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    Marlon de Souza

    Jornalista, atuou como repórter na série de reportagens sobre o esquema conhecido como a Máfia das Sanguessugas. Venceu o Prêmio de Jornalismo do Movimento Nacional de Direitos Humanos e o Prêmio de Jornalismo Econômico da FIESC

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    Lula o maior estadista da história do Brasil está livre de novo

    Com o maior estadista da história do Brasil agora livre novamente, com sua capacidade de convocatória, de mobilização e de explicar às massas de que o atual governo colapsou a economia do país será possível revogar e reverter as medidas regressivas implementadas desde 2016 e que estão destruindo o Estado brasileiro

    (Foto: Stuckert)

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    O presidente Lula após uma longa batalha judicial para ter seu direito de expressão garantido concedeu inúmeras entrevistas durante os 580 dias em que esteve na condição de preso político. Assisti todas as entrevistas do presidente Lula concedidas neste período. Sempre me dediquei ao estudo e a aplicação acadêmica, além disto estudo por dever de ofício, como jornalista a aplicação intelectual faz parte do trabalho. Posso dizer também que convivi e mantenho relações acadêmicas, políticas e profissionais com alguns dos mais importantes intelectuais do Brasil e do mundo.

    Por esta razão, afirmo, com absoluta certeza, que cada entrevista de Lula daquele período é uma aula de quase duas horas de Política, de Economia, de governança, de concepção partidária, sindical, de Relações Internacionais, de Geopolítica e Administração Pública. Foram entrevistas para alguns dos mais relevantes veículos de comunicação de imprensa do país e do mundo como BBC, Página 12, Le Monde Diplomatic, El País, Folha de São Paulo, Brasil de Fato, Brasil 247, Canal France 24, RT, UOL, Agência Pública, Sul 21, Revista Forum, Tutameia, GGN, Carta Capital e muitos outros.

    Assisti o presidente Lula dialogando com alguns dos mais importantes jornalistas e intelectuais que há muito acompanho como Florestan Fernandes Júnior e Mino Carta. Indiferente de um veículo de comunicação ter alinhamento político com Lula ou apreço por ele, o fato de um presidente de um país – seja lá quem for – que terminou seu mandato com índice de aprovação de mais de 85 % de seu governo, por si só já é pauta obrigatória para qualquer jornal ou jornalista sério que salvaguarde e acondicione critérios de noticiabilidade universalmente consolidados. É repugnante que alguns dos maiores grupos de comunicação não tenham solicitado entrevistar Lula, personagem político que figurou em primeiro nas pesquisas a corrida presidencial em 2018 e cujo o julgamento, sua condenação e prisão está desde o início envolta de controvérsia e contestação inclusive sobre o caráter da legalidade e de isenção.

    Lula distribuiu sem precedentes a riqueza no Brasil

    Uma das entrevistas que destaco foi a que o presidente Lula concedeu no dia 25 de setembro de 2019 para o Jornal GNN, naquela ocasião para aquele veículo o jovem empresário e economista Eduardo Moreira e o também economista e professor aposentado da Unicamp (Universidade de Campinas) Luiz Gonzaga Beluzzo o entrevistaram. Naquele dia Lula discorreu essencialmente sobre economia. A partir dos dados apresentados por Moreira, Beluzzo e o próprio Lula é possível se verificar que aquele que se encontrava como preso político é o maior estadista da história do Brasil.

    Alguns historiadores apontam Getúlio Vargas como o maior estadista do país por ter promulgado a legislação trabalhista, fundado a Petrobras, desenvolvido a indústria siderúrgica, o ciclo da borracha, assinado o Tratado de Washington etc. Outros cientistas políticos defendem Juscelino Kubitschek como sendo o maior estadista devido a política desenvolvimentista implementado pelo seu governo.

    No entanto, se constata que embora entre 1950 e 1980 o Brasil tenha crescido 7% ao ano em média, não houve distribuição de renda. Foi no Governo Lula que pela 1ª vez no Brasil os 20% mais pobres tiveram aumento maior que os 20% mais ricos – os pobres ganharam proporcionalmente mais dinheiro que os mais ricos em seu governo. Por este dado objetivo é que é possível afirmar que Lula é o maior estadista da história deste país.

