Medo de ataque especulativo na moeda leva Bresser Pereira a apoiar Haddad
O mercado está em guerra contra o governo, para forçar inflação financeira que produz juros especulativos e lucros crescentes, no ambiente da financeirização
O ex-ministro Bresser Pereira está encarnando aquela estória contada por Leonel Brizola de que o diabo é sábio porque é velho.
Bresser, em entrevista à TV 247, mostrou-se apreensivo com o mercado financeiro.
As manobras especulativas realizadas pela Faria Lima para pressionar o governo Lula a subir juros para controlar inflação que estaria saindo da meta fixada pelo Conselho Monetário Nacional tem como resultado a instabilidade da moeda no cenário de dívida pública elevada, como alerta a Faria Lima.
No fundo, a manutenção permanente da especulação monetária no ambiente da financeirização econômica representa acúmulo de ataques especulativos contra a moeda cujo resultado é a desmoralização da moeda.
A população vai perdendo confiança na moeda, se os ataques persistem, e busca alternativa no consumo em ritmo de alta de preços.
A cotação do dólar na casa dos R$ 5,80, ameaçando romper a casa dos R$ 6, como aconteceu nas últimas semanas, forçou mais um aumento dos juros selic em 0,50 ponto percentual.
Essa tendência, para Bresser, já se configura ataque especulativo contra o qual o governo não está tendo força para enfrentar.
DEFESA DE HADDAD
Nesse caso, Bresser sai em defesa de Haddad.
Não seria, segundo ele, o arcabouço fiscal que substituiu o teto fiscal, o culpado para a pressão do juro alto, na medida em que sua conformação técnica e jurídica já contém restrições que comprometem gastos orçamentários obrigatórios, agora sob pressão da tesoura dos técnicos da Fazenda.
Novo teto de gastos vai para o espaço ou novo compromisso fiscal ajustado politicamente para caber os programas sociais caros ao presidente Lula, agora ameaçados.
Nessa queda de braço, a especulação com a moeda vira a causa da inflação em forma de ataque especulativo.
Entre render-se ao ajuste e se submeter aos ataques especulativos intermitentes sobre a moeda, Bresser considera mais vantajoso render-se ao ajuste fiscal que Haddad está propondo.
A alternativa, diz, seria choques desestabilizadores sobre a moeda, justamente, o que a direita e a ultradireita querem para inviabilizar a candidatura Lula em 2026.
O teto de gasto, concebido pelo governo Temer, foi uma extravagância, reconhece o ministro, algo não visto no mundo.
Mas, com o arcabouço, disse, Haddad conseguiu negociar espaço para descongelar gastos dentro dos limites possíveis.
As forças antigoverno, que pressionam pelo corte de gastos, são mais poderosas e enfrentá-las de peito aberto seria caixão e vela preta.
O ajuste fiscal aleija, mas o ataque especulativo na moeda, mata.
A manipulação especulativa do preço do dólar desorganiza o sistema econômico, alerta Bresser.
A experiência do velho economista, que enfrentou crises financeiras como ministro do governo Sarney, acusado de caloteiro e outros golpes baixos do mercado e da direita conservadora rentista, o colocou na situação em que gato escaldado tem medo de água fria.
Como deixou claro na TV 247, entre o pior e o péssimo, seria melhor não agitar o mar para a canoa não virar.
Bresser deixou no ar todos os contornos relevantes do perigo de o mercado financeiro derrubar o governo Lula, se continuar manipulando especulativamente a moeda para obter o que almeja: o juro alto, que virou a medida de todas as coisas, especialmente, inflação e taxa de lucro.
A moeda, já dizia Colbert, mago das finanças de Luís 14, é o nervo vital da guerra.
O mercado está em guerra contra o governo Lula, para forçar inflação financeira que produz juros especulativos e lucros crescentes, no ambiente da financeirização.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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