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    Marcelo Auler

    Marcelo Auler, 68 anos, é repórter desde janeiro de 1974 tendo atuado, no Rio, São Paulo e Brasília, em quase todos os principais jornais do país, assim como revistas e na imprensa alternativa.

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    #Juntos - Sociedade exige Frente Ampla pelo Brasil

    Marcelo Auler, do Jornalistas pela Democracia, faz referência ao manifesto pela democracia que une diferentes personalidades, inclusive de esquerda e direita. O documento, diz ele, "apresenta o rosto de parte dos dois terços da sociedade que rejeita o descaminho que o presidente Jair Bolsonaro e seus asseclas estão mergulhando o Brasil"

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    Por Marcelo Auler, em seu blog e para o Jornalistas pela Democracia

    A sociedade civil sai da apatia. Transforma em nomes os números das pesquisas. Apresenta o rosto de parte dos dois terços da sociedade que rejeita o descaminho que o presidente Jair Bolsonaro e seus asseclas estão mergulhando o Brasil. Cobra respeito ao Estado Democrático de Direito, à Constituição, e à independência dos Poderes. São “cidadãs, cidadãos, empresas, organizações e instituições brasileiras” que fazem “parte da maioria que defende a vida, a liberdade e a democracia”.

    Com a adesão inicial de mais de 3.500 assinaturas – que na noite de sexta superou 5 mil endossos – artistas, religiosos, empresário, economistas, intelectuais, jornalistas, juristas, médicos, professores, profissionais liberais, representantes de movimentos sociais, políticos de partidos e estirpes ideológicas diversas deram o chute inicial em um movimento que tende a ganhar força e adesões.

    A expectativa é que a subscrições – uma forma de protesto durante o isolamento social que impede manifestações ao vivo – mostre o apoio de mais de dois terços da população para que “representantes e lideranças políticas exerçam com afinco e dignidade seu papel diante da devastadora crise sanitária, política e econômica que atravessa o país”.

    Assinam o documento o ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal, João Paulo Sepúlveda Pertence, o ex-Procurador-Geral da República, Claudio Fonteles, o ex-subprocurador-geral da República, Álvaro Augusto Ribeiro Costa e o juiz aposentado do TRF-4, Manoel Volkmer de Castilho.

    Representando a igreja católica estão Dom Odilo Scherer, cardeal arcebispo de São Paulo; Dom Zanoni Demettino Castro, arcebispo de Feira de Santana (BA) e bispo referencial da Pastoral Afro-brasileira; Frei Betto e alguns padres. Também aderiram a budista Monja Coen e Diogo de Andrade, líder evangélico no Rio. Há dois rabinos: Michel Schlesinger e Nilton Bonder.

    A eles somam-se o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, seus ex-ministros José Carlos Dias, José Gregori, Luiz Carlos Bresser Pereira, Miguel Reale Junior e Nelson Jobim. Há três petistas:  o candidato à presidência, Fernando Haddad; o ex-ministro de Direitos Humanos de Lula, Paulo Vannuchi; e Márcia Tiburi, ex-candidata ao governo do Rio.

    Na adesão ao documento juntam-se o ex-governador de São Paulo, Paulo Egydio Martins, e o ex-candidato à presidência pelo PSOL, Guilherme Boulos. Também aderiram Maria Vitória Benevides, socióloga e educadora e o jurista Fábio Konder Comparato.

    O documento foi endossado ainda por sete reitores e um ex-reitor, a saber: João Sales, da Universidade Federal da Bahia (UFBA); Dácio Roberto Matheus, da Universidade Federal do ABC (UFABC); Marcelo Knobel, da Universidade de Campinas (Unicamp), junto com o ex-reitor da Unicamp, Carlos Vogt Professor; Rui Vicente Oppermann, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); Sandro Roberto Valentini, da Universidade do Estado de São Paulo (UNESP); Vahan Agopyan, da Universidade de São Paulo (USP) e Wanda Hoffmann da Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR).

    O documento clama para que “lideranças partidárias, prefeitos, governadores, vereadores, deputados, senadores, procuradores e juízes assumam a responsabilidade de unir a pátria e resgatar nossa identidade como nação”.

    O manifesto, elaborado em poucos dias, une assim um amplo espectro da chamada sociedade civil. Tenta repetir o que, em 1983, resultou na Campanha das Diretas Já. Transforma-se desta forma no passo inicial de o #MovimentoJuntos# que deverá se desdobrar em outras iniciativas, inclusive Lives musicais, com representantes dos mais diversos ritmos brasileiros. São muitos os atores, cantores, compositores e músicos que aderiram à causa.

    Apoio popular será forma de pressão

    Através do site do Movimento Estamos Juntos os organizadores esperam multiplicar as adesões de forma a demonstrar aos políticos brasileiros e autoridades do judiciário que mais de dois terços da população está contra este governo e a favor “de uma frente ampla e diversa, suprapartidária, que valoriza a política e trabalha para que a sociedade responda de maneira mais madura, consciente e eficaz aos crimes e desmandos de qualquer governo.”

