Moscow Music Peace Festival, festejando o desastre
Que o acontecimento foi criado e articulado pelos EUA como uma das armas para a demolição da URSS não há dúvidas. Porém, uma nova informação chegou recentemente
Se você acha que os EUA utilizam, apenas contra os países latino americanos, a tática de acusá-los de tráfico e consumo de drogas para justificarem uma intervenção militar e cultural nesses territórios, saiba que isso também foi praticado no processo de destruição da antiga União Soviética, no século passado.
Anteriormente, o processo de demolição do regime, feito por dentro, a partir das ações do agente ocidental quinta coluna, Mikhail Gorbatchov, com seus programas conhecidos como Glasnost e Perestroika, durante a segunda metade da década de 80, desencadeando uma imensa crise, que foi propagado pelo imperialismo como o início do regime democrático no leste europeu, mas que na década seguinte, todos viram no que realmente resultariam: fome, diminuição da população, surgimento de gangues e oligarcas, etc.
No plano cultural e artístico, o movimento estadunidense que já atuava durante a Guerra Fria, instrumentalizando o rock como arma de guerra, para estimular na mente dos soviéticos a noção de que o sistema politico daquela região era um verdadeiro censor, tendo como “prova”, a proibição da música do Tio Sam (na verdade um erro crasso de Stalin e continuada por seus sucessores de associar a cultura ocidental ao individualismo, algo que segundo o Partido, poderia inviabilizar o conceito de coletividade do comunismo, mas foi aproveitado pela CIA para criar a imagem de “ditadura” nos países onde havia o modelo de bem estar social). Mas talvez o ponto máximo tenha sido o Moscow Music Peace Festival.
Criado com o subterfúgio de combate ao tráfico e uso de drogas em terras eslavas, esse festival, que ocorreu no ano de 1989 (meses antes da queda do muro de Berlin), foi organizado por dois indivíduos interessantes: Doc Mcghee, empresário das bandas que participaram do festival e... traficante de drogas (!), e Stas Namin, músico, compositor, ator e um dos precursores do rock russo, que se tornou um personagem muito valioso para a politica do Ocidente, no tema da repressão artística e liberdade de expressão, citado acima com relação ao erro do regime em reprimir a cultura norte americana. (Stas era um apreciador da cultura norte americana, logo... era “perseguido”). Não havia pessoas melhores para serem as fachadas na produção do evento.
Com mais de 100 mil pessoas no antigo Estádio Central Lenin, apelidado como “Woodstock Russo”, o espetáculo foi um show no palco... e nos bastidores. O que se poderia esperar de um projeto musical voltado ao combate às drogas, produzido por um traficante e seu casting de artistas composto por viciados em drogas e álcool?
Segundo relatos dos próprios músicos, houve diversas brigas por detrás das cortinas, já que Mcghee era empresário da maioria das bandas presentes, e rolou o famoso ataque de egos entre eles, com supostas preferências e benefícios para umas bandas, em detrimento das outras, gerando desconfortos. O consumo de drogas, obviamente, se fez presente, apesar da mensagem central do evento, promovido pela “Make a Difference Foundation”.
Que esse acontecimento foi criado e articulado pelos EUA, como uma das armas para a demolição da URSS, não há dúvidas. Pra quem estuda política e geopolítica, é até clichê nos dias de hoje esse tipo de iniciativa. Porém, uma nova informação nos chegou recentemente, no podcast “Wind of Change”, disponível na plataforma Spotify, que sugeriu que a canção, lançada um ano depois, inspirada no festival, “Wind Of Change” da banda alemã, Scorpions, foi na verdade composta pela CIA, como uma continuação do ataque pela via cultural e de entretenimento, para a destruição do regime. Claro que isso foi negado veementemente pela banda. Mas quem tem olhos, conseguem ver com nitidez.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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