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    César Fonseca

    Repórter de política e economia, editor do site Independência Sul Americana

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    Medo de ataque especulativo na moeda leva Bresser Pereira a apoiar Haddad

    O mercado está em guerra contra o governo, para forçar inflação financeira que produz juros especulativos e lucros crescentes, no ambiente da financeirização

    Fernando Haddad (Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino)

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    O ex-ministro Bresser Pereira está encarnando aquela estória contada por Leonel Brizola de que o diabo é sábio porque é velho.

    Bresser, em entrevista à TV 247, mostrou-se apreensivo com o mercado financeiro.

    As manobras especulativas realizadas pela Faria Lima para pressionar o governo Lula a subir juros para controlar inflação que estaria saindo da meta fixada pelo Conselho Monetário Nacional tem como resultado a instabilidade da moeda no cenário de dívida pública elevada, como alerta a Faria Lima.

    No fundo, a manutenção permanente da especulação monetária no ambiente da financeirização econômica representa acúmulo de ataques especulativos contra a moeda cujo resultado é a desmoralização da moeda.

    A população vai perdendo confiança na moeda, se os ataques persistem, e busca alternativa no consumo em ritmo de alta de preços.

    A cotação do dólar na casa dos R$ 5,80, ameaçando romper a casa dos R$ 6, como aconteceu nas últimas semanas, forçou mais um aumento dos juros selic em 0,50 ponto percentual.

    Essa tendência, para Bresser, já se configura ataque especulativo contra o qual o governo não está tendo força para enfrentar.

    DEFESA DE HADDAD

    Nesse caso, Bresser sai em defesa de Haddad.

    Não seria, segundo ele, o arcabouço fiscal que substituiu o teto fiscal, o culpado para a pressão do juro alto, na medida em que sua conformação técnica e jurídica já contém restrições que comprometem gastos orçamentários obrigatórios, agora sob pressão da tesoura dos técnicos da Fazenda.

    Novo teto de gastos vai para o espaço ou novo compromisso fiscal ajustado politicamente para caber os programas sociais caros ao presidente Lula, agora ameaçados.

    Nessa queda de braço, a especulação com a moeda vira a causa da inflação em forma de ataque especulativo.

    Entre render-se ao ajuste e se submeter aos ataques especulativos intermitentes sobre a moeda, Bresser considera mais vantajoso render-se ao ajuste fiscal que Haddad está propondo.

    A alternativa, diz, seria choques desestabilizadores sobre a moeda, justamente, o que a direita e a ultradireita querem para inviabilizar a candidatura Lula em 2026.

    O teto de gasto, concebido pelo governo Temer, foi uma extravagância, reconhece o ministro, algo não visto no mundo.

    Mas, com o arcabouço, disse, Haddad conseguiu negociar espaço para descongelar gastos dentro dos limites possíveis.

    As forças antigoverno, que pressionam pelo corte de gastos, são mais poderosas e enfrentá-las de peito aberto seria caixão e vela preta.

    O ajuste fiscal aleija, mas o ataque especulativo na moeda, mata.

    A manipulação especulativa do preço do dólar desorganiza o sistema econômico, alerta Bresser.

    A experiência do velho economista, que enfrentou crises financeiras como ministro do governo Sarney, acusado de caloteiro e outros golpes baixos do mercado e da direita conservadora rentista, o colocou na situação em que gato escaldado tem medo de água fria.

    Como deixou claro na TV 247, entre o pior e o péssimo, seria melhor não agitar o mar para a canoa não virar.

    Bresser deixou no ar todos os contornos relevantes do perigo de o mercado financeiro derrubar o governo Lula, se continuar manipulando especulativamente a moeda para obter o que almeja: o juro alto, que virou a medida de todas as coisas, especialmente, inflação e taxa de lucro.

    A moeda, já dizia Colbert, mago das finanças de Luís 14, é o nervo vital da guerra. 

    O mercado está em guerra contra o governo Lula, para forçar inflação financeira que produz juros especulativos e lucros crescentes, no ambiente da financeirização.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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