Lupi entrega 2,5 milhões de votos para Bolsonaro
Tanto o grupo do Tourinho, quanto o PDT de Carlos Lupi, levarão a disputa eleitoral por Campinas para o campo que o bolsonarismo mais deseja
Poderia começar esse texto enumerando pelo menos dez resultados positivos do governo Lula no atual mandato, sem precisar consultar o Google. Geração de empregos aumentou, a cesta básica está mais acessível, os investimentos na saúde, educação e habitação estão sendo recompostos e, mesmo assim, as pesquisas de opinião patinam entre ruim e regular.
Não vou me aprofundar nas causas já identificadas até aqui, onde as falhas na comunicação do governo vêm sendo apontadas como uma das principais. Meu propósito é trazer para reflexão algo que ainda está porvir, que é o descaso na formação de candidaturas competitivas, em cidades do mesmo porte das capitais.
Um bom exemplo é a cidade de Campinas, que só perde em importância econômica para a capital São Paulo. Não dá para brincar de fazer política num município que tem 2,5 milhões de eleitores, número que é praticamente o mesmo que marcou a diferença de votos a favor de Lula, na disputa com Bolsonaro.
Nem a avó do Pedro Tourinho, o pré-candidato do PT para a prefeitura de Campinas, acredita que ele tenha chances reais de ganhar essa disputa. E não entro no mérito de suas qualidades e competências, que são muitas. Mas o fato é que ele não tem densidade eleitoral para sequer ir ao segundo turno.
O político que mais conhece Campinas, até mesmo porque nasceu lá, é o atual ministro da Previdência Social e presidente nacional do PDT, Carlos Lupi. E com quem o diretório municipal do partido de Leonel Brizola fechou aliança para a prefeitura? Com duas legendas ícones do bolsonarismo: o Cidadania e o União Brasil. Vou repetir aqui, em negrito: 2,5 milhões de votos, numa disputa onde o PT local se apresenta com um candidato fraco, e com o PDT abrindo mão de um projeto mais amplo, em 2026, em troca de uma ou duas secretarias municipais.
Tanto o grupo do Tourinho, quanto o PDT de Carlos Lupi, levarão a disputa eleitoral por Campinas para o campo que o bolsonarismo mais deseja: o debate ideológico vazio, fazendo o eleitor ir às urnas pelo ódio. A população, que deveria ouvir propostas para questões cruciais para suas vidas, que se contente com o bate-boca sobre aborto, ideologia de gênero, lava-jato daqui, ladrão de joias de lá, num debate esquizofrênico com consequências negativas até mesmo para a campanha do Boulos, na capital paulista.
Na cidade de São Paulo, o Partido dos Trabalhadores abriu mão da candidatura própria para apoiar Guilherme Boulos. Esse pragmatismo político também precisa estar presente na disputa eleitoral de Campinas. E a aversão que o campineiro tem pelo PT, já seria motivo suficiente para justificar a reedição da aliança entre a legenda do presidente Lula e a do seu ministro da Previdência. Até hoje, muita gente se lembra com saudades da exitosa administração decorrente dessa união de forças.
O tempo para tomada de decisões está escasso, mas ainda dá para corrigir o rumo. Resta saber é se a vaidade e as ambições pessoais de curto prazo permitirão.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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