Kassio Nunes, Caiado, Gusttavo Lima e dois foragidos da Justiça: vida de luxo e poder no universo dos jogos de azar
Como no filme “Bons companheiros”, de Martin Scorsese, uns cometem crimes, outros financiam o luxo e alguns emprestam prestígio político e institucional
Quem deve estar preocupado com o decreto da prisão de Gusttavo Lima é o ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF). Isto porque a prisão do cantor joga luz para a amizade de uma das mais altas autoridades do País com empresários suspeitos de ilegalidades no nebuloso mercado dos jogos na internet.
Indicado por Jair Bolsonaro ao STF, Kassio Nunes viajou à Grécia no avião do empresário Fernando Oliveira Lima, conhecido como Fernandin Oig. O embarque aconteceu às 18 horas do dia 1o. de setembro, em Brasília.
O ministro foi até Atenas e, de lá, seguiu de barco para a ilha de Mykonos, onde estava ancorado o iate avaliado em R$ 1 bilhão, alugado pelo cantor para sua festa de aniversário.
Como o próprio ministro revelou na ocasião, ao ser questionado por Letícia Casado, do Uol, ele, juntamente com a esposa, deveria ir no avião do cantor. Mas, na última hora, Gusttavo Lima fez uma troca, “por questões de horário”.
Kassio Nunes foi orientado a embarcar no avião do amigo de Gusttavo Lima, que também é amigo do ministro do STF, segundo este contou.
Com o decreto de prisão assinado pela juíza Andrea Calado da Cruz, da 12a. Vara Criminal do Tribunal de Justiça de Pernambuco, sabe-se agora que, no avião de Gusttavo Lima, estavam duas pessoas investigadas pela polícia por lavagem de dinheiro através de cassinos online e casas de jogo do bicho.Os investigados são José André Neto, dono da casa de apostas Vai de Bet, e Aislla Sabrina Rocha, sua mulher e sócia. Quando estava na Grécia, o casal teve a prisão decretada pela Justiça e não retornou ao Brasil.
Quem voltou na aeronave foi o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, outra autoridade que participou da festa nababesca. Assim como Kassio Nunes, Caiado se encontra agora numa situação de constrangimento.
O responsável pela política de segurança pública numa das unidades da federação viajou com foragidos da justiça. Não é pouca coisa.
Ao justificar a prisão de Gusttavo Lima, a juíza ressaltou que “independentemente de sua condição financeira, ninguém pode se furtar à Justiça”.
No caso, a condição financeira é a do cantor. Caiado, assim como Kassio Nunes, empresta prestígio político ou institucional.
“Não sabia das investigações e nem teria como saber”, disse o governador a propósito da presença dos dois foragidos no jato de Gusttavo.
Caiado disse ainda que "é amigo de Gusttavo Lima e viajou a convite dele para a Grécia, na ocasião do aniversário do cantor”.
O governador aparece em pelo menos uma foto no iate, ao fundo de pessoas que posavam com o aniversariante. Não há registro público da presença do ministro do STF.
Quem revelou a presença dele no iate alugado por Gusttavo Lima foram convidados, sob condição de anonimato, à jornalista Bela Megale, de O Globo.
Mas, naquele mesmo dia, 3 de setembro, Kássio Nunes participou, remotamente, de uma sessão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A transmissão teria sido feita do iate?
Quando teve sua presença na festa revelada, Kassio Nunes disse que havia viajado para Roma, num “compromisso acadêmico”. Como estava perto, decidiu ir até Mykonos para cumprimentar o amigo pelo aniversário.
O ministro, o governador e os foragidos da Justiça, todos na festa do cantor. Bons amigos ou bons companheiros?
Bons companheiros eram aqueles do filme de Martin Scorsese que revela uma vida de luxo e poder na cidade dos jogos, baseado no livro Cassino: Amor e Honra em Las Vegas”, de Nicholas Pileggi.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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