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    Tereza Cruvinel

    Colunista/comentarista do Brasil247, fundadora e ex-presidente da EBC/TV Brasil, ex-colunista de O Globo, JB, Correio Braziliense, RedeTV e outros veículos.

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    Maré virada contra Bolsonaro

    "Os panelaços voltaram, o impeachment entrou novamente em cartaz. A maré virou contra Bolsonaro e as forças democráticas precisam aproveitar o momento", destaca a colunista Tereza Cruvinel. "É hora de manter a mobilização, ainda que virtual, e de aumentar a pressão pelo impeachment deste troglodita celerado"

    Jair Bolsonaro já enfrenta pressão das ruas pelo seu afastamento do cargo (Foto: Divulgação | ABr)

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    Por Tereza Cruvinel, do Jornalistas pela Democracia

    Em novembro, quando a Anvisa determinou que o Instituto Butantan suspendesses os testes com a vacina Coronavac por  conta de uma ocorrência adversa (a morte de um voluntário, que em verdade cometera suicídio), Bolsonaro correu para as redes sociais: “Mais uma que Jair Bolsonaro ganha”. Ontem foram muitas as que Jair Bolsonaro perdeu, e ele calado ficou. Em algum país o governante calou-se no início da vacinação?

    Bolsonaro perdeu a aposta contra a vacina e também contra o rival João Dória. A Anvisa mostrou sua cara e confirmou sua independência, decidindo por critérios científicos aprovar as vacinas Oxford-Astrazenica (que ainda não temos), e a Coronavac. E ainda desmoralizou o charlatanismo de Bolsonaro e Pazuello ao proclamar: não existem remédios contra a Covid. Nada funciona além do isolamento social, dos cuidados corporais e da vacina. E eles não não gostam dos três.

    Por fim, os jovens deram uma lição ao governo, não se expondo para fazer o Enem em pleno repique da pandemia. A abstenção foi de 51%.

    Duas mulheres, uma negra e uma índia, foram as primeiras brasileiras vacinadas ontem, e suas imagens disseram que o Brasil verdadeiro venceu a ignorância e sabotagem de Bolsonaro para conquistar o direito à vacina. Há algum tempo ficou claro que, se dependesse do Ministério da Saúde, não teríamos vacina alguma. Que só contaríamos mesmo com a Coronavac, que Bolsonaro já chamou de “vachina do Dória”, “vacina da China” e  “vacina daquele país”,  em referência à China .

    É claro que Doria ganhou politicamente. É claro que ele também fez uma aposta política na vacina, aspirante que é a candidato presidencial em 2022, mas é preciso reconhecer que fez a aposta certa: na ciência e na tecnologia, na cooperação internacional e na capacidade técnica do Instituto Butantan.  Liderando este esforço, poderia tornar-se conhecido fora de São Paulo, como ele mesmo admitiu. Teve a iniciativa de buscar o acordo com a empresa chinesa quando a maioria dos países começou a correr atrás de vacinas,  enquanto aqui o governo federal distribuía cloroquina e receitava outros remédios inúteis, inventando o  “tratamento precoce”.

    Achei espantosamente cínica, ontem, a tentativa de Pazuello de vender a vacina como conquista de seu ministério, que afinal só fez comprar a produção do Butantan. Falava da obrigação do instituto de entregar as seis milhões de doses como se se tratasse de um órgão subordinado. “Tenha um pingo de humidade e reconheça o esforço que São Paulo fez para garantir esta vacina aos brasileiros”, acabou dizendo Dória na troca de desaforos que trocou com general-ministro nas entrevistas de ambos.

    A tragédia de Manaus, que o governo federal poderia ter evitado, foi a gota d’água no copo já cheio pela indignação dos brasileiros com tanto descaso, tanta incompetência e tanta falta de compaixão pelos 200 mil (hoje serão 210 mil) que já morreram e por seus familiares. Os panelaços voltaram, o impeachment entrou novamente em cartaz. A maré virou contra Bolsonaro e as forças democráticas precisam aproveitar o momento. É hora de manter a mobilização, ainda que virtual, e  de aumentar a pressão pelo impeachment deste troglodita celerado.

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    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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