Lula e Javier Bardem
Na ONU e no Festival Internacional de Cinema de San Sebatián, as expressões foram de repúdio ao genocídio palestino. Ambas as posturas são dignas de aplausos
Para que as últimas brisas de humanidade continuem a soprar no Ocidente, é fundamental que o genocídio do povo palestino e os ataques aos civis libaneses sobrestejam. E para que o cessar-fogo aconteça, é também fundamental que as grandes vozes da política e das artes se manifestem em público e, de preferência, nos grandes palcos globais. Tal coisa aconteceu recentemente na 79ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, nos Estados Unidos, e durante a 72ª edição do Festival Internacional de Cinema de San Sebatián, na Espanha. O evento artístico é um dos mais importantes de todo o mundo e dos mais tradicionais da Europa.
O presidente Lula, como de costume ao Brasil, iniciou os trabalhos na ONU. Ele foi, digamos, delicado com as palavras, circunstância que evidencia mudança no jeito de ser das Relações Internacionais do Brasil. Apesar da forma branda, no frigir dos ovos, Lula se posicionou contra o massacre palestino ao abraçar carinhosamente Mahmoud Abbas. Gustavo Petro, presidente da Colômbia foi mais duro e assertivo que Lula. Ele incriminou Israel. Gabriel Boric, chefe de Estado do Chile, seguiu a linha de Petro no aspecto da veemência. Faltou, contudo, aos líderes políticos sul-americanos criticarem diretamente o sistema imperialista global liderado pelos Estados Unidos, algo que deve ser feito diariamente. A relevância dos discursos na ONU está em manter o debate sobre a questão palestina em alta e impedir, minimamente, que a grande imprensa continue a naturalizar o genocídio.
Outros líderes políticos, sobretudo, os da África, maldisseram em coro Israel, na ONU. Como a arte também é instrumento de mobilização contra as iniquidades do mundo, peguemos o exemplo de altruísmo de Javier Bardem, magnífico ator espanhol. Ele colocou o dedo na ferida ao ser agraciado pelo conjunto de sua obra no San Sebatián. "O que está acontecendo em Gaza é inaceitável. Uma guerra contra crianças. Israel está cometendo crimes contra a humanidade. É impossível para mim festejar a premiação em meio ao que está acontecendo”, disse Bardem.
Agora, por mais que saibamos que Israel desrespeita toda e qualquer regra de Direitos Humanos e que discursos na ONU e em espaços artísticos não significam absolutamente nada para o sionismo, a existência de manifestações contundentes contra a barbárie são sempre bem-vindas.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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