    Nas suas 313 palavras, espalhadas por oito parágrafos que somam 36 linhas o Manifesto #Juntos não cita o presidente Jair Bolsonaro, tampouco seus filhos, em nenhum momento. Mas a leitura atenta do que ali consta mostra que os signatários se posicionam totalmente contrários ao que o governo dele vem fazendo.

    Em especial quando defende que “como aconteceu no movimento Diretas Já, é hora de deixar de lado velhas disputas em busca do bem comum.” Conclamam então “esquerda, centro e direita unidos para defender a lei, a ordem, a política, a ética, as famílias, o voto, a ciência, a verdade, o respeito e a valorização da diversidade, a liberdade de imprensa, a importância da arte, a preservação do meio ambiente e a responsabilidade na economia”.

    Trata-se de uma resposta aos desmandos que ocorrem e, ao mesmo tempo, uma conclamação para que os demais poderes assumam seu papel importante na defesa do Estado Democrático de Direito de forma a que se possa “juntos sonhar e fazer um Brasil que nos traga de volta a alegria e o orgulho de ser brasileiro”.

    A ideia dos organizadores é de trazer o apoio de ampla camada da população para, como se disse acima, apresentar com nome e sobrenome as cidadãs e cidadãos que, nas pesquisas de opinião, já se mostram favoráveis a, democraticamente, se por um fim aos desmandos do governo atual. Para tal, a campanha será impulsionada buscando uma maior adesão dos brasileiros.

    Partidos ainda reticentes

    Embora o documento pretenda, inicialmente, abranger todos os espectros políticos/partidários, o resultado até o momento não demonstra isso. Ao que parece os políticos do PT – não seus eleitores e apoiadores – ficaram de fora, pois nenhum aderiu ao manifesto além dos já citados Haddad. Vannuchi e Márcia.

    Já o PSDB, além do ex-presidente Fernando Henrique e seus ex-ministros aparece com dois parlamentares: o deputado federal Pedro Cunha Lima e o vereador de São Paulo, Daniel Annenberg. Representando a REDE de Sustentabilidade está o senador Randolfe Rodrigues (AP).

    O PCdoB aderiu através do governador Flávio Dino, do Maranhão, e dos deputados Orlando Silva (SP), Jandira Feghali (RJ) e Perpetua Almeida (AC). O PSOL além de Boulos aparece com nove deputados federais, entre veteranos, como Luiz Erundina e Ivan Valente, de São Paulo, e novos, como Marcelo Freixo, Glauber Braga, David Miranda (todos do Rio), Fernanda Melchionna (RS) e Sâmia Bomfim (SP). Jean Willys assina como ex-deputado, jornalista e escritor.

    O PDT marca posição com três assinaturas: a do presidente, Carlos Lupi, do seu líder na Câmara Wolney Queiroz (PE) e do líder da oposição naquela Casa, André Figueiredo (CE) e a deputada Tabata Amaral (SP).

    O PSB tem 25 signatários, capitaneados pelo presidente Carlos Siqueira e por seu líder na Câmara, Alessandro Molon (RJ). Por ser o partido mais representado no documento é também o que tem políticos dos mais variados estados (ao todo 16). São eles: Aliel Machado, Alessandro Vieira, Luciano Ducci (PR), Bira do Pindaré (MA), Camilo Capiberibe (AP), Cássio Andrade (PA), Denis Bezerra (CE), Ricardo Silva, Rodrigo Agostinho, Rosana Valle (SP), Elias Vaz (GO), Danilo Cabral, Felipe Carreras, João Campos, Tadeu Alencar  (PE), Gervásio Maia (PB), Ted Conti (ES), Heitor Schuch (RS), Júlio Delgado, Vilson da FETAEMG (MG), Lídice da Matta, Marcelo Nilo (BA), Mauro Nazif (RO), Rafael Motta (RN).

    São quatro políticos do Cidadania, incluindo o presidente, Roberto Freire, o senador Alessandro Vieira (SE), os deputados federais Marcelo Calero (RJ) e Rubens Bueno (PR). O PV aparece com o ex-deputado Eduardo Jorge, constando ainda um representante do PSD, Antônio Celso de Paula Albuquerque.

    Empresários – Há no abaixo-assinado três dezenas de empresários, tais como Kati Almeida Braga, Israel Klabin, Paulo Ferraz e Paulo Francini. Tem ainda o editor Luiz Schwascz e sua mulher, Lilia, historiadora e antropóloga, uma das idealizadoras do Manifesto. Também aderiu o editor Luiz Fernando Emediato.

    Economistas – Já os economistas chegam a duas dezenas. De todos os naipes e posições políticas, tais como: Andrea Calabi, Caio Tendolini, Cláudia Alessandra Tessar, Edmar César Falleiros Diogo, Eduarda La Rocque, Edzard Schultz, Eduardo Moreira, Elena Laudau, Francisco Vidal Luna, Joana Jereissati, Laura Carvalho, Marcos Hecksher, Paula Jancso Fabiani, Ricardo Henriques.

