Cadê o ouro?
Cabe celebrar as vitórias -- que não foram poucas -- e refletir com clareza e responsabilidade sobre as derrotas
No encerramento das Olimpíadas de Paris, a delegação brasileira trazia um total de 20 medalhas na bagagem: 3 ouros, 7 pratas e 10 bronzes. Pelo número total, foi um desempenho muito bom ou pelo menos razoável.
Comparado com os antecedentes, o resultado é outro. Nas Olimpíadas anteriores, em Tóquio, o número final foi de 21 medalhas, uma a mais. O problema é a qualidade. Há quatro anos, a delegação brasileira retornava com 7 ouros.
Comparado com seu passado ao programa Bolsa Atleta, instituído em 2005, no primeiro mandato de Lula, a diferença segue assombrosa. O Brasil chegou a passar quase 30 anos sem receber uma única medalha em qualquer modalidade. Os números de hoje podem -- e devem -- ser lidos de outra maneira, porém.
Comparados com aquilo que nossos atletas desempenharam em 2020, coloca-se uma dúvida difícil de responder. Ou nossa delegação andou para trás. Ou nossos rivais progrediram além da conta.
É um debate a ser feito com conhecimento de causa e responsabilidade, pois a audiência dos jogos e sua importância na formação da juventude, em particular das camadas inferiorizadas da população, não pode ser desprezada.
Ao longo das 25 Olimpíadas disputadas desde 1920, em Antuérpia, em três ocasiões os brasileiros retornaram para casa sem nenhuma medalha no bolso. Em outras 11 disputas, o desempenho ficou abaixo de 5 medalhas. Tivemos quatro participações com um modesto saldo de 3 medalhas, e três com apenas duas.
Abandonando a hipocrisia reinante na matéria, que tratava esportistas em tempo integral como atletas mobilizados num amadorismo de fachada, a criação do Bolsa Atleta permitiu a construção de universo esportivo em bases transparentes e comuns aos interessados.
Pelo novo regime, que entrou em vigor em 2005, último ano do primeiro mandato de Lula, atletas iniciantes têm direito a uma ajuda mensal que, em números de hoje, se inicia em R$ 410 por mês e pode alcançar patamares de R$ 3.437. Para atletas de alto desempenho, padrão típico da delegação olímpica, a remuneração pode chegar a R$ 16.629 mensais.
Ali se encontra o nível pódio, próprio para esportistas que tem um desempenho compatível com disputas internacionais de primeiro nível e passaram a ter os meios de cumprir metas equivalentes.
Cabe lembrar que o desempenho de nossos atletas mostrou um progresso inegável ao longo de décadas. No período anterior, o país não chegou a conseguir 1 medalha por cada Olimpíada -- ficou em 0,67. Com o Bolsa Atleta, chegou-se a média de 18 medalhas por Olimpíada, o que prova o acerto da mudança.
No caminho de volta para casa, cabe celebrar as vitórias -- que não foram poucas -- e refletir com clareza e responsabilidade sobre as derrotas.
Alguma dúvida?
(Este texto foi reelaborado para incorporar atualizações, momentos depois de publicado)
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