Malu Gaspar e as fake news
“A mais infame das fake news produzidas na imprensa dita séria nos últimos dias saiu numa coluna assinada por Malu Gaspar”
J. Carlos de Assis
A mais infame das fake news produzidas na imprensa dita séria nos últimos dias saiu numa coluna assinada ontem pela subjornalista Malu Gaspar, no Globo, com um ataque absurdo e sem qualquer fundamento contra o economista Márcio Pochmann, uma das maiores autoridades brasileiras em questões sociais. O pretexto foram indicações de que o presidente Lula está para nomear Pochmann presidente do IBGE, cargo para o qual não há no país ninguém com melhor perfil para assumi-lo.
O jornalista Luís Nassif respondeu à subjornalista com um contra-ataque fulminante, porém acho que o tema merece outras considerações. Ela ousou colocar nas páginas do seu jornal o seguinte comentário: “Há quem cite inclusive o temor de que, uma vez no IBGE, Pochmann possa querer seguir o exemplo do Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec) argentino, que maquiava dados durante os governos de Néstor e Cristina Kirchner para manter a taxa de inflação anual em 10% ao ano”.
É inacreditável. Atribui-se a alguém que não é identificado o temor de que Pochmann faça alguma coisa que, seguindo um exemplo inventado, violaria sua história de vários anos de serviços prestados ao país, inclusive como presidente do IPEA, onde fez notáveis trabalhos sobre questões sociais. Sobre seus estudos jamais se levantou qualquer dúvida. Malu Gaspar não sabe disso porque, por todos os indícios, é uma analfabeta de papel passado no estudo de problemas brasileiros.
Em mais de 50 anos como jornalista, tendo trabalhado nos principais jornais do país, inclusive no Globo, e em muitos blogs, jamais vi nada mais repugnante. É uma violência ética sem paralelo. Sem citar fontes, criando de sua própria imaginação maliciosa um comportamento que em outros tempos era comum a bandidos da imprensa, que ela reproduz sem nenhum escrúpulo, Malu Gaspar faz do jornal onde escreve um pasquim de quinta categoria, especializado em fofocas.
O Globo se juntou a outros órgãos da grande imprensa brasileira para criar um consórcio dedicado a combater fake knews. À primeira vista, era uma iniciativa positiva, tendo em vista a exposição da opinião pública a milhares ou talvez milhões de notícias falsas ou manipuladoras que são disseminadas diariamente pela internet. Com que moral esse jornal se apresenta como campeão da imprensa séria, quando ele próprio se torna instrumento de infâmia e difamação contra pessoas honradas?
A grande imprensa brasileira se elogia em excesso como direito constitucional, e em excesso defende a própria liberdade de imprensa. É para isso?, pergunto eu. Para difamar? Para fazer o jogo de conquista de cargos à custa da reputação alheia? Ou Malu Gaspar acha que nos engana quando se coloca a serviço de algum oportunista, com sua coluna, para se apropriar do cargo, provavelmente sem qualquer aptidão para isso, que o Presidente se inclina para oferecer a Pochmann?
Nassif, um dos nossos jornalistas investigativos mais competentes, sabe o que está dizendo quando aponta nas maquinações de Mader o jogo asqueroso de quem tenta queimar reputações para conquistar cargos ambicionados. Pochmann é um amigo pessoal de Lula e chegou a presidir o Instituto Lula. Jamais se apresentou como candidato a cargos. Daí o ódio que desperta. Temem sua competência e seu trabalho discreto e produtivo. Se for nomeado, Lula estará prestando um bom serviço ao Brasil.
Na verdade, não há nisso tudo uma questão política, mas uma questão de assalto a cargos administrativos por parte de quem não tem competência para isso. O artifício é procurar um jornalista que esteja à venda e colocar uma nota de jornal fazendo uma intriga contra os mais competentes. Isso abre caminho para oportunistas que ficam à sombra para dar o bote. Não é a primeira vez que Malu Gaspar faz esse jogo. Ela é uma especialista no lobby do poder governamental, como mostrou Nassif.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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