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    Ângelo Cavalcante

    Economista, cientista político, doutorando na USP e professor da Universidade Estadual de Goiás (UEG)

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    Manu salvou o Roda Viva

    No direitismo estrutural que marca o Roda Viva e mesmo a TV Cultura, a militância anti-Lula foi aberta e escancarada de modo a exigir de Manu posições que, vejam isso, cabem única e exclusivamente ao Partido dos Trabalhadores

    No direitismo estrutural que marca o Roda Viva e mesmo a TV Cultura, a militância anti-Lula foi aberta e escancarada de modo a exigir de Manu posições que, vejam isso, cabem única e exclusivamente ao Partido dos Trabalhadores (Foto: Ângelo Cavalcante)

    Em matéria de judiciário e de jornalismo... Nós estamos fritos! É a prova concreta de que no que respeita a esses dois "mundos encantados" nada é tão ruim que não possa ser piorado.

    Eu digo... Depois da degradante fase do ultra-direitista Gustavo Nunes no comando do Roda Viva, outrora principal programa de entrevistas da televisão brasileira, se achava que eventualmente o programa tivesse achado um rumo diferenciado.

    Qual nada... Segue firme e de fuças no esgoto; desperdiçando uma história de mais de vinte anos de ricos debates, discussões e contribuições para a democracia brasileira. O 'noves fora' se deu ontem, na entrevista que a candidata a presidente da República pelo PCdoB, Manuela Dávila, concedeu ao Programa.

    Não fosse o preparo da Manu, (leia-se, paciência!), o programa não sairia do primeiro bloco. O que se viu? Uma passarela de horrores onde até 'kapo' da campanha do nazifascista Bolsonaro se fazia presente e (pasmem!) em privilegiada posição de entrevistador. Tem base?

    E a 'bagaceira' seguiu num destilado de machismo, misoginia e ódio social como poucas vezes se vira! Em dado momento, chegou-se ao ponto de duvidar de que não há uma cultura do estupro no Brasil. Uau! Estatísticas mostram o país na proa dos principais feminicídios do planeta, superando qualquer república islâmica fundamentalista e os "seletos" entrevistadores do Roda Viva desconhecendo esse lastimoso mar de sangue feminino e que escorre em torrentes nesta linda terra tropical.

    Em mais de vinte anos militando com estudantes, mulheres e na juventude a experiência política de Manu de nada valeu... No direitismo estrutural que marca o Roda Viva e mesmo a TV Cultura, a militância anti-Lula foi aberta e escancarada de modo a exigir de Manu posições que, vejam isso, cabem única e exclusivamente ao Partido dos Trabalhadores.

    O auge da pantomima se deu quando certo Frederico d'Avila em espasmos de ódio forçou equivalência entre o nazifascimo, a esquerda e o PT! Ao fim, um teatro de horrores (mais um!) no degradante jornalismo da TV brasileira.

    Manu salvou o Roda Viva! Garantiu-lhe alguma dignidade com respostas coesas, firmes e claras. Como se vê, e o nível dessa direita atesta, o golpe fracassou no Planalto, na planície, pela Paulista e em seus derredores.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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