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    Fernando Lavieri

    Jornalista, com passagens pela IstoÉ e revista Caros Amigos

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    Legado de Paris

    Para além do caráter político das Olimpíadas, os EUA ainda prevalecem ideologicamente

    Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Paris 2024 (Foto: Reuters/Benoit Tessier)

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    Nos Jogos Olímpicos de Paris ficou evidente que política e esportes nadaram na mesma raia. Mais: todo o mundo viu que público e atletas acompanharam as disputas e participaram manifestando-se para além das emoções douradas, prateadas ou bronzeadas.

    O caráter ideológico e hegemônico dos Estados Unidos também esteve presente nos jogos de Paris. A primeira demonstração de força do império ocorreu antes mesmo do início da competição. O Comitê Olímpico Internacional (COI) baniu a delegação da Rússia das Olimpíadas de 2024. Agora, fica a pergunta: por que os magníficos atletas russos não puderam competir ostentando a bandeira de seu país? A resposta: devido a Operação Especial na Ucrânia, bravateou o COI.

    Suponhamos que tal condenação está correta. Ao mirar o caso russo, surge mais questionamentos: por que então o COI permitiu que Israel participasse das Olimpíadas sem problema algum e empunhando sua flâmula? Resposta: por orientação dos Estados Unidos? Será que o Comitê Olímpico Internacional não reconhece o genocídio palestino perpetrado pelo Sionismo ou apenas prefere ficar equidistante? Ou, ainda, pelo fato de, se determinar que desportistas israelenses teriam de disputar os jogos sob bandeira neutra, implicaria em mesma punição ao Tio Sam, parceiro fundamental na continuação da Nakba?

    Se as Olimpíadas fossem geridas pelo fator Justiça que, aliás, deveria ser o principal patrimônio dos jogos, o evento internacional não seria o mesmo que conhecemos. No caso estadunidense, os seus incríveis atletas deveriam ser impedidos de participar dos jogos Olímpicos sem o som de seu hino nacional e bandeira desde 1945. Ou seja, em Paris houve um Rio Sena de mentiras hipocrisias no núcleo de poder dos jogos.

    O próprio curso d’água francês confirmou a afirmação anterior. Ele deveria estar tão límpido como o céu de Caraíva, mas não está. Ao contrário, o Sena apresentou altos níveis de coliformes fecais.

    Nesse contexto envolvendo a política, os esportes e o imperialismo estadunidense, os atletas da República Democrática do Congo, por exemplo, denunciaram o impressionante massacre da população em vigor a mais de uma década, devido ao imperialismo francês e estadunidense. No dia da abertura do espetáculo, esportistas da Argélia atiraram flores ao Rio Sena para rememorar o massacre de argelinos cometido pela polícia, na capital francesa, em 1960. Nessa situação não poderia faltar os inúmeros espectadores que criticaram abertamente Israel com o brado: Palestina Livre!

    A questão Palestina é hoje o parâmetro de humanidade. Ou seja, quem ler esse artigo tem a obrigação de refletir sobre o genocídio palestino. Mais: deve dizer publicamente que gostaria de fazer com o Sionismo a mesma coisa que Beatriz Souza, genial campeã olímpica brasileira, fez com a sua oponente israelense, ou seja, jogá-lo ao chão.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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