    A forma didática com que Lula explica questões complexas da macroeconomia sempre me chamou a atenção, sempre utiliza histórias, cenas do seu cotidiano para fazer o povo entender. Na entrevista ao GNN Lula conta que estava dentro de um fábrica quando ocorreu o milagre econômico brasileiro. Em 1973 – plena ditadura militar (I964/1985) - Lula conta que trabalhava dentro da indústria Vilares, fabricava pistão de motor de navio – a economia crescia 10%, 14% “e dentro das fábricas não se sentia este crescimento, havia mais empregos, mas os salários não cresciam”.

    Pela primeira vez em 17 anos, devido a decisão do presidente Jair Bolsonaro (PSL), em 2020 o salário mínimo será reajustado apenas pela inflação, sem aumento real. A agenda econômica neoliberal do atual governo põe fim a política de valorização permanente do salário mínimo que teve papel central no Governo Lula e na sustentação econômica do país a partir de 2004.

    A política de valorização do salário mínimo que a partir de 2006 havia passado a ser reajustado pela inflação e pela variação do PIB (Produto Interno Bruto) aumentando o padrão de renda de aposentados (que passaram a ter o ajuste da aposentadoria indexado só aumento do salário mínimo), trabalhadores e do ponto de vista de estratégia de nação aumentou o consumo através deste estímulo no mercado interno. Em recente entrevista ao jornal Brasil de Fato o professor de Economia da Unicamp e presidente da Fundação Perseu Abramo Marcio Pochmann afirma que  “sem esse estímulo, a gente tem uma economia cada vez mais dependente do exterior e isso, obviamente, tende a comprometer ainda mais o potencial do Brasil de sair desse quadro recessivo que já dura cinco anos”.

    A política de valorização do salário mínimo aquecia o mercado doméstico e atenuava as variações e crises econômicas internacionais. Pochmann observa que a política de valorização do salário mínimo teve impacto na economia como um todo, ajudando a manter a população com renda digna nas pequenas cidades, reduzindo a desigualdade e distribuindo renda.

    A extinção da política de valorização do salário mínimo pelo governo Bolsonaro favorece a concentração de renda dos proprietários de indústrias, latifúndios e bancos. Ao passo que nos 13 anos de governos Lula e Dilma, o mínimo aumentou de R$ 200 para R$ 880, em 2016, um crescimento de 340% do valor nominal e 77% de aumento real – média anual de 5,9%.

    Se a mesma política de valorização do salário mínimo do governo Lula fosse aplicada em 2020, além do reajuste inflacionário, os 48 milhões de brasileiros que recebem salários e aposentadorias referenciados no mínimo teriam mais 1,1% de aumento pelo PIB de 2018 – o que daria cerca de R$ 7 bilhões a mais circulado na economia. Isto significa que a atual política do ministro Paulo Guedes tira R$ 7 bilhões da economia.

    Na entrevista ao GNN Lula ressalta que determinou a equipe econômica de seu governo que passassem a considerar a receita da Educação e da Saúde como investimento e não como gasto. Isto é no governo Lula as classes mais populares passaram a ter representação de fato.

    Brasil na contramão do mundo

    A atual política econômica do governo Bolsonaro que é a mesma do governo Temer, mas agora aprofundada, nominada por alguns economistas como ultraliberal dificilmente irá solucionar a situação econômica do país. O programa de privatização do ministro da Economia Paulo Guedes (Petrobras, Eletrobras, Correios etc) é uma política totalmente contrária a política em curso que alguns países implementaram para superar a crise econômica internacional de 2008.

    Pochmann apresenta alguns dados da economia mundial qual demonstra que os EUA, por exemplo, reestatizou vários serviços públicos e empresas. Isto acontece em mais de 60 países, mais de 260 cidades já reverteram o processo de privatização porque chegaram a conclusão que as privatizações levaram o setor privado a obterem maiores lucros, mas a preços crescentes dos serviços e a piora da qualidade. Em contraposição ao discurso da ineficiência tão propalada pelos privatistas está o fato de que das 9 maiores empresas do mundo 7 são estatais; 3 são bancos chineses, 2 são imobiliárias nos EUA e ainda o conglomerado dos correios do japão.

