Julian Assange está preso para que nós continuemos aprisionados na ignorância
Assange praticou jornalismo no seu mais alto grau de qualidade para denunciar crimes praticados pelos maiores criminosos do mundo, para defender a dignidade humana em todos os cantos do mundo
Julian Assange está há 11 anos sem sair à rua, sem ver a luz do sol, sem respirar ar puro. Ele está agora quase completamente isolado, em regime de solitária, numa prisão em Londres. E agora ele luta para não ser extraditado para os EUA.
Assange praticou jornalismo no seu mais alto grau de qualidade para denunciar crimes praticados pelos maiores criminosos do mundo, para defender a dignidade humana em todos os cantos do mundo.
O WikiLeaks revelou ao público a verdade sobre as guerras americanas no Oriente Médio. As “guerras ao terror” geraram no Oriente Médio centenas de pessoas ilegalmente presas e torturadas; milhares de pessoas mortas, a maioria delas civis; milhões de feridos, mutilados; a maior onda de migração deste século. Trilhões de dólares que deveriam ser investidos em criar bem-estar social foram transferidos para as mãos dos senhores da guerra: Lavagem de dinheiro. As “guerras ao terror” nada mais são que latrocínio para lavar dinheiro.
Esse foi só o começo, os vazamentos do WikiLeaks foram muito além em 15 anos de jornalismo: o site revelou ao mundo crimes financeiros em paraísos fiscais; esquadrões da morte; redes de pedofilia relacionadas com altos políticos nos EUA; crimes ambientais praticados por empresas de países ricos contra países pobres. Revelou que a CIA, a agência de espionagem americana, utiliza um arsenal tecnológico para espionar remotamente o mundo inteiro, pessoas, empresas, governos.
WikiLeaks revelou também a existência de Redes Internacionais de Intolerância que são formadas por partidos e organizações de ultradireita agindo nos EUA, na Espanha, na América Espanhola e no Brasil. Esses grupos atuam politicamente, dão suporte financeiro e midiático à políticos ultraconservadores, e à influenciadores de mídia digital que propagam negacionismo histórico, negacionismo científico, xenofobia, racismo, misoginia, LGBTQI+ fobia.
WikiLeaks revelou que Sergio Moro em 2009 ensinou a vários agentes da lei brasileiros a contornar regras do Direito Brasileiro sob supervisão da embaixada americana no Brasil.
WikiLeaks também vazou José Serra e Michel Temer: eles são citados em conversas frequentes na embaixada americana em Brasília conversando com o embaixador americano sobre a política nacional de energia, prometendo modificar a partilha do pré-sal.
Por fim, eu gostaria de dizer que Julian Assange não estaria preso se não tivesse ocorrido um conluio entre órgãos de estado e a mídia corporativa. A campanha de difamação contra Assange foi, e continua sendo, insidiosa, desumana e implacável.
O mesmo desserviço da imprensa corporativa que tornou possível a prisão de Assange, tornou possível a ascensão de políticos como Bolsonaro, Trump, Boris Johnson.
Esse mesmo desserviço da imprensa corporativa tornou possível que por 10 anos as Forças Armadas americanas pudessem usar palavras como “afogamento simulado”, “privação sensorial”, “privação de sono”, para descrever tortura; “jejum voluntário total” para descrever “greve de fome”; “autoagressão” para descrever tentativa de suicídio.
Nos últimos anos nós descobrimos que:
- Para Deltan Dallagnol, o devido processo legal é filigrana ... e não dá muita grana.
- Para Sérgio Moro, artigo em revista Veja é prova de crime, mas conversas no Telegram não são.
- Para o Estadão, entre Bolsonaro e Haddad, a escolha era muito difícil.
- Para o governo Bolsonaro, Covid-19 é só uma gripezinha.
- A Prevent Senior define assassinato qualificado de seus pacientes como: “Óbito também é alta”.
Todas essas pessoas estão livres apesar de seus crimes serem agora domínio público. Não há garantia alguma de que veremos qualquer uma dessas pessoas presas. A imprensa corporativa tem muita participação nisso também.
Julian Assange afirmou que:
“Não é possível paz sem justiça, não há justiça sem conhecimento sobre a realidade.”
Ele também afirmou que:
“Justiça não acontece por si mesma. Justiça é aplicada por pessoas se unindo e exercendo força, unidade e inteligência.”
Julian Assange merece e precisa ser libertado agora, porque, mais do que nunca, agora, o mundo precisa de liberdade de imprensa, liberdade de expressão e liberdade de informação.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com redacao@brasil247.com.br.
✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.
iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: