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    Luís Costa Pinto

    Luis Costa Pinto, jornalista, editor especial do Brasil 247 e vice-presidente da ABMD, Associação Brasileira de Mídia Digital

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    Lira perdeu a compostura porque foi flagrado na descendente: não é Midas, é ouro de tolo

    A diatribe verborrágica de Arthur Lira galvanizou apoios e solidariedades ao ministro Alexandre Padilha para além do PT, escreve Costa Pinto

    Arthur Lira (Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados)

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    Tendo saído do alçapão do baixo clero do Parlamento brasileiro para os píncaros da glória da presidência da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados num período de escassos cinco anos, o alagoano Arthur Lira conseguiu esconder até a noite da última quarta-feira o imenso rol de defeitos que compõem seu prontuário político. Como escalava a escadaria da fama, todas as iniciativas que abraçava, mesmo as mais iníquas e bárbaras, pareciam reluzir com a intensidade e a força de projetos áureos. Porém, ao ver confirmada por maioria de 277 votos em plenário a prisão preventiva de um colega igualmente egresso do pântano parlamentar, Chiquinho Brazão, acusado de ser um dos autores intelectuais do duplo assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes, Lira perdeu a compostura e o verniz dourado que conferiam alguma majestade àquela pedra bruta.

    Era ouro de tolo, ou pirita. A pirita é um metal semelhante ao ouro, mas custa uma fração mínima do original. No meio da bandidagem e nas feiras do rolo, até engana muitos desavisados por algum tempo. Depois, vira contrapeso a ser acomodado nas sacolas onde as almas sebosas carregam os bagulhos para seguir tocando a vida.

    Para além da humilhação que sofreu com a derrota da tese bizarra e falsa que patrocinou - a de que manter Brazão, provável mandante de um crime político de repercussão internacional, feria a Constituição - Arthur Lira se incomodou com a emersão da evidência flagrante: não projeta mais nenhuma perspectiva de poder em Brasília e nem é ameaça constante ao sucesso do Governo, sua influência declina tão aceleradamente quanto se formam as alianças e blocos para a sucessão interna da Casa. Pior de tudo, na lógica tortuosa das máfias, foi que toda a tortuosa manobra para tirar o tal Chiquinho Brazão da cadeia jogou luz nos porões da Câmara e expôs a desfaçatez e liberalidade com que Eduardo Cunha, patrono e antecessor de Lira no exercício usurário da cadeira de presidente da Câmara, movimenta-se naquele submundo e coleciona lealdades. Para obnubilar tudo, para esconder os maus passos e para turvar a visão dos analistas que davam-no como derrotado evidente da manutenção de Brazão na cadeia, Arthur Lira então mirou no peito do ministro Alexandre Padilha e desferiu o tiro que julgava mortal. Não foi. O cão da arma de fogo trincou e o tiro saiu pela culatra, evidenciando ainda mais o modus operandi chantagista, desqualificado, desleal e atroz do personagem que ainda preside a Câmara dos Deputados.

    A diatribe verborrágica de Arthur Lira galvanizou apoios e solidariedades a Padilha para além do PT - também dentro de partidos do “Centrão” partidário que possui três nomes já em campanha para presidir a Mesa Diretora da Câmara a partir de fevereiro de 2025. O chefe da Articulação Política do Palácio do Planalto, que é um dos integrantes do ministério, por ofício, mais próximos do presidente Lula, saiu-se muito bem ao citar Emicida - “rancor é igual tumor” - e recusar-se a “descer ao nível” do antagonista que o havia atacado desmedidamente durante uma feira agropecuária em Londrina no dia anterior. Alexandre Padilha angariou cumprimentos solidários até mesmo dos partidos e dos próprios deputados Marcos Pereira (Republicanos-SP), Antônio Brito (PSD-BA) e Isnaldo Bulhões (MDB-AL), adversários do preferido de Lira para a sua sucessão, Elmar Nascimento (União-BA).

    As jazidas de sal gema mineradas pelo deputado de Alagoas no barro seco do Planalto Central renderam algum prestígio e muita influência por tempo já exagerado em face do despreparo e dos déficits de qualidade de Arthur Lira. Agora, as paredes e o teto das covas estão ruindo e podem soterrar junto o prontuário que ele jamais conseguiu converter em biografia.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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