Lembrem-se do atentado ao Sintusp: indignação de Dilma com o terrorismo é seletiva
A presidenta Dilma Rousseff repudiou com firmeza o atentado ao Instituto Lula, independentemente de as imagens das câmeras de segurança evidenciarem que se tratava de mera intimidação. Os criminosos queriam apenas fazer barulho, não causar verdadeiros estragos ou ferir alguém
A presidenta Dilma Rousseff repudiou com firmeza o atentado ao Instituto Lula, independentemente de as imagens das câmeras de segurança evidenciarem que se tratava de mera intimidação. Os criminosos queriam apenas fazer barulho, não causar verdadeiros estragos ou ferir alguém.
Mas, o ato em si tem de ser repudiado, qualquer que haja sido a periculosidade. Portanto, ela está certíssima na sua avaliação:
"A intolerância é o caminho mais curto para destruir a democracia. Jogar uma bomba caseira na sede do Instituto Lula é uma atitude que não condiz com a cultura de tolerância e de respeito à diversidade do povo brasileiro".
Assim como estava erradíssima em janeiro de 2012, quando ignorou olimpicamente um episódio muito mais grave, conforme qualquer um depreende deste alerta que lancei na ocasião:
"... ecos do frustrado atentado ao Riocentro ressoam na denúncia do Sindicato dos Trabalhadores da USP, de que acaba de ocorrer uma 'criminosa tentativa de sabotagem no Sintusp': quando os funcionários chegaram para trabalhar no dia 12, encontraram pastas e documentos revirados e todos os botões do fogão industrial abertos, sem que tivessem sido violados os cadeados de entrada nem as fechaduras das portas que dão acesso à entidade e salas internas.
Funcionários e estudantes se recordam de terem visto, na véspera, vigilantes da empresa Evik e policiais à paisana rondando o sindicato.
...Este é o último capitulo de (...) uma verdadeira ofensiva repressiva feita por parte da reitoria e do governo, que se dá através de processos administrativos, criminais e ações de espionagem contra os diretores e ativistas do sindicato e estudantes que lutam em defesa de uma educação pública, gratuita e de qualidade para todos".
Ou seja, daquela vez uma simples faísca poderia ter mandado o Sintusp pelos ares, mas a presidenta da República enterrou a cabeça na areia, como costuma fazer quando é atingida a esquerda autêntica. Chegou ao cúmulo de esparramar copiosas lágrimas retóricas por um oficial da PM agredido nos protestos de rua, num momento em que manifestantes e repórteres eram simplesmente barbarizados pela corporação.
Adota postura diametralmente oposta quando a vítima é boa companheira, ou seja, pertence à fatia da esquerda que antes qualificávamos de reformista e agora está mais desvirtuada ainda (a ala governista do PT, p. ex., se tornou verdadeira contradição em termos, uma esquerda neoliberal).
Também não me lembro de ter ouvido então a maioria das vozes hoje erguidas exaltadamente contra o terrorismo, numa overdose de indignação democrática. Por que será?
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com redacao@brasil247.com.br.
✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.
iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: