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    Renato Farac

    Engenheiro Florestal formado pela Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" (ESALQ/USP). Membro do Comitê Central Nacional do Partido da Causa Operária (PCO)

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    MST elabora Plano Emergencial, agora é hora de ir às ruas

    O MST elaborou um plano emergencial da reforma agrária para enfrentar a crise. Agora para colocá-lo em prática é preciso ir às ruas

    MST (Foto: MST)

    No início de junho, o Movimento dos Trabalhadores Sem-terra (MST) lançou um Plano Emergencial de Reforma Agrária Popular com diversos pontos para os trabalhadores da cidade e do campo para enfrentar a crise econômica e sanitária em consequência da pandemia de coronavírus e agravada pelo governo Bolsonaro.

    O Plano Emergencial é dividido em quatro eixos: “Terra e Trabalho; Produção de alimentos saudáveis; Proteger a natureza, a água e a biodiversidade; e Condições de vida digna no campo para todo povo”.

    O próprio MST realizou um levantamento que 729 empresas/famílias devedoras da União que devem mais de R$ 200 bilhões, somando 6 milhões de hectares de terras nas mãos desses latifundiários. A proposta é de que esses milhões de hectares sejam utilizados para a reforma agrária.

    São várias propostas, mas somente essa já teria um grande impacto e enfrentaria grandes dificuldades da direita e dos latifundiários. Este artigo não tem como objetivo debater a proposta apresentada pelos companheiros do MST, mas com a proposta pronta qual seria o método para colocá-lo em prática.

    Essa proposta do MST de saída política e econômica para a crise instalada no país vai bater de frente com o setor mais atrasado da economia brasileira, os latifundiários. Os latifundiários ajudaram o golpe em 2016, a perseguição ao PT e a prisão de Lula. E dominam o Congresso Nacional através da bancada ruralista.

    A principal divergência da esquerda é como enfrentar o governo Bolsonaro, ainda mais no período de pandemia. Já havia uma decisão da esquerda de não enfrentar com o governo Bolsonaro porque não havia condições e aderir a política da resistência. Essa política só levou a sucessivas derrotas e agora a política de não sair as ruas está sendo apresentada como um empecilho para enfrentar Bolsonaro.

    Para colocar o plano emergencial em prática é preciso ir às ruas

    É evidente que dentro das instituições não há condições de enfrentar Bolsonaro. O Congresso Nacional está dominado pelos bolsonaristas e pela direita chamada de “centrão” que apesar de divergências pontuais com Bolsonaro, concorda em toda a sua política de ataques aos trabalhadores, pois está aprovando praticamente tudo.

    Dentro desse congresso e através de conchavos políticos, o Plano Emergencial proposto não vai sair do papel. Dentro do judiciário, STF e outras instituições também não estão favoráveis aos trabalhadores da cidade e do campo.

    A única saída para a esquerda, em especial para o MST, é sair as ruas. O MST já está realizando algumas ações solidárias entra a população pobre e trabalhadora, mas é preciso dar mais um passo a frente na luta contra a direita e o governo Bolsonaro.

    Poucos trabalhadores conseguiram ficar em quarentena e mesmo assim governadores já decidiram que não haverá mais quarentena. Fato que vai agravar ainda mais a situação dos trabalhadores.

    Está na hora de se aproveitar da crise dentro dos golpistas e ir as ruas para derrubar Bolsonaro e todos os golpistas. Nas últimas semanas foi demonstrado que existe uma tendência de mobilização nas ruas da população e para garantir que as reivindicações do MST sejam atendidas é preciso mobilizar os trabalhadores para enfrentar Bolsonaro.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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