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    Matheus Brum

    Mineiro de Juiz de Fora, jornalista e escritor

    40 artigos

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    Muita hora nesta calma

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    Olá, companheiros e companheiras. Como vão? Começo este texto com uma simples anedota de um ditado popular muito conhecido por nós. A escolha é simples: pode parecer que não, mas 2022 está muito longe, apesar de ser ano que vem. 

    A reviravolta política brasileira com a anulação das condenações do ex-presidente Lula muda, completamente, o tabuleiro político. Entretanto, não podemos ser ingênuos, a batalha não está vencida e nem perto disso. Muita água irá rolar por baixo desta ponte até as próximas eleições. 

    O pedido de vista do Ministro do STF Nunes Marques adia a decisão sobre a suspeição do ex-juiz Sérgio Moro na condução dos processos contra o petista. Neste meio-tempo é esperado uma série de ataques contra Lula e o PT por parte do Gabinete do Ódio e toda a estrutura, bancada por não sabemos quem, que espalha desinformação pelas redes sociais. 

    Também é esperada uma mudança de discurso dos possíveis adversários. Depois de tanto atacar, Ciro Gomes moderou o discurso e expôs nas redes sociais que há tempos defendia a anulação dos julgamentos; o PSB, que afirmava a todo o tempo que não queria o PT em 22, começa a repensar a postura; presidenciáveis, como João Dória e Luciano Huck, que sempre atacam o ex-presidente também mantiveram uma postura mais neutra, ao fazer críticas moderadas; até mesmo Jair Bolsonaro manteve uma tom mais ameno ao comentar a decisão do STF, e o presidente da Câmara fez um aceno positivo ao direito de um julgamento justo para Lula. 

    Vale lembrar que a ida dos processos para a Vara Federal do Distrito Federal também pode mudar os rumos políticos do Brasil. Não sabemos se os quatro processos irão para o mesmo juiz, ou se serão distribuídos. Aliás, não sabemos nem qual magistrado será responsável por analisar os casos. A decisão de Fachon abre brechas para aproveitar todo o material colhido nos inquéritos. Com o histórico de rapidez do Judiciário em casos envolvendo o petista é bom ficar atento com todo o processo. 

    Diante de todo este histórico, remeto ao título do texto. Temos muitas horas e precisamos de calmaria. Há muitas pessoas emocionadas com a decisão. Até mesmo pesquisas de intenção de voto já foram feitas e colocam Lula à frente de Bolsonaro num eventual segundo turno. É claro que o fator emocional, da novidade, entra em campo. Sinceramente, não dá para considerar factível qualquer pesquisa neste momento. 

    É necessário esperar qual será a postura do Governo Federal, extremamente criticado pela má gestão da pandemia, dificuldade com a economia, falta de programas de auxílio e de investimentos em infraestrutura. Qual projeto – se é que teremos um – que Bolsonaro colocará para funcionar? E qual será a sua plataforma para reeleição? Esta última pergunta também se remete a Lula, caso seja candidato. Haverá uma aliança com setores empresariais? Ou costurará um acordo apenas com os partidos de centro-esquerda?

    E, claro, é bom lembrar das Forças Armadas que, ao contrário do que determina a Constituição, gosta de colocar o bedelho onde não são chamadas. Basta lembrar o tweet de 2018. Também, obviamente, não podemos esquecer do “grande acordo nacional, com Supremo, com tudo” e do papel da imprensa no caos institucional brasileiro. A “escolha muito difícil” virá travestida de “dois extremos”, para tentar emplacar algum candidato de centro-direita. 

    Isso tudo para dizer, tenhamos calma! No cenário atual da política brasileira qualquer projeção é um “tiro no escuro”. Tudo muda de uma hora para outra. O momento é de comemorar e ter esperança. Mas é preciso ter a âncora próxima ao solo para evitar que os sonhos sejam altos demais e se transformem em pesadelos. 

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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