Livro da cabeceira de Bolsonaro são as memórias do coronel Ustra
Ustra morreu em 2015, mas deixou na Terra um saldo pesado de 502 casos de tortura e mais de 40 assassinatos, ocorridos durante o seu comando no Destacamento de Operações de Informação-Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) de São Paulo, um dos mais tenebrosos centros de tortura da ditadura militar (1964-1985)
O livro de cabeceira de Bolsonaro são as memórias do coronel reformado do Exército Carlos Alberto Brilhante Ustra. Ele considera o coronel seu ídolo.
Hoje, às 12h, no Tribunal de Justiça de São Paulo, haverá o julgamento do recurso de defesa desse coronel, condenado em primeira instância por tortura e assassinato do jornalista Luiz Eduardo da Rocha Merlino, em 1971. Ustra recorreu da condenação antes de morrer. Para a família de Luiz, a decisão favorável já obtida é importante porque há um reconhecimento do Estado brasileiro acerca das violações cometidas contra o jornalista
Luiz não é um caso isolado. Ustra morreu em 2015, mas deixou na Terra um saldo pesado de 502 casos de tortura e mais de 40 assassinatos, ocorridos durante o seu comando no Destacamento de Operações de Informação-Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) de São Paulo, um dos mais tenebrosos centros de tortura da ditadura militar (1964-1985).
Por falhas históricas na educação brasileira, muita gente não sabe o que é ‘livro de cabeceira’, e nem ‘DOI-Codi’. Mas todo mundo sabe o que é tortura e assassinato.
Em geral, os ídolos nos servem de exemplo, sendo um farol em nossas vidas. Muita gente, por exemplo, tem Jesus Cristo como guia, mesmo 2 mil anos após sua morte. Jesus foi brutalmente torturado, antes de ser morto na cruz.
Pra mim, parece estranho alguém preferir ter como exemplo de vida o soldado romano que açoitou pesadamente Jesus em lugar de dar preferência ao próprio Cristo. Ou eleger como referência o outro soldado presente, que, zombando do Nazareno, ofereceu vinagre quando Ele disse ter sede. Ou ainda mesmo um terceiro personagem presente na cena do crime que, também fazendo chacota de Jesus, afundou uma coroa de espinhos em Sua cabeça.
Sempre que penso no sofrimento de Jesus, lembro de adultos e crianças torturadas aqui no país e em outros lugares do mundo.
Bolsonaro usa em sua campanha um slogan que diz: ‘Deus acima de todos’, mas tem por farol existencial um assassino e torturador condenado. Será que o candidato não sabe que Jesus era, Ele mesmo, o Filho de Deus?
Fico imaginando que se ele soubesse dessa ligação fundamental entre Pai, Filho e Espírito Santo, em lugar dessas memórias, o candidato teria, na mesinha ao lado de sua cama, uma Bíblia, que é o livro sagrado dos cristãos.
Será que Bolsonaro, bem como a sua legião de seguidores, tomou o nome do Senhor, nosso Deus, em vão?
‘Sua garganta é um sepulcro aberto,
sua língua profere enganos;
há veneno de serpente
debaixo de seus lábios,
sua boca está cheia de maldição e amargura.
Seus pés são velozes
para derramar sangue;
há destruição e miséria
em seus caminhos.
Desconheceram o caminho da paz,
não há temor de Deus diante de seus olhos.’
[ Romanos 3:13-18 ]
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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