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    Mauro Passos

    Engenheiro, ex-deputado federal pelo PT/SC, e presidente do Instituto Ideal

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    Lições olímpicas

    "Não se faz atleta olímpico em quatro anos, é um processo longo"

    Cerimônia de encerramento das Olimpíadas de Paris (Foto: REUTERS/Sarah Meyssonnier)

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    Os Jogos Olímpicos de Paris, sob olhares mais amplos que o quadro de medalhas, deixa um importante legado: a humanidade tem que ser menos competitiva e mais amorosa. Um evento global transmitido para bilhões de pessoas num mundo que acompanha ao vivo cenas de guerra nos faz refletir sobre as tragédias em curso. O COI ao se posicionar formalmente pela paz dos povos, contra a violência e pelo respeito a diversidade, deu a sua contribuição. Talvez tenha sido essa a principal lição olímpica.

    Quanto a nós, regredimos. Ao contrário do que a grande imprensa tentou mostrar, os resultados ficaram abaixo da nossa expectativa. Talvez a gente até possa concordar com a tese que alguns levantam que o peso da Medalha de Ouro para a formação do ranking dos Jogos Olímpicos, é desproporcional em relação as medalhas de prata e bronze. Só que são essas as regras do jogo, portanto não há o que reclamar. Infelizmente, foi o nosso pior desempenho desde Atenas, em 2004 (5 ouros).  

    Pela primeira vez ficamos fora do pódio em vários esportes que tínhamos tradição olímpica. Para o maior país da América Latina, ficar em vigésimo lugar foi um péssimo resultado. Na avaliação que será feita pelo COB, com certeza vai aparecer que foi graças a excelente participação das atletas femininas que tivemos uma sobrevida  em Paris. Sem elas e suas três medalhas de ouro, teríamos ficado abaixo de Cuba (32) e muito próximo do Equador (49) e da Argentina (52), no quinquagésimo lugar. 

    Para os próximos Jogos Olímpicos, em Los Angeles, já tem gente se preparando. Qualquer evento dessa magnitude exige um rigoroso planejamento. Não se faz atleta olímpico em quatro anos, é um processo longo de preparação física e mental. Aqui por pressões políticas se trocou no meio do caminho a ministra do Esporte, Ana Moser. As coisas não funcionam assim, que fique a lição. Nada é por acaso. 

    PS - A catarinense Ana Moser foi medalhista olímpica em 1996. Em 2023 foi nomeada a primeira mulher Ministra do Esporte. Pouco tempo depois foi exonerada do cargo para dar lugar a André Fufuca, deputado federal do Centrão (PP/MA).   

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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