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    Jeferson Miola

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    Lula tem razão: Rafah é o Gueto de Varsóvia de Israel

    "Não é preciso grande esforço para saber que o sionismo representa a raça indecente", escreve o colunista Jefeson Miola

    Jeferson Miola e Lula (Foto: Brasil 247/Felipe L. Gonçalves | Ricardo Stuckert)

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    Na contramão de líderes das potências mundiais cúmplices ou omissos com a ofensiva genocida de Israel, o presidente Lula honrou a dignidade humana e denunciou, com coragem e destemor, o Holocausto palestino que está sendo executado pelo regime nazi-sionista de Apartheid.

    Lula afirmou que “na Faixa de Gaza não está acontecendo uma guerra, mas um genocídio. Não é uma guerra entre soldados e soldados. É uma guerra entre um Exército altamente preparado e [contra] mulheres e crianças”.

    “O que está acontecendo na Faixa de Gaza e com o povo palestino não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler decidiu matar os judeus”, complementou.

    Em artigo comovente e dilacerante no jornal O Globo [18/2], a jornalista e documentarista Dorrit Harazim relata a realidade tétrica na Faixa de Gaza. “Dados levantados pela Save the Children apontam para mais de dez crianças mutiladas por dia, com a perda de uma ou ambas as pernas. Isso há quatro meses. E talvez já chegue a 25 mil o número das que perderam ao menos um dos pais na guerra”, escreveu.

    A cifra é macabra: Israel já assassinou mais de 12 mil crianças palestinas, uma a cada 13 minutos. E deixou outras milhares delas aleijadas, mutiladas e órfãs.

    Segue Dorrit: as crianças “emergem mudas de algum escombro, cobertas de pó e sangue. Não choram, não demonstram medo. Estão em choque, à deriva na devastação geral. Inicia-se então uma labiríntica procura por alguma família aparentada capaz de acolher mais uma infância em ruínas. Às que têm a sorte de continuar com algum colo de mãe ou presença de pai/tio/avô por perto, as sequelas previsíveis são inomináveis”.

    A jornalista cita relato horroroso da pediatra americana Seema Jilani, assessora sênior do Comitê Internacional de Resgate, que passou duas semanas no Hospital Al-Aqsa de Khan Yunis e que, nas primeiras horas de plantão, teve de atender um bebê de 12 meses que havia sido vitimado por um bombardeio israelense.

    A médica disse que o bebê “tinha o braço e a perna direita arrancados por uma bomba. A fralda estava ensanguentada e se mantinha no lugar, apesar de não haver mais perna. Eu o tratei primeiro no chão, pois não havia macas disponíveis (…). A seu lado havia um homem emitindo os últimos respiros. Estava ativamente morrendo havia 24 horas, com moscas por cima (…) O bebê de 1 ano sangrava profusamente no tórax… Não havia nem respirador, nem morfina, nem medidor de pressão em meio ao caos. (…) Um cirurgião ortopédico envolveu com gaze os tocos da criança e comunicou que não a levaria de imediato para o centro cirúrgico porque havia casos mais urgentes”.

    Por maior que fossem o desespero e o empenho em salvar a vida da criança, a pediatra sabia, no entanto, que seria priorizado o atendimento a “algum outro estropiado da guerra com pelo menos uma ínfima chance de ser salvo. Considerando as carências colossais, não era o caso daquele bebê”.

    Dorrit denuncia como insano o plano israelense de ataque terrestre aos palestinos na cidade de Rafah com o falso pretexto de derrotar o Hamas. “Ali está espremido 1,5 milhão de palestinos já exauridos. Fugiram do chão que habitavam mais ao norte para escapar dos bombardeios. Estão numa ratoeira […]”.

    O regime nazi-sionista de Netanyahu confinou pelo menos 1,5 milhão de palestinos no sul do campo de concentração da Faixa de Gaza, na cidade de Rafah, originalmente habitada por cerca de 160 mil pessoas.

    A “ratoeira”, como destacou Dorrit, é uma repetição do Gueto de Varsóvia, onde Hitler cercou com muros e encurralou a população judaica da capital da Polônia, em 1940.

    Do mesmo modo como os nazistas fizeram com os judeus no Gueto de Varsóvia, no Gueto de Rafah os nazi-sionistas expõem os palestinos a doenças, epidemias, e a restrições severas de comida, água, remédios e assistência médica ou humanitária.

    Assim como os judeus do Gueto de Varsóvia foram transferidos para serem mortos em Auschwitz e nas câmaras de gás em Treblinka, os palestinos encurralados em Gaza apenas esperam a hora de serem exterminados por bombardeios, pestes, fome ou por desterro, onde serão condenados à morte como povo-Nação.

    A reação de Netanyahu à manifestação do Lula repete a habitual chantagem oportunista e hipócrita da propaganda nazi-sionista.

    “Isto é uma banalização do Holocausto e uma tentativa de atacar o povo judeu e o direito de Israel à autodefesa. Fazer comparações entre Israel, os nazis e Hitler é cruzar uma linha vermelha”, declarou o comandante da limpeza étnica.

    Com igual atrevimento e hipocrisia, o chanceler do regime nazi-sionista Israel Katz disse que “as palavras do presidente do Brasil são vergonhosas e graves. Ninguém prejudicará o direito de Israel se defender”.

    Vergonhosa e, também, indecente, é a justificação sionista do Holocausto palestino a pretexto de se defender e de combater o Hamas, quando na realidade é uma ofensiva genocida entre um Exército altamente preparado contra mulheres e crianças, como disse o presidente Lula.

    Dorrit Harazim termina seu memorável artigo-denúncia lembrando o psicanalista Viktor Frankl, judeu austríaco que sobreviveu a Auschwitz, que disse que, “no fundo existem apenas duas raças — [das] pessoas decentes e [das] pessoas indecentes”. Não é preciso grande esforço para saber que o sionismo representa a raça indecente.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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