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    Marcia Tiburi

    Professora de Filosofia, escritora, artista visual

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    Machismo publicitário: violência política de gênero contra Marina Silva

    “A misoginia do senador desconhecido o tornou conhecido; sua infâmia virou capital, com tática grotesca consagrada desde 2014”, diz Marcia Tiburi

    Ministra Marina Silva (Foto: Reprodução/Canal Gov)

    Quem é o tal “Plínio Valério”? Ficamos sabendo agora por meio de seu ataque misógino à ministra Marina Silva. Nenhuma resposta ao senador estaria ao nível de sua baixeza praticando violência política de gênero. Ao mesmo tempo, um tal Manoel Pinto, “coach de masculinidades”, apareceu como estelionatário emocional, intelectual e financeiro, se fazendo passar por namorado de mulheres famosas em escalas diversas, enquanto roubava o dinheiro de muitas e praticava gaslighting. 

    Em que pesem diferenças, esses casos revelam uma tática cada vez mais comum (e que é um sinal dos tempos) pela qual homens usam sua condição de homens para se capitalizarem financeiramente ou politicamente usando mulheres. A misoginia do senador desconhecido o tornou conhecido, e sua infâmia se torna um capital. Ele usa a tática do ridículo e grotesco que fora muito bem utilizada por vários políticos desde 2014 (não por acaso, ano do surgimento dos agitadores do MBL que protagonizaram casos como o de “Mamãe Falei” em relação às mulheres ucranianas sob a guerra), intensificada no golpe de 2016, recrudescida e tornada vencedora com Bolsonaro em 2018. 

    O machismo publicitário também está sendo muito bem usado por Incels e Red Pills, que encenam os adolescentes problemáticos, os trogloditas, que podemos definir como machos limítrofes, todos “histéricos”, loucos para aparecer e capazes de tudo para destruir mulheres, o que ajuda a aparecer muito mais.

    Juntos, políticos, estelionatários afetivos e homens que precisam se afirmar como homens compõem o machismo publicitário, novo trabalho na era das Big Techs fascistas. Aliás, o “turbo-tecno-macho-nazifascimo” é isso. Homens de extrema-direita, mas não só, descobriram que ser machista dá lucro. Certamente, alguns praticam seu machismo “ao natural”, pois se sentem ameaçados em sua masculinidade, outros, mais preparados, aproveitam para lucrar com o horror, sabendo que a prática da masculinidade tóxica e da virilidade aberrante é uma tecnologia de capitalização social, econômica e política. Além de tudo, todos são bem desprovidos das vantagens visuais de Brads Pitts e Georges Clooneys na era do terrorismo machista. 

    Mas será que a fuga desses tipos é só o que resta para as mulheres? 

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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