    De acordo com a Revista Forbes em 2005, 10% das 500 maiores empresas do mundo eram estatais e em 2016 já 25% eram estatais. Isto é Bolsonaro coloca o país na contramão da economia internacional ao entregar as estatais, empresas públicas brasileiras e a soberania nacional. Somado a isto, de acordo com dados do professor de Sociologia da Unicamp Ricardo Antunes, dois anos após a promulgação da Lei 13.467 – resultado da contrarreforma trabalhista de Temer – o país ampliou a desigualdade socieconômica, gerou recordes de informalidade. Em um comparativo com 2014 o trabalhador teve perda de 8% de sua renda per capita. O Departamento Intersindical de Estatística E Estudos Socioeconômicos (Dieese) apontam que a recém promulgada “Nova Previdência” de Bolsonaro irá retirar R$ 800 bilhões da economia brasileira devido a redução dos valores dos benefícios, ampliação do tempo de contribuição e a inviabilização de milhões de trabalhadores de se aposentarem.

    O talento aperfeiçoado

    Algo que sempre me impressionou em Lula é a capacidade de comunicar os temas mais complexos da política ou da economia em meia dúzia de palavras. Lula usualmente utiliza um recurso muito eficiente para ilustrar suas explicações para a massa, em geral jogos de futebol ou histórias de seu cotidiano. Em uma das suas entrevistas no cárcere político disse que nunca teve depressão, atribui isto ao fato de que quando era jovem nos anos 60 viu “muitas vezes o Pelé (quando jogava pelo Santos) humilhar o Corinthias”.

    Aliás, a metáfora do futebol é ótima para descrever o próprio Lula. Infelizmente nunca tive o privilégio de conviver nos ciclos sociais e nem políticos próximos de Lula, mas por eu estar no PT desde sempre em alguns momentos tive a oportunidade de presenciar este líder icônico da esquerda e da política brasileira. A primeira vez que vi Lula de perto foi no começo dos anos 90. Por alguma razão coincidente alguns sindicalistas haviam me convidado para uma grande reunião de trabalhadores da microrregião Norte de Santa Catarina e fui. Eu estava com 16 anos na época, era um evento político relacionado a um projeto dos metalúrgicos a nível de país, pretendiam fundar um Sindicato Nacional – o que nunca viera a se efetivar.

    A atividade foi realizada em um Centro de Tradição Gaúcha (CTG) em São Francisco do Sul. Lembro como se fosse ontem, era uma espécie de galpão de madeira rústica, as colunas eram de tronco de árvore. Estes CTGs são muito comuns no Sul no Brasil em especial no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. O lugar amplo estava lotado, logo que cheguei começaram os discursos, havia faixas na parede que faziam alusão ao Sindicato Nacional dos Metalúrgicos.

    Após algumas exposições anunciaram Lula. Ele já era uma figura pública, já era um autoridade política, já havia concorrido a presidência da República, mas era ainda visto como um metalúrgico que sonhava em ser presidente, e a impressão que eu tinha na época – e acho que era a impressão de todos que estavam lá e da esquerda brasileira como um todo – é de que era um sonho longínquo, poucos acreditavam que isto era viável.

    Por acaso eu usava uma camisa branca com uma imensa estrela vermelha do PT no peito, eu estava no fundo daquele galpão, mas quando Lula discursou eu tive certeza absoluta que eu vivia um momento histórico e que a minha frente estava alguém incomum. Após discursar Lula – que já tinha o mesmo jeito que mantêm até hoje - desceu do palco e foi no meio do público cumprimentar as pessoas, abraçar, conversar com antigos companheiros do movimento sindical. Eu fiquei parado no exato lugar onde assisti todo discurso de Lula, e por acaso ele foi do palco em direção a onde eu estava até chegar muito próximo, me cumprimentou e em seguida me abraçou fraternamente. Estive presencialmente com Lula em mais duas ocasiões em uma delas ele estava no exercício da presidência.

    O fato é que Lula é como um jogador de futebol que nasce pronto, como um jogador que o talento é tamanho que vai jogar na seleção. Tem aqueles jogadores que treinam de manhã, de tarde e de noite, mas no máximo serão um jogador mediano. E Lula é aquele jogador que se quer vai treinar, mal passa no Centro de Treinamento, foge da concentração – tipo um Romário, um Garrincha -, mas quando está no jogo e a bola cai no pé, dá um drible e executa uma jogada genial e marco o gol, decide a copa. Lula é assim, nunca teve a educação formal, claro os anos a frente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC vale por um doutorado de Economia, mas o fato é que nasceu pronto, tem a sensibilidade política, a honra e o caráter próprio dos grandes estadistas, algo que não se ensina nem é possível se adquirir no banco de universidade alguma.