    Uma ampla adesão de artistas

    Na área do cinema há uma forte representação, até por ter sido a autora e roteirista Carolina Kotscho uma das idealizadoras do movimento. Assim, assinam o Manifesto, entre outros Ana Flavia Cavalcanti , Ale McHaddo, Alexandre Stockler, Allan Fiterman, Amir Haddad, André Câmara, Bel Kutner, Cao Hamburger, Carlos Baldim, Carolina Kotscho (também organizadora do Manifesto), Clara Carvalho, Clara Kutner, Clarisse Abujamra, Daniel Filho, Denise Sarraceni, Eduardo Escorel, Elias Andreato, Fernando Meirelles, Flavio Tambelini, Guel Arraes, Helena Solberg, Hélio Goldsztejn, Janaina Diniz Guerra e José Joffily.

    Compositores, cantores e maestros – Entre compositores e cantores aparecem Antônio Nobrega, Beatriz Azevedo, Caetano Veloso, Fafá de Belém, Francisco Bosco, Ivan Lins, João Bosco Mônica Salmaso, Zélia Duncan e Zizi Possi e vários outros. O surpreendente é a presença no abaixo-assinado de Lobão. Também assinam Tony Bellotto, como músico e os maestros Isaac Karabtchevsky, Jonh Neschling, Kleber Mazziero, Tiago Costa e Wagner Tiso.

    Atrizes – Do mundo artístico há uma forte representatividade das mulheres entre as quais estão: Adriana Esteves, Andrea Beltrão, Camila Morgado, Camila Pitanga, Cláudia Abreu, Débora Duboc, Dira Paes, Eliane Giardini, Fernanda Montenegro, Fernanda Torres,  Giulia Gam, Helena Ranaldi, Irene Ravache, Julia Lemmertz,  Letícia Sabatela, Lilia Cabral,  Louise Cardoso, Malu Mader, Maria Padilha, Marieta Severo,  Miriam Rinaldi, Natália do Vale,  Patrícia Pillar, Priscila Steinman,  Silmara Costa, Tais Araújo, Vera Zimmermann e Zezé Mota. Sem falar em Paula Lavigne, que também endossou.

    Escritores & jornalistas – O documento conta ainda com 71 escritores e 115 jornalistas, sendo que muitos acumulam as duas funções, como Antônio Prata, que foi com Lili e Carolina um dos idealizadores do documento. Na relação de escritores/jornalistas está o veterano Luís Fernando Verissimo. Ele e o internacional Paulo Coelho talvez sejam os mais conhecidos. Aparecem ainda Ana Miranda, Ana Helena Tavares, Alberto Villas, André Sant’Anna, Antônia Pelegrino, Beatriz Bracher, Edney Silvestre, Eric Nepomuceno, Geraldo Carneiro, Gregório Duvivier (que também aparece como ator), Humberto Werneck, Leandro Karna, Mário Prata e Marta Góes, entre outros.

    Entre os jornalistas, muitos já endossaram documentos como este na chamada época dos anos de chumbo, ou seja, nos anos 70, período da ditadura militar, quando a categoria lutava por liberdade de imprensa e até mesmo pela anistia. Entre as dezenas deles há veteranos e novatos, entre os quais: Antônio Henrique Lago, Antônio Luiz Cunha Geremias, Arnaldo Cesar Ricci Jacob, o cartunista Aroeira, Beatriz Santacruz, Elane Maciel, Eleonora de Lucena, Eliane Brun, Eugenia Moreyra , Eugênio Bucci, Fábio Pannunzio, Fichel Davit Chargel, Flávia Oliveira, Françoise Vernot, Fred Ghedini, Hélio Doyle, Ignacio de Loyola de Brandão, Jorge da Cunha Lima (também poeta), Juca Kfouri, Laura Greenhalgh, Laurindo Leal Filho, Leão Serva, Leda Beck, Lia Ribeiro Dias, Lucas Figueiredo, Luís Weis, Marceu Vieira, Maria Luiza Franco Busse, Mariana Kotscho, Miguel Paiva (também cartunista), Norma Curi, Paulo Jeronimo de Sousa (presidente da ABI), Paulo Markun, Regina Pimenta, Reinaldo Azevedo, Rejane Bueno Guerra, Ricardo Kotscho, Rodolfo Lucena, Rodrigo Lara Mesquita, Rosa Freire d’Aguiar (também tradutora), Rose Nogueira e Vera Perfeito.

    O manifesto que chegou a público na noite desta sexta-feira, agora estará aberto a nova adesões. Foram como os seus idealizadores entendem que será possível mostrar ao Congresso Nacional e ao Poder Judiciário que alguma coisa tem que ser feita para que o país volte a ter rumo, frente à pandemia, salve vidas e, ao final, como termina o texto do manifesto, “fazer um Brasil que nos traga de volta a alegria e o orgulho de ser brasileiro”.

    Em um primeiro momento, antes de abrir a adesão ao público, os organizadores chegaram a mais de 1.500 assinaturas. Quando foi aberta uma plataforma para a adesão popular, rapidamente as adesões chegaram a 3.000 assinaturas.

    Querendo endossar o Manifesto, clique aqui.

    (Conheça e apoie o projeto Jornalistas pela Democracia)

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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