Lula e o desafio de conviver com o velho novo imperialismo com Trump no poder
Investida contra a América Latina, como já está acontecendo no Canadá, Panamá e Groelândia, crescerá quanto mais frágil se apresenta a democracia brasileira
O Brasil terá de redobrar ou triplicar suas precauções diante da ameaça do novo presidente americano Donald Trump que propenso a ocupar o Canadá, a Groelândia e o canal do Panamá.
O império é violento e pragmático, como já está atuando em relação a potências mais fortes, como a Europa, no ambiente da guerra na Ucrânia.
Resiste a continuar bancando os europeus com empréstimos baratos e OTAN para fazer segurança do velho continente.
Promete cortar essas despesas e despejar nas costas dos europeus o custo de sustentação de uma nova ordem imperialista.
O mesmo vem aí para esses três países que o império quer incorporar, por julgar que está tendo prejuízo com eles, do seu ponto de vista da dominação internacional.
Os outros, como o Brasil, podem se preparar, pois vem chumbo grosso por aí.
CUSTO DE DOMINAÇÃO NEOLIBERAL - Washington já despeja sobre nós, desde o fim da ditadura militar, política de austeridade fiscal e monetária, em nome do fortalecimento do dólar, cujas consequências são a destruição lenta e gradual do Estado nacional, no capitalismo periférico dependente.
Como o Brasil não tem força militar, à qual renunciou ao assinar tratado de não proliferação de armas nucleares, na Era FHC, por exigência do império, como se defender das investidas imperialistas de um Banco Central antinacional que atende interesses não do Brasil mas de investidores, dos grandes fundos de investimentos controlados por Wall Street?
Desde o fim da segunda guerra, Washington montou sua estrutura de dominação financeira por meio de bancos centrais em cada país obediente a um banco central dos bancos centrais(BIS, localizado na Basiléia), obedientes por sua vez à política do FED americano.
Essa é a dura realidade presente, que caracteriza a "independência" dos bancos centrais, ou seja, independência em relação aos estados nacionais.
CARENTE DE BOMBA ATÔMICA - Se o Brasil tivesse construído sua bomba atômica, como era o plano do ex-presidente militar, Ernesto Geisel, discípulo de Getúlio Vargas, participante da revolução de 1930, seria muito mais respeitado no contexto da nova geopolítica global, mais do que nunca ancorada na força militar e atômica.
Israel, daquele tamanhozinho, construiu a sua bomba e, por isso, põe banca.
O Brasil, desse tamanhozão, potência mineral e agrícola, não tem bomba e fica obrigado a engolir sapos, submetido a políticas de deterioração nas relações de trocas comerciais desde sempre que impedem sua industrialização.
Sem a manufatura das reservas minerais e dos produtos primários em geral, sendo potência agrícola, tem que importar caro e exportar barato, acumulando déficits em contas correntes no balanço de pagamento, condenando-se à submissão econômica internacional, convivendo com força de trabalho precária, submetida à violenta exploração de mais-valia.
Por isso, engole acordos como o do Mercosul com a União Europeia, francamente, prejudicial aos interesses nacionais.
Ainda assim, Trump já ameaça Brasília de que vai retaliar o país com medidas protecionistas.
Com o real fraco, diante do dólar, que se fortalece quando Washington puxa sua taxa de juros, atraindo para lá a poupança internacional em moeda forte, para defendê-la, o governo brasileiro não apenas fica vulnerável diante de pressões inflacionárias, como fica muito barato o patrimônio estatal, candidato ao sucateamento, como acontece em relação à Petrobrás e Eletrobrás.
DOMÍNIO DOS FUNDOS PODEROSOS - A Petrobrás, por exemplo, está sob controle de grande fundo de investimento, como o Black Rock, que atua ao largo do poder estatal, que dispõe de apenas 36% das ações da empresa, sem condições, portanto, de determinar seu destino conforme orientação nacionalista.
Os jornalões da direita, como a Folha, por exemplo, já espalha fakenews, sem comprovações reais, configurando pura mentira, denunciando fragilidades das estatais, para acelerar sua privatização.
Qual a força nacionalista existente diante de um Congresso dominado por direita e ultradireita fascista prontas para obedecer a ordem de Trump quando ela chegar com força?
O futuro presidente americano, que toma posse em 20 de janeiro, já disse que a prioridade do seu governo será furar poço de petróleo por meio das corporações petrolíferas americanas, de modo a garantir o abastecimento dos Estados Unidos.
Trump não acredita na teoria ecológica, ambiental, para enganar trouxas, segundo ele, de que a era do petróleo acabou.
Mais do que nunca, petróleo é símbolo do poder, como prova a prioridade do governo americano de derrubar a presidenta Dilma Rouseeff, em 2016, para abocanhar a Petrobrás.
Segue essa orientação relativamente também quanto ao governo Maduro, da Venezuela, no alvo das tentações de Washington, para dominar o petróleo venezuelano.
Hoje, desnacionalizada, em sua essência, por conselho de administração dominado pelo Black Rock, estão brecadas, na Petrobrás, construção de refinarias para assegurar valor agregado ao óleo extraído por modernas tecnologias desenvolvidas pela estatal criada por Getúlio Vargas, mantendo-a subutilizada.
O governo brasileiro, enfraquecido na economia dominada pela especulação dos fundos internacionais de investimentos, como esse Black Rock, que joga a inflação para cima por meio de especulação, fica sem outra saída senão se render aos ajustes fiscais e monetários por meio de juros altos, puxados por BC "Independente".
Trata de estratégia que inviabiliza os investimentos em escala necessária para a industrialização e crescimento sustentável por meio da criação de empregos de qualidade, na tarefa de construção de infraestrutura interna capaz de romper com o subdesenvolvimento estrutural.
SAÍDA: PARTICIPAÇÃO POPULAR - Restaria, portanto, desenvolvimento da consciência política nacional, mobilizada para fortalecer o governo, mas essa alternativa deixou de ser projeto nacional, como se o povo mobilizado não fosse a maior arma para assegurar soberania.
É ela que garante a reformulação da política conservadora, renova parlamentos, com políticas soberanas de maior participação social, como democracia participativa etc.
Sem essas providências nacionalistas, a sociedade perde a dimensão da necessidade fundamental de se mobilizar para defender o que é seu.
São os instrumentos maiores da segurança nacional que impõem respeito para barrar interferências externas, tanto no campo econômico como político, no sentido fortalecer as instituições democráticas por intermédio da participação popular nas decisões nacionais, a fim de evitar as restrições fiscais e monetárias imperialistas pró-mercado especulativo.
Esse é o desafio maior do governo Lula, nos próximos dois anos, para fortalecer as bases democráticas, abaladas pelo neoliberalismo, que fragilizou as instituições, depois de 2016, com a derrubada de Dilma, pelo capital financeiro, ancorado no Congresso vendilhão da pátria.
A investida de Trump contra a América Latina, como já está acontecendo relativamente ao Canadá, Panamá e Groelândia, crescerá quanto mais frágil se apresenta a democracia brasileira, carente de participação popular para defendê-la diante do neoliberalismo imperialista que aprofunda sua debilidade estrutural.
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