Música e futebol: a Copa das Copas é nossa
Parafraseando o filósofo artilheiro Dario Maravilha, ouso dizer que não existe música feia, feio é não gostar de música
O centroavante Dario Maravilha - do alto de seus 926 gols - já disse "que não existe gol feio, feio é não fazer gol". Parafraseando o filósofo artilheiro ouso dizer que não existe música feia, feio é não gostar de música. Ainda mais no Brasil, país onde todo mundo sabe cantar – pelo menos é o que dizem os que não sabem cantar. Quando se junta música e futebol, então, somos campeões do mundo.
Com a 'elite branca' predominando nos estádios da Copa parece que houve uma crise de criatividade em uma torcida mais acostumada aos hits chicletes das micaretas do que a ter ouvidos e sensibilidades apurados para entender versos como 'pintura mais fundamental que um chute a gol... e a emoção da ideia quando ginga' da magistral 'Futebol', canção em que Chico Buarque imortalizou em verso e melodia seu ataque dos sonhos: Garrincha, Didi, Pagão, Pelé e Canhoteiro.
O certo é que desde que Noel Rosa pedia ao garçom para perguntar ao freguês do lado "qual foi o resultado do futebol", passando pelo garoto Chico que saía com a namorada, mas não largava o radinho que contava a vitória do seu tricolor - e chegando a penca de músicas que já homenageiam o ainda menino Neymar - o que importa, deixando gostos e preferências pessoais de lado, é seguir o que recomendou Vinícius de Morais e enaltecer que 'no entanto é preciso cantar, mais que nunca é preciso cantar e alegrar a cidade".
E nessa página feliz de nossa história - o casamento entre música e futebol - um dos capítulos mais nobres é a obra de Carlinhos Vergueiro, esse grande compositor paulista/carioca parceiro de Paulo Vanzolini, Toquinho, Vinícius de Moraes, Chico Buarque, Jota Petrolino, Paulinho Pinheiro, Paulo Cesar Feital, Elton Medeiros, João Nogueira, Paulinho da Viola, Nelson e Adoniran – só pra listar onze titulares nessa seleção dos sonhos.
Carlinhos, em parceria com Toquinho, é autor de uma música sobre futebol cujo refrão virou bordão de locutores e domínio público. Trata-se do verso 'fique de olho no apito' retirada de 'Camisa Molhada', canção esta que tem o mais bonito verso da MPB sobre futebol, o que melhor retrata a paixão dos boleiros – profissionais ou amadores, em campos de terra ou de grama – pela prática desse antigo e violento esporte bretão: "A Camisa Molhada no Peito Abraçada é Seu Único Amor". Quem já jogou bola sabe o que é isso.
Jogador de futebol nas horas vagas e nas ocupadas – quem o viu jogar garante que ele é um velocista como Robben, tem a visão de jogo de Pirlo, o faro de gol do Ronaldo Fenômeno e a precisão de Messi nos chutes a gol – Carlinhos tem no futebol uma de suas inspirações. São muitas as canções envolvendo o tema, algumas delas selecionadas no CD "Contra Ataque", ainda em catálogo nas boas casas do ramo.
Neste antológico CD o tricolor - no Rio e em São Paulo - Carlinhos Vergueiro não se furtou a provar o poeta que é e compôs um belo hino chamado 'Nação Corínthians', uma emocionante homenagem a Fiel torcida. Também homenageia Zico, Raí e Romário em memoráveis canções. Ele imortaliza em versos o Galinho de Quintino, emoldura em rimas o chute de Raí contra o Barcelona pelo Mundial de Clubes vencido pelo São Paulo em 92 e define o hoje Deputado e sempre artilheiro Romário como 'romântico, poeta, verdadeiro... um rei, um raio, um astro brasileiro'. Vale ouvir e guardar – no ipod, na rádio cabeça e no coração.
Mas o ponto alto de Carlinhos na sua mistura música futebol é a antológica 'Linhas de Prazer'. Nela Carlinhos fala/canta seus grandes ataques, chamando-os de 'linhas plenas de magia'. É o que de melhor o Brasil já produziu em times e seleções. Ele canta a linha de prazer do Botafogo de Garrincha, Didi, Quarentinha, Amarildo e Zagallo; passa pelo seu São Paulo quando tinha Maurinho, Amauri, Gino, Zizinho, Canhoteiro e chega na mais que linha do prazer do Brasil campeão de 70: Jairizinho, Gérson, Tostão, Pelé, Rivellino.
Vale conferir, entre um e outro chopp, entre um e outro terço, entre uma e outra unha a ser roída na boa ansiedade dessa Copa das Copas. É pura inspiração para aguardar a Alemanha e se preparar para encarar a Argentina ou a Holanda domingo no Maraca.
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