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    Miguel Paiva

    Miguel Paiva é chargista e jornalista, criador de vários personagens e hoje faz parte do coletivo Jornalistas Pela Democracia

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    Minha história com Sérgio Mendes

    "Encontrei Sérgio só mais uma vez, mas suas gravações fizeram parte da minha vida e hoje estão na minha memória musical", conta o jornalista Miguel Paiva

    Capa do disco de Sérgio Mendes (Foto: Reprodução)

    Aroeira brinca que eu conheço todo mundo. Falou um nome, eu conheço. Mas que nada! Nem todo mundo, mas Sérgio Mendes eu conheci. Em 1971 eu estava em Los Angeles na primeira viagem mais internacional que eu fiz com uma passagem recebida do Pasquim a guisa de salário. Fui para o México e do México para Los Angeles. Era um garoto. Passei uns dias em San Francisco que eu adorei e onde consegui vender um desenho para a revista Ramparts editada em Berkeley, famosa pelos protestos estudantis. Adorei visitar a redação e adorei a cidade.

    Em seguida fui para Los Angeles onde fiquei de encontrar Francis Hime e Olívia que moravam por lá. Era muito amigo da Vera Hime, irmã do Francis e inclusive, viajei com dinheiro emprestado por Frank Hime, seu pai.

    Fui parar em Tarzana, LA, perto de onde morava o Francis e em frente a casa de Sérgio Mendes. Na época eram todos músicos amigos em Los Angeles. A música brasileira começava a se definir nos Estados Unidos e Sérgio Mendes protagonizava. Visitei sua casa, aliás, uma enorme casa onde Sérgio estava construindo um estúdio. O curioso é que o marceneiro chefe era nada mais nada menos que o ator Harrison Ford, antes da fama. Sérgio comentou que um rapaz talentoso que queria ser ator estava construindo seu estúdio. Não encontrei o Harrison e nos anos seguintes lamentei isso não ter acontecido.

    Na casa de Sérgio encontrei Oscar Castro Neves, Laurindo de Almeida e todos que moravam por ali tentando viver da música brasileira. Na cidade também morava Antônio Adolfo. Voltamos de avião de San Francisco e ficamos amigos.

    Uma vez, para saborear mais a história de Sérgio Mendes fomos comer num restaurante francês. Sérgio dirigiu até o restaurante seu Rolls- Royce, símbolo do sucesso que fazia. Comemos javali com molho escuro e eu, estreante na caça, adorei. Sérgio falava sobre as diversas maneiras de fazer javali. Passei alguns dias em Los Angeles, desenhando para a Ramparts e curtindo aquela amizade recente..

    Encontrei Sérgio só mais uma vez, mas suas gravações fizeram parte da minha vida e hoje estão na minha memória musical. Seu disco com o Black Eyed Peas é um marco. Em tempo, paguei ao Frank Hime o empréstimo que fiz para conhecer Sérgio Mendes.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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