Ladrões de bicicleta

O que tira o sono de quem mora em São Paulo, como eu, não é o narcotraficante do PCC nem o pequeno vendedor de droga que atua embaixo de algum viaduto, o que apavora é o ladrão de celular, que há muito tempo descobriu que qualquer pessoa, de qualquer idade, de qualquer classe social tem um celular e também descobriu como roubá-lo da melhor forma, pegando o infeliz dono do aparelho de surpresa, com o celular na mão, que arranca da mão dele pilotando uma bicicleta, como já vi acontecer várias vezes na avenida cartão postal da cidade, a Paulista, onde são roubados (segundo dados oficiais) sete celulares por dia (é claro que nem todos os roubos são registrados pelas vítimas). São furtos, porque o ladrão não usa revólver, só a agilidade, e tem gente que até acha graça, ou elogia a esperteza do ladrão, mas tem também as duplas que usam moto e arma, como a que matou um ciclista na semana passada, a sangue frio, sem anunciar assalto, sem que reagisse e aquelas que, disfarçadas de motoboy de aplicativo, rendem a vítima e, a depender de seu comportamento, dão cabo dela. O grande pavor de pais, como eu, é que esses ladrões de bicicleta ou de moto cruzem o caminho de seus filhos e eles entrem na lista das mais de 270 mil vítimas de roubo de celular em 2024.

Em vez de mais camburões e mais PMS armados até os dentes, em vez de chacinas e balas perdidas, precisamos de brigadas de policiais de bicicleta e de moto policiando as avenidas mais movimentadas, aquelas onde transitam pessoas de todos os bairros, todas as classes sociais, como a já citada Paulista, a Faria Lima, o Viaduto do Chá, dentre outros locais, essas brigadas têm que circular o dia todo, têm que ser muito visíveis, têm que ser muitas, a presença policial é a única forma de inibir os ladrões e isso é o mínimo que podem exigir os cidadãos da maior cidade do país, com orçamento de R$120 bilhões.