Moro mostra que hacker é seu alter ego vestido de tirolesa
"Tornou-se público que Moro mandou uma mensagem de áudio à turma do MBL desculpando-se por ter 'supostamente' chamado seus integrantes de “tontos” em 2016. Ao fazer isso, Moro assumiu os áudios como verdadeiros – não todos, é verdade, mas deu um tremendo voto de confiança ao The Intercept", escreve o colunista Ricardo Miranda
Sérgio Moro, o juiz que virou suco de ministro, deu o maior selo de autenticidade e aval de legitimidade aos diálogos obtidos e divulgados peloThe Intercept – e que, ao mostrar seu conluio com o Ministério Público para capturar e enjaular Lula sustentam sua inépcia para permanecer no cargo e a ilegitimidade da prisão do ex-presidente. Na CCJ, e em seus posicionamentos públicos e nas redes sociais, Moro vem sendo dúbio, tática dos canalhas. Ao mesmo tempo em que classifica os diálogos como “duvidosos” ou apela para a falta de memória, reafirma-os como “aceitáveis” naquelas circunstâncias. Só que agora Moro se estrepou, e de forma infantil, com os igualmente espinhentos membros do MBL (Movimento Brasil Livre), que tem entre seus ícones o deputado federal Kim Kataguiri e o vereador Fernando Holiday, os caras que criaram um movimento a partir de absoluta falta de ideias.
Tornou-se público que Moro mandou uma mensagem de áudio à turma do MBL desculpando-se por ter “supostamente” chamado seus integrantes de “tontos” em 2016. Ao fazer isso, Moro assumiu os áudios como verdadeiros – não todos, é verdade, mas deu um tremendo voto de confiança ao The Intercept. E o fez por vaidade, por não querer se indispor com o movimento que sempre o apoiou em sua luta contra o PT e Lula.
A gravação foi divulgada no canal do Youtube do deputado estadual Arthur Mamãe Falei, que também é do MBL (ouça). No episódio, o então juiz federal diz que “alguns tontos” do MBL estavam fazendo protestos em frente ao condomínio do ministro do STF, Teori Zavascki, morto em 2017. “Isso não ajuda”, teria dito Moro. No áudio enviado ao movimento, Moro diz que estava passando por “momento tenso” devido à divulgação de interceptação telefônica do ex-presidente Lula, na qual a então presidente Dilma Rousseff dizia estar enviando um termo de posse para nomeá-lo ministro da Casa Civil “em caso de necessidade”.
“Aquilo lá eu fiz com convicção na absoluta correção, mas gerou toda uma pressão, foi um período complicado. E achei que esse protesto na época era um tanto quanto inconveniente. O ministro Teori Zavascki era boa gente, pessoa séria, e a realização daquele protesto poderia gerar uma animosidade contra o Supremo, contra a 13ª Vara, o que não era desejado”, disse. O termo consta em reportagem publicada pelo The Intercept e pela Folha de S. Paulo, na estreia de sua parceria.
“Não sei se usei mesmo esse termo, se é autêntico, pode ter sido adulterado, mas queria pedir minhas escusas, se eventualmente utilizei, porque sempre respeitei o MBL pelo apoio à Lava Jato. Sempre tem o meu respeito e sempre terão”, diz Moro, numa atitude quase paranoica. Começo a desconfiar desse hacker. Acho que ele é o alter ego de Moro, talvez sem toga, vestido de tirolesa. Só ele não percebeu isso ainda.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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