros, sítios arqueológicos para relembrar o massacre praticado pelos invasores e pela igreja que veio com eles.

    O último país a acabar com a escravidão não tem um museu da escravidão, dos massacres, dos estupros, de todas as formas de tortura, do apagamento de quem foi retirado de seu país da maneira mais violenta, assassinado, separados de suas famílias, todos os métodos usados pra impedir/dificultar o cultivo de suas culturas e seus conhecimentos não tem um trabalho de reescrita de quem eram as pessoas escravizadas, não tem um museu da escravidão, não tem um monumento contra esse Genocídio.

    O país que massacrou o país vizinho em uma guerra imperialista que matou crianças, que prometeu alforria aos negros que lutassem, os deixou serem massacrados e não cumpriu a promessa aos que eventualmente sobreviveram.

    O país que tem pouquíssimos espaços pra debater a ditadura que torturou e matou de bala, de fome e de doença e que nunca condenou os promotores do terrorismo de Estado.

    O país que não fez reforma agrária e é o país que mais mata no campo até hoje.

    O país que mais mata pessoas trans do mundo e faz decreto contra o uso de linguagem que pode incluir essas pessoas.

    O país que mais mata defensores dos direitos humanos e lutadores pela preservação ambiental do mundo.

    Um dos países que mais tem casamentos infantis do mundo.

    Acreditar que esse país vai de maneira civilizada debater em uma casa legislativa que os povos oprimidos tem o direito de não ver seus algozes exaltados como heróis sendo homenageados com os nomes das ruas ou estátuas por aí é simplesmente viver em um país que não existe.

    A Mangueira fez um carro alegórico denunciando o que representa o monumento aos Bandeirantes, reproduzindo ele com todo o sangue indígena e negro que representa e esse debate nem começou.

    Começou quando alguém se organizou e colocou fogo. Assim como só tem debate sobre reforma agrária se tem ocupação.

    E o momento não podia ser mais adequado, afinal agora há os neobandeirantes perseguindo e assassinando indígenas e negros aos milhares e eles precisam ser descritos e entendidos como o que são: genocidas torturadores.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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