Marçal e a estratégia do tumulto
Até ser impedido pela Justiça, Marçal continuará a chamar os holofotes com falas inusitadas. Não lhe importam a lógica, o sentido e a verdade, mas o rebuliço
Está cego quem ainda não percebeu que a estratégia de consolidação do seu nome na política é o tumulto. A última manifestação de Pablo Marçal, de que exige retratação por ofensas de Ricardo Nunes, Tarcísio de Freitas, Jair Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro e Silas Malafaia - e de que Guilherme Boulos expressa o desejo de mudança dos eleitores - comprova o que é nítido: o coach 171 seguirá carreira solo em busca da Presidência da República, algo de que a Justiça precisa nos salvar.
Marçal externar certa simpatia pelo perfil renovador de Boulos - sem hipótese de apoio, lógico - é de falsidade notável, mas enfraquecer outros nomes da direita fortalece-o individualmente. De outra parte, é bem possível, até provável, que metade de seu eleitorado escolha o candidato do Psol no segundo turno da eleição paulistana. Esses cidadãos não possuem régua ideológica, enfeitiçam-se pelo desprendimento e o histrionismo, características encontráveis em Boulos e inexistentes em Nunes.
Até ser impedido pela Justiça, Marçal continuará a chamar os holofotes com falas inusitadas. Não lhe importam a lógica, o sentido e a verdade, mas o rebuliço que suas condutas causam. Assim como Chacrinha, só que vil, ele veio para confundir, não para explicar.
Por razões históricas, marginais de discurso ultraliberal vêm ganhando terreno na política. A pregação da meritocracia é sedutora: sem Estado, sem respeito às leis e à civilidade, pode-se conseguir riqueza, único objetivo a ser buscado pelas gentes que admiram Pablos Marçais. A realidade social que alija não é questionada e não se cogita modificá-la. O que se apregoa é o individualismo absoluto: ascender ao topo social, blindar-se num condomínio de luxo e deixar que o lado externo se lasque, explorando a ignorância e lucrando com ela.
Ao confrontar os direitistas e apontar favoritismo da esquerda, Pablo Marçal tenta se mostrar descolado de tudo e de todos. Mais uma vez neste espaço, faz-se necessário aludir ao guru da extrema-direita Steve Bannon, cujo princípio básico é a falta de qualquer escrúpulo. O coach 171 segue a linha traçada pelo americano, em que as fake news pontificam.
As fake news subiram ao topo durante a campanha que elegeu Donald Trump presidente dos Estados Unidos, e são repetidas por ele na atual jornada eleitoral americana. No Brasil, Jair Bolsonaro elegeu-se mediante uso e abuso de notícias falsas, elaboradas por gente contratada, cabeças pensantes preparadas para elaborar coisas como a “mamadeira de piroca” que seria distribuída às crianças pelo candidato adversário. Bannon orientou a campanha que elegeu Bolsonaro. Coisas como falsificar documentos, como fez Pablo Marçal, cumprem a mesma cartilha despudorada.
Não se tem notícia de que Bannon, que está preso, tenha tido contato com Pablo Marçal, mas suas ideias estão presentes nas falas e nos atos do coach.v
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