Lula, por favor eu te peço…
Ao ser eleito Presidente do Brasil, além dos três pratos de comida, na emergência de uma gente brasileira com fome, mergulhes novamente para a História do Brasil como o cara que decolonizou esse lugar. E para isso, peço por favor,
1) crie junto ao Ministério da Educação, uma Secretaria de Educação para a Democracia, a Cidadania e os Direitos Humanos.
Chega, Lula, não aguento mais! São anos vendo estes flertes autoritários-coloniais que teimam em “brincar” com a nossa democracia e humilhá-la até o limite do razoável.
Lula, eu estou fazendo sua campanha na feira da cidade, panfletando no comércio e por aí vai. Amigo, não é justo o que eu e milhões de pessoas que estão trabalhando para você estamos passando. Bolsonaristas tentam nos humilhar. Pior ainda: tentam nos agredir. E alguns não são necessariamente os fascistas; são apenas iludidos, pessoas ignorantes que faltou-lhes uma coisa na vida: educação político-cidadã (cognição política), para entender o sistema e parar a subserviência, como nos ensina Paulo Freire, ao opressor. São oprimidos que, podem até ter ido para uma cadeira na Universidade graças aos seus programas, mas que teimam engravidar-se do opressor na mentalidade diária. E olhe as consequências neste Brasil atual...
Isso se dá porque jamais saímos da nossa condição de dependência europeia (e estadunidense). Nossa mente ainda é colonizada. O racismo, o patriarcado, a exploração do outro (humano) existem porque ainda não fomos orgânicos na educação emancipatória. Essa Pasta que lhe sugiro buscará um conjunto de pedagogias que, finalmente, liberte-nos dos grilhões opressores e da ingenuidade crônica que faz pessoas acreditarem (na grande imprensa) que você houvera se corrompido com um Triplex. Ou seja: sua prisão foi injusta e mais injusta ainda é a crença de alguns de que você praticou corrupção. Resultado: o extremismo ganhou ambiência para se alimentar.
Chega!
2) crie junto ao Ministério do Desenvolvimento, da Indústria e do Comércio Exterior, a Secretaria de Tecnologia Social, Economia Solidária e Cooperativismo.
Robert Owen nos ensinou há mais ou menos 2 séculos atrás a receita de um sistema econômico encantador e, sobretudo, inclusivo. Mas não precisamos ir longe, lá na Aldeias Cooperativas na Inglaterra. Podemos ver nos ensinamentos de nosso Paul Singer os métodos aplicáveis numa realidade fática e funcional da Economia Solidária. E se não for suficiente, traremos um exemplo prático: a forma de produção do MST, com seus alimentos orgânicos em média e larga escala; a sua forma de organizar o acervo das estruturas, educacional e produtiva. São eventos objetivos de que uma Tecnologia Social (aliás, o conjunto delas) gera emprego, renda, oportunidades, direitos e emancipação das pessoas.
Mas para caso precise de um exemplo especificamente saído de sua exigência programática, Lula, vamos ao Fome Zero. Olha a cadeia de interrelações econômicas. O programa mexeu com tantas pastas de seu governo; integrou sistemas de financiamento. Para citar uma ideia que se vinculou ao “simples” gesto de levar comida às pessoas, vejamos o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) que, em síntese, apoiava a produção do pequeno, onde o excedente o governo comprava (ajudando este produtor) e distribuia para quem necessita (ajudando quem tem fome). E para produzir, precisa-se de sementes, adubo, coisas. Ora, de onde vem o dinheiro para investir num canteiro de tomates: do PRONAF, financiado pelo Banco do Brasil.
Igual ao que eu citei acima, são milhares de tecnologias sociais que se integram e formam um núcleo sistêmico girando a roleta da economia e empoderando as pessoas.
Basta conversar com o SEBRAE; com a Fundação Banco do Brasil; com o braço de financiamento de projetos da Petrobras; e com tantas prefeituras que têm inovado na criatividade desses nichos mencionados.
Esse é outro paradigma do desenvolvimento que retira, no médio prazo, o sistema assistencialista para a condição de círculo virtuoso da economia. O máximo que a Presidência da República vai fazer é criar uma carteira de crédito para financiar as boas práticas em cada prefeitura deste país.
Portanto, para recuperar a autoestima do Brasil, a paz entre as pessoas contrárias, a solidariedade como condição matricial do Brasil precisamos nos espelhar na experiência dos povos indígenas e seu Bem-Viver. Trata-se de pensar uma política em cuja essência, os princípios e os paradigmas orbitem obrigatoriamente as vinculações de um conjunto semântico de harmonias. Quais? A cognição da harmonia deriva, a saber, um cuidar do Eu-Eu; do Eu-Outro; do Eu-Sociedade; do Eu-Natureza. Uma política que seja planejada a partir deste escopo, indubitavelmente, de largada, trará a sensação de paz e de resultados metrificados (metas) em que, de um lado, as pessoas se alimentam, capturam os seus direitos e oportunidades, trabalham, ganham seu justo dinheiro para se perceberem emancipados financeiramente e fraternizem a liberdade, abandonando de uma vez por todas a mentalidade colonial-excludente e as violências simbólicas (e concretas) que entronizaram um pensamento extremista, incapaz de aceitar o diferente e as diferenças (de todas as ordens).
Em síntese, o que te peço, Lula, é não ignorar que nessas duas propostas aparentemente tão ingênuas pode residir, finalmente, uma revolução civilizatória que impedirá de uma vez por todas que as pessoas sejam seduzidas por mentes imundas e cruéis como as de Jair Messias Bolsonaro e seus ideólogos saídos das catacumbas coloniais-autoritárias e, daqui a alguns anos, tenhamos de ser agredidos novamente na feira pelo mesmo pequeno produtor que caiu no “conto do vigário” de que você é ladrão e que quem o defende merece, senão porrada, no mínimo um “sai daqui com esse PT!”, quando sabemos que a agressão não é ao PT em si, mas a toda tentativa de libertar o Brasil da colonização (mentalidade elitista) interminável...
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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