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Wellington Mesquita

Jornalista com pós-graduação em Filosofia Social em Roma. Trabalhou em rádios e veículos no Brasil e no exterior. Foi coordenador de jornalismo na Agência Radioweb e publicou o livro “A Sucessão no Vaticano”

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Milei, o provocador, causa novamente na Espanha

Milei segue à risca a cartilha bolsonarista. Sobrevive de polêmicas vazias, agressões, produção de frases de efeito para as redes sociais

Javier Milei. Foto: Reuters / Agustin Marcarian

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As relações diplomáticas entre Buenos Aires e Madri vão de mal a pior. E a crise tem nome e sobrenome: Javier Milei. Além dos laços culturais e históricos, a Espanha é o segundo maior investidor no país sul-americano, só fica atrás dos EUA. No entanto, o presidente argentino faz pouco caso, mesmo que o país esteja mergulhado numa crise social e econômica sem precedentes, preferindo seguir com a política suicida do “E daí?”, tão conhecida por nós brasileiros. 

Nesta sexta-feira, o histriônico mandatário desembarcou na Espanha para receber uma condecoração do governo regional de Madri, presidido pela direitista Isabel Díaz Ayuso (PP). Presidentes e personalidades são homenageados, por mais inusitado que pareça. No caso de Milei, mesmo promovendo políticas que aumentem a fome e a desigualdade. Lembro-me de que Bolsonaro chegou a ganhar a Medalha do Mérito Indigenista! Todavia, a presença do argentino em Madri se dá num outro contexto.

Há pouco mais de um mês, o anarcocapitalista provocou uma crise diplomática com a Espanha ao chamar de corrupta a esposa do primeiro-ministro espanhol, Pedro Sanchez (PSOE), durante a convenção do partido de extrema-direita da Espanha, o VOX. O encontro reuniu figuras da ultradireita europeia antes das eleições para o Europarlamento. Milei aproveitou o palco e foi aplaudido de pé. O governo espanhol reagiu e retirou o embaixador na Argentina. Desde então as relações entre os dois países estão congeladas.

Assim como no mês passado, o presidente argentino entra pela porta dos fundos na Espanha, sem ser recebido pelo rei Filipe VI, muito menos pelo primeiro-ministro, Pedro Sánchez. Para a presidenta da comunidade autônoma de Madri, também desafeto do premiê espanhol, é uma ocasião para afagar a extrema-direita, que nos últimos anos têm ocupado espaço de seu partido. Milei ganha o seu galardão, mas é a Argentina que perde credibilidade justamente quando a fome e a pobreza aumentam, problemas agravados por seus ajustes ultraliberais.

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O rápido tour de Milei, pago pelo contribuinte argentino, termina no domingo de forma não menos vexatória na Alemanha, ao lado do envergonhado chanceler Olaf Scholz. Dada a toxicidade do visitante, o que seria uma visita de Estado se tornou um mero encontro. Milei viaja sem ministros, sem delegação empresarial. Ao lado dele, apenas sua irmã, Karina. O tipo de política internacional de Milei não é novidade para nós brasileiros. Durante quatro anos, Bolsonaro colecionou crises diplomáticas, ofendeu políticos estrangeiros e chefes de Estado, ignorando os mais básicos protocolos da diplomacia. O resultado, obviamente, foi isolamento internacional e prejuízos para o país. Milei segue à risca a cartilha bolsonarista. Sobrevive de polêmicas vazias, agressões, produção de frases de efeito para as redes sociais. E volta para a Argentina de malas vazias.

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