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Alex Solnik

Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão" e "O domador de sonhos"

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“Máximas para as casadas”

“A submissão do marido à mulher é degradante; a submissão da mulher é um dever”, segundo jornal de 1842

Ana Carolina Marçal (Foto: Reprodução (Uol))

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 “Primeiro de tudo, parece que não é necessário advertir que a conduta da casada deve ser tão pura como as águas que destilam os rochedos das mais altas montanhas porque este é o melhor meio para adquirir o título à estimação universal. 

   Depois disso, deve rejeitar toda ideia de manejar o marido, isto é, de exercer sobre ele um domínio absoluto. 

   Nunca deve tratar de enganá-lo ou enfraquecê-lo em dissimulações, nem lhe causar inquietações, mas sim tratá-lo com carinho, sinceridade e respeito. 

   Devem ter presente as casadas que os maridos quando menos são homens sujeitos a debilidades e assim antes de se casar não devem fazer contas tão alegres que se prometam com eles somente ditas e prazerosas, sem mistura de amargura.

    Se a mulher descobre em seu marido alguma coisa nos seus costumes ou no seu gênio contrário aos seus desejos ou às suas esperanças dissimule-o, faça-se então ver mais suave e afável e procure corrigi-lo com atenção, alegria e dom maternal. 

   Nunca deitar-lhe-á em casa as desgraças que são acidentes da vida e carga em que ambos estão obrigados a ajudar-se para suportá-la e à qual estão os dois expostos igualmente; e assim é que em vez de queixas vãs e reflexões inúteis devem-se mutuamente consolar, tirar o melhor partido possível das circunstâncias contrárias. 

   O mais precioso e natural atributo do belo sexo é o de dulcificar as penas do outro; deve-se a mulher resolver todas as manhãs a estar alegre todo o dia e se ocorrer algum momento impensado que a faça quebrar a boa resolução que isto não suceda a respeito do marido. 

   Nunca é bom disputar-se com ele, seja qual for a ocasião; antes a bem casada deve renunciar a toda a pretensão de fazer prevalecer a sua vontade ou a lograr a vitória do argumento, do que se poderia ocasionar uma quimera ou um esquentamento, sem saber em que virá a parar, quando, pelo contrário, é uma verdade inquestionável que a submissão abre à mulher o caminho da vitória.

   A muita submissão do marido à mulher é degradante aos dois; porém, a muita submissão da mulher é um dever que ela lhe prometeu no altar e pelo qual granjeará o apreço e veneração de todos os homens de bem, sendo, em efeito, a maior honra que ela pode receber.

   Isto suposto, o seu intento deve-se dirigir a estudar o gênio do marido e reprimir o seu próprio, procurando disputar das satisfações que ele desfruta, participar e mitigar seus trabalhos e ocultar as suas debilidades com a maior discrição e eficácia.

Se estas máximas parecem duras para algumas casadas saibam ao menos que são o melhor antídoto contra as quebraduras de costelas e muito a propósito para conservar os dentes e os queixos”.
 

(A senhora Pablo Marçal, inspirada nos “ensinamentos” de seu marido-messias, cobra R$10 mil para ensinar as mulheres a serem submissas a seus maridos, exatamente como nesse artigo publicado no jornal carioca “O Americano” a 24/10/1842)

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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