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    Marcia Carmo

    Jornalista e correspondente do Brasil 247 na Argentina. Mestra em Estudos Latino-Americanos (Unsam, de Buenos Aires), autora do livro ‘América do Sul’ (editora DBA).

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    Mujica foi decisivo para retorno da esquerda à Presidência do Uruguai

    "Logo após a confirmação do resultado, uma multidão saiu às ruas de Montevidéu, carregando bandeiras do país e gritando: 'Uruguai', 'Orsi' e 'Pepe'", diz Carmo

    Mujica (Foto: Ricardo Stuckert )

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    O presidente eleito do Uruguai, Yamandú Orsi, de 57 anos, contou com o apoio decisivo do ex-presidente José ‘Pepe’ Mujica para vencer o segundo turno da eleição deste domingo (24). Logo após a confirmação do resultado, uma multidão saiu às ruas de Montevidéu, carregando bandeiras do país e gritando: “Uruguai”, “Orsi” e “Pepe”.

    Mujica, de 89 anos, foi um dos primeiros a chegar para votar na manhã deste domingo, no segundo turno da eleição presidencial. E foi quem fez o discurso que levou os uruguaios às lágrimas, há um mês, no dia 22 de outubro. “Estou lutando contra a morte. Mas eu tinha que vir aqui hoje (no palanque de Orsi). E estou feliz porque quando meus braços não se levantem mais, haverá milhares de braços continuando nesta luta”, disse Mujica.

    O ex-professor de história, criado na zona rural do país, ele foi prefeito de Canelones, a segunda maior cidade do Uruguai, depois da capital, Montevidéu. E entrou no radar de Mujica há cerca de trinta anos, quando passou a se interessar pela política e passou a integrar o Movimento de Participação Popular (MPP), liderado pelo ex-presidente. Orsi, admirador do ex-presidente, é um defensor da justiça social, da educação pública, da geração de empregos, principalmente para os jovens, e da maior segurança pública para os uruguaios.

    Neste país de cerca de 3,4 milhões de habitantes, onde o voto é obrigatório e não se pode votar no exterior, muitos viajaram para a terra natal somente para a jornada de eleição. Um dos primeiros a reconhecer a vitória de Orsi foi o atual presidente do país, Lacalle Pou. Ele passará a faixa presidencial para o político da Frente Ampla em março de 2025. O país estará completando 40 anos de retorno à democracia.

    Ex-guerrilheiro, preso numa solitária na ditadura militar (1973-1985), Mujica já foi tema de uma série de livros e de filmes. E, naquele palanque, há um mês, ao lado de Orsi, lembrou que os apoiadores da justiça social no país não pararam de crescer desde aqueles anos dominados pelos ditadores. Para Mujica, Orsi o representa. A Frente Ampla governou o Uruguai durante quinze anos e retornará à Presidência após o intervalo de cinco anos de gestão de Lacalle Pou. No ‘paisito’, como os uruguaios chamam carinhosamente o próprio país, o diálogo entre os políticos de diferentes linhas ideológicas é costumeiro. A transição deve ser sem sustos. E observada por Mujica. Na entrevista exclusiva que concedeu ao Brasil 247, em sua casa (e que continua disponível no canal no Youtube), nos arredores de Montevidéu, ele disse que a justiça social e a juventude devem ser prioridades. Orsi promete seguir suas recomendações.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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