Keynesianos de ocasião
Foi preciso que uma infelicidade sacudisse o planeta para que os ultraliberais comandados por Bolsonaro e Paulo Guedes acordassem
Foi preciso que uma infelicidade sacudisse o planeta para que os ultraliberais comandados por Bolsonaro e Paulo Guedes acordassem para a necessidade de aplicar políticas minimamente voltadas para dar algum fôlego à economia.
Antes da pandemia de coronavírus, o País já se debatia sob os efeitos do estrangulamento fiscal e de cortes de direitos que resultavam em PIBs anêmicos — em 2019, não esqueçamos, o resultado foi de 1,1% — retorno do Brasil ao mapa da fome, 11,9 milhões de desempregados e quase 40 milhões de trabalhadores na informalidade e sem qualquer garantia.
Os resultados eram desastrosos e mortíferos, mas o remédio era tratado pelos ultraliberais como inquestionáveis. Mas veio a pandemia para virar os manuais pelo avesso: grandes empresários “descobriram” a importância de seus empregados e casos terminais de privatismo se converteram à necessidade da presença do Estado.
O BNDES anunciou algumas medidas pontuais para auxiliar setores da economia na travessia da crise levada ao paroxismo pela pandemia. Um exemplo é a linha de crédito de R$ 40 bilhões para que pequenas e médias empresas possam pagar até dois salários mínimos a seus empregados por dois meses, com o compromisso de não demitirem por igual período.
A linha de crédito do BNDES vai beneficiar empresas com faturamento anual de R$ 360 mil e R$ 10 milhões, deixando de fora o vasto contingente de microempreendedores e autônomos.
Iniciativas como essa sugerem que até mesmo os mais empedernidos dos Chicago boys são capazes de apanhar um livro de Keynes na prateleira, quando a coisa aperta.
Mas a timidez da medida comprova que a sensibilidade social atingiu apenas a epiderme dos tecnocratas — e nem sinal de proposta concreta para permitir um mínimo de proteção aos trabalhadores durante a pandemia.
O meu partido, o PT, defende uma atuação muito mais profunda do Estado do que as receitas para uso tópico apresentadas pelo governo, até agora.
Nesta segunda-feira, apresentamos um novo conjunto de propostas para garantir a renda, o bem estar mínimo e a sobrevivência econômica nesta crise do coronavírus.
O projeto garante a remuneração de quem ganha até três salários mínimos e vai beneficiar 30 milhões de trabalhadores. A linha de crédito do BNDES e Banco Central que defendemos é de R$ 300 bilhões para as empresas.
Depois de assegurar a renda básica de até R$ 1.200 para todos os inscritos no Cadastro Único de Programas Sociais, beneficiando 77 milhões de pessoas, estamos propondo o Salário Quarentena, garantia de remuneração e manutenção do emprego durante a pandemia para 80% dos trabalhadores do país, ao custo máximo mensal de R$ 34 bilhões.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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