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    Marcia Tiburi

    Professora de Filosofia, escritora, artista visual

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    Liberar fake news é como liberar armas

    "Para que acabar com a mentira se a extrema-direita não sobrevive sem ela?", provoca Marcia Tiburi

    Câmara dos Deputados (Foto: Zeca Ribeiro / Agência Câmara I Wilson Dias / Agência Brasil)

    Quando podiam revogar o veto de Bolsonaro que mantém as fake news isentas da marca do crime, 317 deputados mantiveram o apanágio da mentira na votação desta semana na Câmara. 

    As fake news seguem normalizadas para a alegria dos canalhas. Os pastores que votaram pela manutenção do veto sabem que pecam, mas como são vis e diabólicos, não se importam com isso. Eles sabem que seus fiéis são ignorantes úteis. 

    Bancar o veto à criminalização da informação falsa é garantir que o jogo da manipulação não mudará. 

    É compreensível. Para que acabar com a mentira se a extrema-direita não sobrevive sem ela?

    Há poucos dias vimos o ministro Fernando Haddad desmentindo a larva do MBL e outros deputados que parecem apenas ignorantes sobre a burocracia estatal, mas na verdade, usam a mentira como arma para perturbar a ordem. Atrapalhar também faz parte do jogo do poder. 

    Já Mussolini e Hitler precisavam da mentira, como Bolsonaro precisou para se eleger e seguir com seu mandato de destruição do país. Como Eduardo Leite e Sebastião Melo no Sul precisam dela para justificar o injustificável. Para os extremistas de direita, acabar com a mentira, essa arma política letal, seria um tiro no pé. 

    Defendendo a mentira, cada canalha do Congresso eleito por gente manipulada defende a si mesmo. 

    Protegendo a falsidade, os brutamontes protegem seus cargos. 

    Não seriam os armamentistas que deixariam de aproveitar para liberar mais essa arma, a arma das armas contra a democracia. Deputados e deputadas do campo democrático que se cuidem, pois estamos falando de armas e de seu uso por homens armados e capazes de tudo. Além das mentiras, daqui a pouco tais brutamontes podem estar usando revólveres e metralhadoras dentro do Congresso. Ou fora dele, como fizeram contra Marielle Franco. Canalhas não aceitam perder.  

    No campo democrático, o jogo da verdade é cada vez mais frágil. E temos que nos perguntar o que pode a verdade contra a mentira quando a mentira virou regra e é legalizada? 

    Ninguém precisa mentir sobre a extrema-direita. Talvez as pessoas democráticas não tenham nem criatividade para isso. A imoralidade, a falta de escrúpulos, o desrespeito aos valores democráticos, deixam a todos paralisados no estupor. 

    Quem não é perverso não sabe jogar o jogo dos perversos. 

    Não é agradável pensar aonde esse estado de coisas irá nos levar.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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