    No entanto, nesses 580 dias de cárcere Lula se aperfeiçoou, tipo um Pelé que além de nascer pronto com talento acima da média, preso foi como se ficasse em uma espécie de treinamento concentrado e passou a treinar e tornou o que era ótimo ainda melhor. Lula leu muito de literatura como o moçambicano Mia Couto até obras historiográficas sobre a escravidão, e especializadas sobre economia e sociologia.

    Se não bastasse entre suas visitas estiveram personalidades da política internacional como o ex-presidente do Partido Social Democrata da Alemanha que também é ex-presidente do Parlamento Europeu Martin Schulz, o líder da França Insubmissa o filósofo Jean-Luc Mélenchon, o então candidato a presidente da Argentina Alberto Fernandes, o ex-presidente do Uruguai e atual senador Pepe Mujica e alguns dos mais importantes intelectuais do mundo como o marxista e dissidente estadunidense Noam Chomsky – quem se referiu a Lula como o mais importante preso político naquele momento, o espanhol sociólogo da comunicação Ignácio Ramonet e juristas como a professora de Direito Internacional da UFRJ Carol Proner, além de claro as autoridades políticas do próprio PT como o deputado federal Paulo Pimenta (PT/RS), a presidenta Nacional do PT Gleisi Hoffmann, o ex-ministro Fernando Haddad, o senador Jaques Wagner (PT/BA), o governador do Maranhão Flávio Dino (PCdoB/MA) e tantos outros do partido e do setor progressista que figuram como alguns dos mais importantes quadros do país.

    Ao se assistir cada uma das entrevistas de Lula concedida naqueles 580 dias se evidencia que o convívio com autoridades intelectuais e políticas da grandeza dos citados acima, a leitura de literatura especializada somado a sensibilidade política nata e a experiência da presidência da República fizeram de Lula, que já era um player político monumental, ainda maior. Se constata ainda nas entrevistas que Lula está mais preparado ainda para travar um debate de fundo com qualquer adversário da cena política nacional como o presidente Jair Bolsonaro e sobretudo com seus algozes, aqueles que utilizaram-se do judiciário como instrumento de perseguição política.

    Rússia arrasada pós-colapso da URSS é o Brasil de amanhã

    Não apenas assisti todas as entrevistas de Lula concedidas no cárcere, mas fiz anotações e li alguns dos livros e artigos citados por Lula. Um artigo edificante do ponto de vista da interpretação da conjuntura econômica que Lula citou é “Lições do fim da União Soviética para o Brasil de Bolsonaro” do professor de Economia Política Internacional da UFRJ José Luiz Fiori. Confesso que até então não havia lido nada de Fiori e agora sou um leitor assíduo tanto dos seus textos analíticos como dos acadêmicos. Impressiona a análise de economia comparada que Fiori faz da Rússia dos anos 90, as similitudes da política econômica adotada na Rússia a partir da dissolução da URSS com a do Brasil de hoje.

    Fiori narra que mesmo antes da dissolução soviética (1922/1991), Boris Yeltsin – que viria a ser o primeiro presidente da nova Federação Russa – já havia convocado um grupo de economistas e financistas, nacionais e internacionais, liderados pelo jovem Yegor Gaidar para formular um programa de reformas e políticas radicais com o objetivo de instalar na Rússia uma economia liberal de mercado. Este roteiro parece o de um filme brasileiro recém estreado, mas não é mera coincidência.

    Aqueles de idade mais avançadas devem lembrar, mas de todo modo o professor da UFRJ conta que já em 1992 “com a dissolução da URSS Yeltsin desencadeou um programa econômico ultraliberal que destruiu o Estado soviético e sua economia de planejamento”. A base na política macroeconômica de Yegor Gaidar foi caracterizada por uma rígida austeridade fiscal, restringiu os créditos, aumentou impostos, cancelou todo tipo de subsídios do governo para a indústria e à construção, cortou elevadamente a previdência e a saúde do país. A mesma receita da “Ponte para o futuro” de Temer e a fórmula da prosperidade para o Brasil de Guedes.

    Fiori destaca em seu artigo que o governo russo de Yeltsin subordinou a Rússia as determinações dos EUA e ao G7 desmontando suas Forças Armadas. O resultado impressiona pela velocidade e pelo choque, em três anos Gaidar vendeu quase 70% de todas as empresas estatais russas inclusive o setor de petróleo - que havia sido peça central da economia socialista russa -, foi desmembrada, privatizada e desnacionalizada.

    O saldo desta política econômica foi que já em 1994 a economia da Rússia entrou em depressão, a inflação disparou, as falências se multiplicaram por todo o país, o PIB caiu 50% em relação a 1990, vários setores da economia russa desapareceram, houve uma queda de 58% em média dos salários. Este colapso e destruição da economia da Rússia não impediu que aqueles agentes do estado que promoveram estas “reformas” em sociedade com grandes bancos internacionais e agentes do mercado das privatizações obtivessem alta performance de crescimento e acúmulo de capital e lucros extraordinários de caráter privado.

    A lição da política ortodoxa ultraliberal implementada na Rússia – similar a de Guedes no Brasil de hoje – é de resultado catastrófico em todos os indicadores econômicos e sociais, mas ao mesmo tempo a queda na produção nacional e recessão econômica de um país é plenamente conciliável com altas taxas de lucro de um determinado grupo econômico em especial com os agentes promovedores das privatizações e em particular de petróleo. No entanto, se verifica na experiência russa que privatização não se converte em investimento e que austeridade fiscal com a restrição ao crédito e queda simultânea do consumo interno é desastroso para a nação como um todo.

    A notícia boa é que Fiori demonstra ao final de seu artigo que ao assumirem o governo da Rússia como primeiro-ministro Vladmir Putin, seu sucessor Dimitri Medvedev e Vladmir Putin novamente embora tenham mantido a matriz capitalista recentralizaram o poder no Estado e reorganizaram a economia a partir do setor energético, ou seja, reverteram a política ultraliberal e reconstruíram o país.

    Com o maior estadista da história do Brasil agora livre novamente, com sua capacidade de convocatória, de mobilização e de explicar às massas de que o atual governo colapsou a economia do país será possível revogar e reverter as medidas regressivas implementadas desde 2016 e que estão destruindo o Estado brasileiro.

    Divergência com Lula

    As afirmações acimas feitas neste artigo podem me levar a ser caracterizado como lulista por parte da esquerda. Via de regra meus companheiros e camaradas da esquerda usam esta adjetivação (lulista) em tom pejorativo. Penso que na atual conjuntura ser considerado lulista é motivo de orgulho. Mas é notório que nós da esquerda temos críticas e divergências a Lula.

    Agora com Lula livre é adequado àqueles que tem críticas fazerem presencialmente e lhe dar a oportunidade de contra-argumentar, não é tarefa fácil debater com Lula. Aliás, ao eu assistir as entrevistas de Lula, alguns dos jornalistas se apropriaram das mais contumazes críticas que a esquerda tem a ele e fizeram em forma de pergunta. Confesso que Lula me convenceu utilizando argumentos sólidos objetivos da politica e da administração pública e me dissuadiu de inúmeras críticas que tinha até então.

    Todavia há uma consideração feita por Lula em uma de suas entrevistas que divirjo frontalmente e preciso registrar aqui. Em uma das entrevistas Lula considerou que talvez não devesse ser candidato a presidente da República em 2022. Tenho que afirmar categoricamente que Lula está completamente equivocado no que se refere a este tema. É verdade que o PT e a esquerda tem inúmeros quadros a altura de disputar a presidência do Brasil e de governar o país, mas todos ainda são seus reservas, sem os desmerecer, mas é que na minha opinião levará gerações para nascer alguém da estatura política de Luiz Inácio Lula da Silva. Somente Lula é capaz de restaurar a democracia, revogar as medidas regressivas, restituir e ampliar os direitos sociais, os direitos civis, trabalhistas e libertar o povo da opressão econômica.

    Desde o julgamento em Porto Alegre e após sua prisão política estive em várias frentes de luta pela sua liberdade, mas agora com a libertação de Lula não é o final, é apenas o início da luta, agora é necessário uma ampla campanha de mobilização e esclarecimento de massa para o povo entender as arbitrariedades e nulidades da condenação de Lula e constituir um grande movimentos nas instituições e na sociedade pela anulação de sua condenação e para a restituição de seus direitos políticos, somente desta forma restauraremos a democracia no Brasil.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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